
Por que razão os diferentes jornais conseguem ver coisas tão diferentes e até opostas no discurso do Santo Padre?
Um texto de 200 páginas, para quem já o leu, deveria chegar para esclarecer todas as dúvidas morais, doutrinárias e pastorais que se levantaram desde o início dos trabalhos sinodais. Todos conhecemos bons padres que o fariam bem em menos de uma página, e tenho a certeza de que, mais ou menos satisfeitos, todos sairiam esclarecidos. Aliás, relativamente às perguntas mais controversas que circulam nos jornais, um “sim” ou um “não” seriam suficientes, podendo acrescentar-se algumas referências ao catecismo ou à Sagrada Escritura, nas páginas seguintes.
À primeira vista, parece-nos que, mais do que encerrar o debate entre a Verdade e as doutrinas diabólicas que se foram introduzindo nos trabalhos sinodais, o dia de hoje deixou várias questões em aberto e a certeza de mais angústia para os próximos tempos. Por um lado, a angústia daqueles que temem a destruição da Igreja através da introdução de exotismos anti-cristãos na doutrina e na pastoral e, por outro, a angústia daqueles que, encontrando-se em situações gravemente pecaminosas, continuarão a alimentar uma vã esperança de aprovação (ou pelo menos aceitação) da sua condição irregular, sem necessitarem de mudar de vida. No caso concreto do acesso à comunhão por parte dos divorciados, não foi ainda dada uma resposta suficientemente esclarecedora e definitiva.
D. Manuel Clemente, em conferência de imprensa no Patriarcado de Lisboa, declarou que “o Papa, em termos de decisão, não quer expressamente adiantar novidades”.
Sublinhou ainda que o documento “vai exigir muita aplicação pastoral”, repetindo que “o papa não quer adiantar novidades”. Com efeito, todas as angústias daqueles que anseiam ou temem o pior terão mesmo continuar futuramente, sendo agora transferidas para o plano pastoral.
Resumindo, a exortação foi publicada, apresentada e explicada, mas o calvário da incerteza irá continuar enquanto Deus o permitir.
Ainda bem que o líder da Igreja Portuguesa, ao fim de “quatro ou cinco horas” a estudar o documento (!), compreendeu-o como uma reafirmação da doutrina de sempre, e de certeza que não terá sido o único, graças a Deus. Mas será que todos os outros bispos do mundo o entenderam dessa forma? Amanhã ou depois veremos…
Basto 4/2016
Obrigado por ter visitado o meu blog e deixado um comentário.
A propósito da “Exortação da abominação”, compreendo muito bem angústia que sente e compartilhei-a durante os passados 985 dias – curiosamente até ontem, dia da publicação da exortação.
Eles não vão conseguir destruir a Igreja porque Jesus assim o prometeu, mas farão (e tem feito) muitos estragos.
Muitos, a coberto desta exortação, vão “comer e beber a sua própria condenação”.
A nós cabe-nos cumprir a vontade de Deus nas nossas vidas. Não precisamos desta exortação para saber o que é o bem e o que é o mal – temos as Sagradas Escrituras, a Tradição e o Magistério dos anteriores 265 Papas. Não precisamos da Exortação para saber que não devemos viver em pecado, nem aproximar-nos da comunhão em pecado mortal. Não precisamos da Exortação para saber que Deus quer que nós demos a vida pelas nossas famílias.
Portanto, a minha Exortação apostólica é a seguinte: oração, penitência, reparação, boas obras, apostolado (especialmente junto daqueles que Deus colocou nas nossas vidas) e, sobretudo, Fé.
Deus é o Senhor da História e a sua Providência nos concederá abundantemente tudo aquilo de que necessitamos para viver de acordo com a sua vontade até ao nosso último suspiro.
Como diz um blogger espanhol (citando um dos Santos): Santidade ou Morte.
Obrigado João, da minha parte, pode contar com visitas diárias ao seu blogue. É uma raridade nacional, apesar de postar em Inglês. O nosso país, como o mundo em geral, anda completamente cego de fascínio com todo este circo que agora vivemos.
Não quero desanimá-lo, mas estou profundamente convicto de que isto ainda vai piorar muito, mas mesmo muito mais, antes de melhorar. Oxalá eu esteja enganado. Abraço.
Infelizmente, o Cardeal-Patriarca nao comentou a infame nota 351, que diz expressamente que os divorciados poderão receber os sacramentos.
Caro JB, temos de admitir que não deve ser fácil digerir uma resma de texto como aquela só de uma assentada. Depois, e apesar de possuir um conhecimento bastante curto acerca de D. Manuel Clemente, parece-me uma pessoa muito apaziguadora, contida e prudente, embora assertiva. Não me parece possuir aquele tipo de perfil capaz de gerar ondas como, por exemplo, os cardeais Burke, Sarah, Schneider ou ainda os polacos. Penso que a opinião chave deverá vir do Cardeal Muller, quando este disser alguma coisa, uma vez que é ele o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Agora, aqui entre nós, se calhar o ponto 301 tem muito que se lhe diga…