
No domingo de ontem, dia 22 de maio, celebrou-se a Solenidade da Santíssima Trindade. Neste dia, a Igreja convida os fiéis a refletirem sobre um dos mais profundos mistérios da nossa Fé, que é o Mistério de Deus, Uno e Trino. Motivo de escárnio para os infiéis, indiferença para os insensatos e único caminho de salvação para os Cristãos.

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos os Preciosíssimos Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.
(oração ensinada pelo Anjo de Fátima, II Memória da Ir. Lúcia, 1937)
Jesus Cristo, antes de partir para junto do Pai, enviou os seus discípulos a anunciar a Salvação a todas as nações e povos, batizando-os em nome da Santíssima Trindade.
Missão Universal da Igreja:
Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam. Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» (Mt 28, 16-20)
O Papa Francisco e o Islão
O Papa Francisco voltou a dar uma entrevista controversa, e desta vez até foi fora do avião. Aconteceu no dia 19 de maio, com o jornal francês La Croix. A controvérsia partiu do facto de o Papa Francisco ter comparado o jihadismo islâmico à missão universal da Igreja. Precisamente o mesmo Papa que, sem apontar o dedo especificamente a alguém, não para de se queixar dos fundamentalistas existentes dentro da Igreja Católica.
La Croix: O medo de aceitar migrantes é parcialmente baseado no medo ao Islão. Na sua opinião, o receio de que esta religião se expanda na Europa é justificado?
Papa Francisco: Hoje em dia, não creio que exista um receio do Islão enquanto tal, mas antes do ISIS [organização terrorista islamita também conhecida como “Estado Islâmico”] e da sua guerra de conquista, em parte, proveniente do Islão. É verdade que a ideia de conquista é inerente à alma do Islão. Contudo, é também possível interpretar com a mesma ideia de conquista o objetivo do evangelho de Mateus, onde Jesus envia os seus discípulos a todas as nações.
(in La Croix, 19/05/2016)
Pormenores da Fé à parte, já que eles se tornaram menos relevantes para o papado nestes dias, o Santo Padre mostra-se muito otimista com o aumento do fluxo migratório em direção à Europa. Entre outras vantagens, vê nisso uma solução para aumentar a natalidade no velho continente e assim resolver o problema do envelhecimento demográfico. Apesar de parecer uma solução estranha, principalmente quando apresentada pelo líder da Igreja Católica, ela não é nova. Aliás, alguns clérigos islamitas mais radicais pregam, nas suas mesquitas, precisamente a sua disponibilidade para inverter os baixos índices de fecundidade europeus. Estamos portanto perante uma espécie de pragmatismo ecuménico, como dirão alguns…
Hoje em dia podemos falar de uma invasão árabe. É um facto social.
(Papa Francisco ao L’Osservatore Romano in TVI24, 05/03/2016)
Apesar da incompatibilidade entre o Cristianismo e o Maometismo registada ao longo de 14 séculos, traduzida muitas vezes em guerras violentas e choques civilizacionais, o Papa Francisco tem feito, desde o início do seu pontificado, todos os esforços para aproximar – para não dizer misturar – os dois mundos. Entre outras iniciativas, para além de ser um dos maiores impulsionadores do êxodo árabe em direção às praias europeias, aconselha vivamente a procura de esperança na leitura do Corão – ou na Bíblia, como se fosse tudo a mesma coisa -, visitou e orou em mesquitas, do mesmo modo que promoveu a oração islâmica dentro do próprio Vaticano.

Mas o maior de todos os esforços foi, sem margem de dúvida, a inclusão de muçulmanos e muçulmanas no ritual do Lava-pés da cerimónia da Quinta-feira Santa, a mais importante missa do ano onde se celebra a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Tradicionalmente, este ritual simbólico era restrito apenas a varões cristãos, constituindo, mais do que um gesto de humildade, a memória da instituição do sacerdócio ministerial. Com aquele gesto, Jesus Cristo ordenou os discípulos, entregando-lhes formalmente o legado de continuar a Sua própria missão pastoral.
Nesta altura, é ainda difícil de perceber completamente a reação do mundo islâmico a todos estes avanços do Bispo de Roma, no entanto, do lado tradicionalmente cristão, a avaliar pelos extraordinários índices de popularidade papal, tudo isto tem sido um enorme sucesso.
Imaculada Conceição de Balsamão
No domingo anterior, dia 15 de maio, celebrou-se discretamente, sem foguetes, sem bandas, sem carroceis e sem outras pimbalhadas, a festa em honra da Imaculada Conceição de Balsamão ou, como é localmente conhecida, Nª Sª de Balsamão. Estiveram presentes apenas as pessoas que queriam estar, mais aquelas que lá foram parar sem saber ao que iam. No final da Eucaristia, as pessoas encarreiraram-se em direção ao presbitério de onde o sr. Padre lhes aplicou o bálsamo na testa, em forma de cruz, conforme manda a tradição.

A capela em honra da Imaculada Conceição de Maria é o elemento central do Convento de Balsamão, localizado numa pequena elevação orográfica, junto à pequena localidade de Chacim, por trás da Serra de Bornes, no concelho transmontano de Macedo de Cavaleiros.
A definição dogmática da Imaculada Conceição de Maria é um facto histórico relativamente recente, contudo, a origem da devoção à Nª Sª de Balsamão perde-se no tempo. Provavelmente existiram outras estátuas da Virgem anteriores à atual.
Os seus devotos acreditam que, em tempos antigos, ela terá aparecido por ali com o “bálsamo na mão” – de onde deriva etimologicamente a sua designação – para curar as feridas dos cristãos que sofreram os horrores provocados pela invasão muçulmana, decorrente da expansão do Califado de Córdoba. De acordo com esta crença, Chacim corresponderia ao lugar onde ocorrera a “chacina”, algures entre os séc. IX e X da nossa era.
Esperemos não voltar a necessitar do bálsamo de Nossa Senhora para curar o mesmo tipo de feridas no território que hoje é Portugal.
O atual Convento de Balsamão pertence à Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. É na capela de Nª Sª de Balsamão que se encontra sepultado o venerável Frei Casimiro Wyszynki, principal responsável pela introdução, em 1754, desta ordem de origem polaca em Portugal.
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Basto 5/2016
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