De todas as frases proferidas pelo Papa Francisco durante três anos e tal de pontificado, aquela que, provavelmente, teve mais consequências negativas foi esta, por várias razões.
Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?
(Papa Francisco in El País, 29/07/2013)
- Esta insidiosa frase, apesar de parecer cristã e verdadeira, não o é, antes pelo contrário. Para o ser, necessitaria de ser completada com algo semelhante a “Vai e de agora em diante não tornes a pecar.” (Jo 8, 11). Uma meia verdade é uma meia mentira, uma meia mentira é uma mentira.
- Foi transformada em slogan gay, frequentemente utilizado para atacar a Igreja Católica, a sua infalível doutrina e a moral familiar instituída.
- A utilização do termo “gay”, em vez de “pessoa com tendências homossexuais”, pressupõe, à partida, um determinado modo de vida, uma ideologia, um lobby (o tal único pecado a evitar na homossexualidade).
- Serve para tudo, sendo frequentemente utilizada noutros contextos que não têm nada a ver, desde que seja para contestar o magistério da Igreja.
- A função de um padre nunca foi a de julgar alguém que se encontra em situação de pecado, mas antes a de indicar o caminho para que essa pessoa possa evitar ser julgamento final e a condenação. Nós não somos ninguém para julgar, mas a Palavra de Deus é soberana e julga por si só os nossos comportamentos.
- Como nunca chegou a haver uma correção, extensão ou melhoramento da frase, ela funcionou como um veneno diabólico presente na sociedade durante três anos. A partir dela, muitos homossexuais passaram a acreditar que não necessitam de corrigir o seu comportamento. A partir dela, grupos pseudocatólicos criaram movimentos pastorais com base nesse chavão ideológico.
Por exemplo, na diocese de Boston, nos EUA, hoje prega-se abertamente a homopastoral em várias igrejas sinalizadas, onde se celebra a dignity mass (missa de dignidade/missa LGBT). Nessa diocese, já não se estranha a presença de uma tenda de frades franciscanos da ordem Franciscan Friars of Holy Name Province, especialistas em “misericórdia” LGBT, fazendo propaganda à pastoral do Arco-íris.

E agora, chegados a 2016, o que mudou?
“A Igreja pede perdão aos gays e não apenas a eles”.
“Eu disse na minha primeira viagem e repito, aliás repito o Catecismo da Igreja Católica – disse o Papa -: os homossexuais não devem ser discriminados, devem ser respeitados, acompanhados pastoralmente. Pode-se condenar qualquer manifestação ofensiva aos outros, mas o problema é que, com uma pessoa com aquela condição, que tem boa vontade e que busca a Deus, quem somos nós para julgar? Devemos fazer um bom acompanhamento – acrescentou – é o que diz o Catecismo. Então, em alguns países e tradições, existe outra mentalidade, alguns que tem uma visão diferente sobre este problema”.
(Papa Francisco, in La Repubblica, 26/06/2016 – tradução Fratres in Unum)
Não terá o Santo Padre esquecido, outra vez, a parte mais importante? Aquela parte da necessidade de libertação do pecado para aceder à verdadeira Misericórdia de Deus.
Esta ideia de “pedir perdão aos gays” foi um apoio claro aos recentes avanços homopastorais do Cardeal Marx, outro influente clérigo próximo de Francisco e membro do G8.
Que Deus nos acuda!
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Basto 6/2016
O catecismo no parágrafo 675 pode nos orientar a respeito da época em que estamos vivendo.
É isto aqui Erenaldo:
“675. Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra (640), porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudomessianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado (641).”
http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap2_422-682_po.html
Devemos estar preparados porque tudo isto vai piorar até um nível nunca visto na história da Igreja. Essa é uma certeza da nossa Fé, mas vem acompanhada de outra, seguindo a leitura do parágrafo 677 do mesmo catecismo. A Igreja terá mesmo de passar por esta provação final para poder triunfar.