A Alegria do Amor no Japão

O Japão, uma das sociedades mais desenvolvidas do mundo, parece ter descoberto a “nova misericórdia”, aquela que prescinde de arrependimento e contrição, muitos anos antes do pontificado de Francisco. Num artigo publicado no jornal Periodista Digital, o jesuíta Juan Masiá mostra-nos que os bispos nipónicos, na carta pastoral publicada em 2001 já diziam o seguinte:

Quando, depois de lamentar um divórcio, se produz o encontro com um novo parceiro, a Igreja deve estar perto e acolhedora para apoiar os cônjuges que empreenderam um novo caminho para reconstruir suas vidas. A igreja, que os acompanhou com o coração de mãe durante o curso de preparação para o matrimónio, deseja continuar a acompanhá-los no novo caminho e estar próxima para consultar os seus sofrimentos e ansiedades. É missão da Igreja proporcionar nova luz e esperança, acolhendo qualquer pessoa, sem excluí-lo, seja qual for o seu passado “.

(in carta pastoral dos bispos japoneses, traduzido de Periodista Digital, 14/03/2017)

Teria porventura o país do sol nascente recebido as “surpresas do Espírito Santo” mais cedo do que os ocidentais? Duvidamos que sua majestade D. Henrique VIII pudesse concordar com tal hipótese!

alegria.do.amor.no.japão
Periodista Digital, 14/03/2017

De acordo com o texto do citado jornal eletrónico espanhol, o episcopado japonês publicou, no início desta Quaresma de 2017, uma nova edição “corrigida, aumentada e atualizada” da sua carta pastoral de 2001, introduzindo agora referências aos documentos Laudato Si e Amoris Laetitia do Papa Francisco. Alegadamente, a carta intitulada “Olhar de Deus sobre a vida” cita o n.º 242 da Amoris Laetitia e corrobora os seus parágrafos dedicados ao “amor, matrimónio e divórcio”.

Juan Masiá S. J., que viveu mais de 25 anos no Japão, até vai mais mais longe quando afirma que, já no Sínodo sobre a Família de 1980, o cardeal Peter Shirayanagi (falecido em 2009) foi um dos poucos bispos que se “atreveu” a propor aberturas semelhantes a algumas daquelas que mais tarde seriam defendidas no Sínodo de 2015 e pelo Papa Francisco. No entanto, as suas propostas “tiveram um eco tímido e minimalista” na exortação Familiaris Consortio de João Paulo II, uma vez que este Papaargumenta o jesuítaera “obcecado com a questão da participação nos sacramentos (um pseudoprobema superado há muito pela prática pastoral e, hoje, finalmente superado na doutrina oficial da Igreja após o último Sínodo)”.

Temos de reconhecer, arrependendo-nos, que a Igreja se tem comportado, até há pouco tempo, mais como um juiz do que como uma mãe, no que se refere às pessoas que não puderam salvar o seu casamento.

(in carta pastoral dos bispos japoneses, traduzido de Periodista Digital, 14/03/2017)

Enfim, autênticos profetas da “nova misericórdia”…

Basto 3/2017