Burke e Brandmüller: Para onde está a ir a Igreja?

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Os cardeais D. Walter Brandmüller e D. Raymond Burke, dois dos autores dos chamados dubia dirigidos ao Papa Francisco e ainda sem resposta (os restantes, já faleceram), publicaram, na passada terça-ferira, uma carta aberta dirigida aos participantes na Cimeira sobre Abusos Sexuais, que teve início na quinta-feira em Roma.

Na carta em questão, abaixo reproduzida, os cardeais sugerem uma linha óbvia de abordagem, negligenciada pela cúpula romana, que relaciona o grave problema dos abusos de menores na Igreja Católica com a atual infestação de homoclericalismo.

CARTA ABERTA AOS PRESIDENTES DAS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS

Caros irmãos, Presidentes das Conferências Episcopais,

É com profunda aflição que nos dirigimos a todos vós!

O mundo católico está desorientado e levanta uma pergunta angustiante: para onde está a ir a Igreja?

Diante desta deriva, hoje em curso, pode parecer que o problema se reduz ao problema dos abusos de menores, um crime horrível, especialmente se perpetrado por um sacerdote, que, todavia, não é senão uma parte de uma crise bem mais ampla. A chaga da agenda homossexual difunde-se no seio da Igreja, promovida por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e de conspiração de silêncio (“omertà”). Como é evidente, as raízes deste fenómeno encontram-se nessa atmosfera de materialismo, relativismo e hedonismo, em que se põe abertamente em discussão a existência de uma lei moral absoluta, ou seja, sem excepções.

Acusa-se o clericalismo de ser responsável pelos abusos sexuais, mas a primeira e a principal responsabilidade do clero não recai sobre o abuso de poder, mas em se ter afastado da verdade do Evangelho. A negação, até mesmo em público, por palavras e nos factos, da lei divina e natural, está na raiz do mal que corrompe certos ambientes da Igreja.

Diante de tal situação, cardeais e bispos calam. Também vós vos calareis aquando da reunião convocada para o próximo dia 21 de Fevereiro, no Vaticano?

Em 2016, estivemos entre os que interpelaram o Santo Padre acerca dos “dubia” que dividiam a Igreja após a conclusão do Sínodo sobre a família. Hoje, esses “dubia” não só continuam sem receber qualquer resposta, mas são apenas parte de uma crise da fé mais geral. Por isso, vimos encorajar-vos a que levanteis a vossa voz para salvaguardar e proclamar a integridade da doutrina da Igreja.

Rezamos e pedimos ao Espírito Santo para que assista a Igreja e ilumine os pastores que a guiam. Neste momento, é urgente e necessário um acto resolutório. Confiamos no Senhor que nos prometeu: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20).

Walter Card. Brandmüller

Raymond Leo Card. Burke

Fonte: magister.blogautore.espresso.repubblica.it Settimo (página acedida no dia 22 de fevereiro de 2019).
Tradução: dubia (página acedida no dia 22 de fevereiro de 2019).

 

Mais grave que um pecado moral, é um sacrilégio

A página católica austríaca Kath.net publicou entretanto um curto vídeo onde o cardeal Brandmüller explica a razão que o levara a publicar a carta aberta. Como explica o cardeal alemão, as aberrantes práticas homossexuais envolvendo elementos do clero configuram sacrilégios eucarísticos.

Basto 02/2019

Papa Francisco, o problema

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Por Kenneth J. Wolfe

Na edição impressa de hoje do USA Today, aqui disponível online, está um triste comentário de Melinda Henneberger, uma ex-correspondente do Vaticano para o New York Times, onde ela confessa a sua apostasia.

Henneberger, que é conhecida por ser de centro-esquerda (dissidente, por exemplo, da Humanae Vitae, mas simpatizante, até certo ponto, de causas pró-vida) pelos seus muitos anos de escrita, atribuiu a responsabilidade pela sua decisão de apostatar a “esses homens” e aos “homens que administram a igreja”, evitando atribuir qualquer responsabilidade ao homem que dirige a Igreja.

Quem dirige a Igreja? Quem é o Sumo Pontífice? Quem impediu, esta semana, a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA de avançar com um plano para tratar a sério a crise dos abusos sexuais? Até mesmo Tom Reese SJ (considerado demasiado liberal para a revista America) considerou o desenvolvimento desta semana um “desastre” que resultará em “terríveis prejuízos para a imagem do Papa”.

O Papa Francisco é o líder. O Papa Francisco toma as decisões. Não basta responsabilizar “o Vaticano” ou, como o atual dissidente dos média John Gehring fez esta semana, misturar Francisco numa amálgama maior: “O Vaticano, incluindo o Papa Francisco, também não fez o suficiente.”

Um edifício, ou uma cidade-estado independente, ou uma burocracia sem rosto não são os responsáveis. O Papa Francisco é o responsável. É ele quem toma as decisões. É ele quem deve enfrentar as consequências de uma decisão como dizer aos bispos dos EUA que eles não devem tratar de medidas relativas ao abuso de menores.

Está na hora de parar de encobrir o Papa Francisco. Ele é o problema.

A edição original deste texto foi publicada no Rorate Caeli no dia 16 de novembro de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. A presente edição destina-se exclusivamente à sua divulgação, sempre que possível deve ser lido na sua edição original.

Basto 11/2018

Bono Vox e o seu “velho amigo cardeal McCarrick”…

Esta semana, Bono Vox, o famoso vocalista da banda rock irlandesa U2, teve direito a uma audiência privada com o Papa Francisco em Roma, onde discutiram questões relacionadas com a educação de crianças, os casos de pedofilia envolvendo elementos do clero e o seu alegado encobrimento.

Este mesmo artista, no ano passado, durante um concerto da sua banda em Washington DC, parece ter dedicado uma música ao seu “velho amigo cardeal McCarrick”… O agora ex-cardeal D. Theodore McCarrick tem sido um dos grandes protagonistas da imprensa mundial durante as últimas semanas, devido às graves acusações de pedofilia há muito conhecidas pela Igreja Católica dos EUA e em Roma, assim como pelo seu alegado encobrimento por parte do Papa Francisco.

O tema da música em causa, “I Still Haven’t Found What I’m Looking For“, é também um interessante motivo de reflexão, tendo em conta a fama internacional do arcebispo emérito de Washington. Uma fama antiga, cujas fortes evidências levaram o Papa Bento XVI a obrigá-lo a “abandonar o seminário onde vivia“…

Ainda Não Encontrei Aquilo que Procuro

Eu escalei as montanhas mais altas
Corri através dos campos
Só para estar contigo

Eu corri, rastejei
Escalei os muros da cidade
Estes muros da cidade
Só para estar contigo

Mas ainda não encontrei aquilo que procuro (2x)

Eu beijei lábios de mel
Senti a cura na ponta dos seus dedos
Queimava como fogo
Esse desejo ardente

Eu falei com a língua dos anjos
Segurei a mão do Diabo
Está quente à noite
Eu estava frio como uma pedra

Mas eu ainda não encontrei aquilo que procuro (2x)

Eu acredito na vinda do Reino
Então todas as cores
Irão sangrar-se em apenas uma
Mas sim, eu ainda corro

Tu quebraste os laços, soltaste as correntes
Carregaste a cruz
E a minha vergonha
Tu sabes que eu acredito nisso

Mas eu ainda não encontrei aquilo que procuro (4x)

(Tema I Still Haven’t Found What I’m Looking For do álbum The Joshua Tree, de 1987, da banda U2 – tradução livre)

Terão eles encontrado aquilo “que procuram”? Está seria uma boa questão para ser colocada ao Bono ou ao ex-cardeal MacCarrick.

Basto 9/2018

Santo Padre quer banir as perversões do clero

Enquanto os fiéis católicos se escandalizam diariamente com as constantes notícias de homossexualismo e pedofilia no clero católico, no dia 15 deste mês, em Palermo, o Santo Padre pediu ao clero da Sicília para erradicar “a perversão mais difícil de eliminar” na Igreja.

“O clericalismo é a perversão mais difícil de eliminar: a Igreja não está acima do mundo, mas dentro do mundo, para fermentar, como fermento na massa, e por isso, queridos irmãos, toda a forma de clericalismo deve ser banida.”

(Papa Francisco, in Tv2000it, 15/09/2018 – tradução livre)

E nada sobre a perversão do homoclericalismo…

Basto 9/2018

Papa Francisco adverte que aqueles que se queixam poderão ser “punidos por serpentes”

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Por Doug Mainwaring

ROMA, 14 de setembro de 2018 (LifeSiteNews) – Numa homilia realizada na Festa da Exaltação da Santa Cruz, o Papa Francisco, pela terceira vez esta semana, retornou curiosamente ao tema de Satanás como o “Grande Acusador”.

Mais uma vez, o pontífice parecia estar a alertar os fiéis contra as criticas aos seus prelados e talvez também ao modo como ele mesmo tem lidado com a avalanche de escândalos sexuais do clero que se abateu sobre o Vaticano nas últimas semanas.

De acordo com a reportagem do Vatican News, o Papa Francisco, comentando a 1ª Leitura de hoje, disse que as pessoas que se queixaram “foram punidas por serpentes”, acrescentando que isso se refere à serpente antiga, Satanás, o “Grande Acusador”.

“Jesus foi elevado e Satanás destruído”, no entanto – afirmou o Papa Francisco – “a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas, como diziam os Padres da Igreja, é um cão acorrentado”.

Advertiu ainda: “Não vos aproximeis dele e ele não vos morderá; mas se tentardes acariciá-lo porque vos sentis atraídos por ele, como se fosse um cachorrinho, preparem-se, ele destruir-vos-á”.

O Papa Francisco parece estar a reiterar a sua advertência da sua homilia ontem, implicando que aqueles que criticam a hierarquia estão a ser inconscientemente tentados a dedicar-se ao trabalho do diabo, como se fossem atraídos para acariciar um cachorrinho fofo.

Deste modo, o Papa descarta o pensamento crítico dos leigos, padres e bispos que expressaram indignação pelos escândalos sexuais do clero e pelos alegados encobrimentos.

Ao advertir contra o trabalho do “Grande Acusador”, o próprio Papa aponta um dedo acusador.

A edição original deste texto foi publicada no Life Site News a 14 de setembro de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, o artigo deve ser lido na sua edição original. A presente edição destina-se meramente à sua divulgação.

Basto 9/2018

Frases que nos fazem pensar: Arcebispo D. Georg Gänswein

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“A Igreja Católica está a olhar, cheia de desânimo, para o seu próprio 11 de setembro.”

(D. Georg Gänswein, arcebispo alemão titular da diocese italiana de Urbisaglia e Prefeito da Casa Pontífica)

Contexto da frase:

Comentário alusivo à crise de abusos de menores por parte de elementos do clero católico proferido durante a apresentação do livro “A opção Bento” de Rod Dreher, que decorreu no Parlamento Italiano, na data aniversária dos atentados terroristas às Torres Gémeas de Nova Iorque; in The Caholic Register, 11/09/2018 – tradução livre.

Basto 9/2018

“Silêncio e oração” enquanto a casa se desmorona

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Por Nikko Lane

Esta segunda-feira, como resposta às críticas dirigidas ao Vaticano, o Papa Francisco incitou a Igreja de Cristo a lutar com “silêncio e oração” contra aqueles que causam divisão.

Silêncio e oração. Vejamos o que o Papa Francisco poderia ganhar com silêncio e oração.

Em primeiro lugar, ele pede silêncio. Porquê? De facto, há momentos destinados ao silêncio. Perante o Santíssimo Sacramento. Quando alguém se senta na beleza do silêncio no mistério em que se oferece o Senhor Jesus Cristo durante a Santa Missa, o silêncio em solene lembrança de um ente querido que faleceu na esperança do abraço da Paz de Nosso Senhor.

Mas será o silêncio realmente necessário neste momento em que a Igreja está em crise? Enquanto os membros da Igreja não conseguirem perceber o que se tem passado durante último mês do pontificado do Papa Francisco, a maioria dos católicos de todo o mundo quer respostas. Santo Padre, o senhor está a dizer a verdade? Santo Padre, Viganò está a dizer a verdade? O Santo Padre sabia alguma coisa daquilo?

Até agora, a resposta do Papa às vítimas do escândalo de abuso sexual por parte de elementos do clero dos Estados Unidos incluiu (parafraseando):

  1. Somos todos os culpados e, como leigos, devemos todos trabalhar para melhorar as coisas na nossa Igreja.
  2. Se leram a carta de Carlo Maria Viganò que me acusa e às pessoas a quem sou leal, decidam por vocês  mesmos.

Foram feitas acusações graves e estão em jogo grandes implicações. No entanto, o sucessor de São Pedro não faz mais do que permanecer em silêncio e em oração.

O Papa Francisco pede silêncio. Aqueles que acreditam nele dizem que a causa deste escândalo de abuso sexual, o encobrimento e a crise que dele resulta é uma questão de clericalismo (a “cortina de fumo” mais comum do Papa e das pessoas que lhe são próximas). Eu diria que o Santo Padre nem sequer se referiu ao assunto em concreto.

Pede silêncio, mas porquê? A carta de Viganò implica o Papa Francisco em crimes graves contra o seu povo. O silêncio seria apropriado. A ironia é que, se há divisão na Igreja, é somente porque o Papa Francisco, culpado ou inocente, não tratou do assunto em questão. De todas as vezes que Francisco coloca o ónus deste escândalo nos leigos da Igreja, em vez de o colocar em si mesmo (e nos bispos e arcebispos que ele conscientemente designou, apesar dos conselhos que lhe propunha melhores candidatos), ele prejudica ainda mais as pessoas que realmente sofrem: as crianças, os estudantes, jovens adultos e seminaristas que foram abusados física e sexualmente pelos McCarricks e clérigos dos Estados Unidos. Ele causa sofrimento e volta a causar, institucionalmente, pelas suas ações ou pela falta delas.

Porque faz ele isto?  E continuamente?

Isto leva-nos à sua próxima proposta para combater a “divisão”: a oração. João Vianney disse: “A oração é o banho interior de amor no qual a alma mergulha”. A oração do Papa Francisco tem sido pública e em frente das câmaras, no Instagram e no Twitter, desde o primeiro dia do seu pontificado. Aqui está uma observação importante: o Papa Francisco faz questão de ser visto pelos média. Ele faz com que se conheça bem o facto de que ele não permanece nas instalações a que, como Papa, tem direito. Ele vive uma vida de “pobreza visual”, tentando ser como o grande Francisco de Assis, seu homónimo. Mas Francisco de Assis mantinha uma pobreza espiritual e interior. Ele abandonou os seus bens materiais para ser pobre, sim, mas a sua espiritualidade de negação de si mesmo na exultação do Senhor era a missão desse querido santo. São Francisco nunca subverteria a doutrina católica sobre o casamento, a santidade da vida, a sexualidade, a Santa Eucaristia e, mais importante, o papel da família no plano de Deus como o Papa Francisco tem subvertido. O Papa Francisco reescreveu a doutrina da Igreja quando subverteu o ensinamento sobre a atração pelo mesmo sexo; permitiu que pessoas que viviam em adultério recebam a comunhão; e ridicularizou as famílias católicas por serem muito “parecidas com coelhos” na procriação de filhos.

Por que razão sugeriria ele oração? Evidentemente, poderia pedir-nos a todos para orar pela paz e pelo fim do sofrimento. Ou poderia pedir para enterramos as nossas cabeças na areia, tapar as nossas bocas e esquecer tudo o que D. Carlo Maria Viganò acusara a ele e aos seus colaboradores. Será que ele quer afastar a atenção de si mesmo, dos McCarricks, dos Wuerls e dos Tobins, enquanto nós, o rebanho, estamos em silêncio e oração?

Silêncio é o que o Papa agora nos pede. Silêncio e oração.

Continuarei a orar pela Santa Sé e pela Igreja que São Pedro recebeu do próprio Jesus Cristo para liderá-la. Orarei pelas inúmeras vítimas de abusos do clero e pelas suas famílias e ainda para que elas encontrem a cura no divino amor de Deus. Também orarei pelos maravilhosos sacerdotes que se têm manifestado, chocados com este escândalo e com a falta de resposta do Papa, para que eles continuem a ter coragem apesar da covardia do seu líder. E, por último, continuarei a orar pelos leigos fiéis, que, segundo todos os relatos, têm fortalecido a sua fé, apesar da falta de honestidade e de liderança nos mais altos postos da hierarquia da nossa Igreja.

Mas eu não permanecerei em silêncio. O silêncio apenas implica a culpa do Papa. Não me calarei enquanto a Igreja de Cristo necessitar que os líderes chamem a heresia e a injustiça pelo nome. Continuarei a falar. Irei dizer a verdade. Irei proclamar a Boa Nova. A Palavra da Vida Eterna sobreviveu no passado a muitos papas corruptos e a muita adversidade e continuará muito para além do seu silêncio, Papa Francisco.

A edição original deste texto foi publicada pelo One Peter Five a 7 de setembro de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 9/2018

Cardeal D. Oscar Maradiaga diz que as redes sociais deveriam chamar-se “redes fecais”

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Cena “fecal” do filme Slumdog Millionaire (2008).

A declaração do cardeal hondurenho, membro do Conselho de Cardeais que presta assessoria ao Papa Francisco na reforma da Cúria, surgiu durante uma homilia pronunciada no passado domingo numa igreja de Tegucigalpa, capital das Honduras. O nome de Maradiaga foi recentemente associado ao encobrimento dos abusos de menores no “Testemunho” redigido por D. Carlo Maria Viganò.

 

A matéria fecal tem vindo tornar-se num tema algo recorrente na cúpula da Igreja. Ainda há dias, o Santo Padre terá dito às vítimas de pedofilia que “a corrupção e o encobrimento dos abusos” são uma “caca” e, em 2016, comparou a difusão de notícias falsas ao fascínio por fezes.

Utilizando uma terminologia curiosa e pouco comum, o Papa afirmou que a comunicação social deve evitar a “coprofilia” – nome dado a um invulgar interesse e excitação provocada por fezes. E, segundo o líder da Igreja Católica, aqueles que consomem histórias falsas correm o risco de se tornarem coprofágicos. Isto é, pessoas que ingerem fezes.

(In Público, 07/12/2016)

Basto 9/2018

Bispos de Portugal unidos em carta de apoio ao Papa Francisco

Neste momento de forte contestação ao Papa Francisco, os bispos portugueses, reunidos em Fátima, resolvem enviar-lhe uma carta de apoio, confessando “total adesão ao seu magistério”.

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In Observador, 03/09/2018.

 

Basto 9/2018

Athanasius Schneider: Não há razões para duvidar das revelações do Arcebispo Viganò sobre o Papa

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Por John-Henry Westen

27 de agosto, 2018 (LifeSiteNews) – O bispo D. Athanasius Schneider, de Astana, Cazaquistão, um dos bispos que mais fala abertamente sobre a crise de fé que vive a Igreja Católica com Papa Francisco, escreveu um documento em resposta ao testemunho do arcebispo D. Carlo Maria Viganò.

Schneider afirma que “não há motivo razoável e plausível para duvidar da veracidade do conteúdo do documento do arcebispo Carlo Maria Viganò”.

O arcebispo D. Carlo Viganò, que foi núncio apostólico em Washington DC de 2011 a 2016, na semana passada expôs detalhadamente numa carta de 11 páginas que o Papa Francisco encobriu os abusos do ex-cardeal McCarrick.

Schneider reconhece que é extremamente grave e raro que um bispo acuse publicamente um papa reinante, mas ressalta que “o arcebispo Viganò confirmou a sua declaração por meio de um juramento sacro invocando o nome de Deus.”.

O documento de D. Athanasius Schneider é abaixo publicado na íntegra.

***

Reflexão sobre o “Testemunho” do Arcebispo Carlo Maria Viganò, de 22 de agosto de 2018

É um facto raro e extremamente grave, na história da Igreja, que um bispo acuse pública e especificamente o Papa reinante. Num documento recentemente publicado (de 22 de Agosto de 2018), o Arcebispo Carlo Maria Viganò testemunha que, desde há cinco anos, o Papa Francisco tem conhecimento de dois factos: que o Cardeal Theodor McCarrick cometeu violações sexuais contra seminaristas e contra subordinados seus, e que havia sanções que o Papa Bento XVI lhe tinha imposto. Ademais, D. Viganò confirmou a sua declaração por meio de um juramento sacro invocando o nome de Deus. Não há, portanto, motivo razoável e plausível para duvidar da veracidade do conteúdo do documento do Arcebispo Carlo Maria Viganò.

Católicos por todo o mundo, simples fiéis, os “pequenos”, estão profundamente chocados e escandalizados com os graves casos recentemente divulgados, nos quais autoridades da Igreja encobriram e protegeram clérigos que cometeram abusos sexuais contra menores e contra seus próprios subordinados. Tal situação histórica, que a Igreja vive em nossos dias, requer absoluta transparência em todos os níveis da hierarquia da Igreja e, em primeiro lugar, evidentemente, do próprio Papa.

É completamente insuficiente e nada convincente que as autoridades da Igreja continuem a formular apelos genéricos de tolerância zero em casos de abusos sexuais por parte de clérigos e pelo fim do encobrimento desses casos. Igualmente insuficientes são os apelos estereotipados de perdão em nome das autoridades da Igreja. Esses apelos à tolerância zero e pedidos de perdão só se tornarão credíveis se as autoridades da Cúria Romana lançarem as cartas à mesa, dando o nome e sobrenome de todos aqueles na Cúria Romana – independentemente da sua posição e título – que encobriram os casos de abusos sexuais de menores e de subordinados.

A partir do documento de D. Carlo Viganò pode retirar-se as seguintes conclusões:

  1. Que a Santa Sé e o próprio Papa começarão a expurgar da Cúria Romana e do episcopado, sem compromissos,  os grupos e redes homossexuais.
  2. Que o Papa proclamará de maneira inequívoca a doutrina Divina sobre o caráter gravemente pecaminoso dos atos homossexuais.
  3. Que serão publicadas normas peremptórias e detalhadas que impedirão a ordenação de homens com tendência homossexual.
  4. Que o Papa restaurará a pureza e a inequivocidade de toda a doutrina Católica no ensinamento e na pregação.
  5. Que será restaurada na Igreja, pelo ensinamento pontifício e episcopal e por normas práticas, a sempre válida ascese Cristã: os exercícios do jejum, da penitência corporal, da abnegação.
  6. Que serão restaurados na Igreja o espírito e a praxe de reparação e expiação pelos pecados cometidos.
  7. Que haverá na Igreja um processo seletivo, garantido seguramente, de candidatos ao episcopado, que sejam comprovadamente homens de Deus; e que seria melhor deixar as dioceses vários anos sem um bispo do que nomear um candidato que não fosse um verdadeiro homem de Deus na oração, na doutrina e na vida moral.
  8. Que se iniciará na Igreja um movimento, especialmente entre cardeais, bispos e padres, de renúncia a qualquer compromisso e namorico com o mundo.

Não causaria surpresa se a oligarquia dos meios de comunicação social dominantes a nível internacional, que promove a homossexualidade e a depravação moral, começasse a denegrir a pessoa do Arcebispo Viganò e deixasse o núcleo do assunto do seu documento cair no esquecimento.

No meio da difusão da heresia de Lutero e da profunda crise moral de uma parte considerável do clero e especialmente da Cúria Romana, o Papa Adriano VI escreveu as seguintes surpreendentes e francas palavras, dirigidas à Dieta Imperial de Nuremberg, em 1522: “Sabemos que, por algum tempo, muitas abominações, abusos em assuntos eclesiais e violações de direitos ocorreram na Santa Sé; e que tudo foi corrompido para pior. A corrupção passou da cabeça para os membros, do Papa para os prelados: todos nós nos desviamos; não houve um que agisse bem, não, nem um”.

Firmeza e transparência em constatar e confessar os males na vida da Igreja ajudarão a iniciar um eficiente processo de purificação e renovação espiritual e moral. Antes de condenar os outros, todo o detentor de cargo eclesiástico na Igreja, independentemente da posição e título, deve questionar-se, na presença de Deus, se ele próprio encobriu de alguma forma abusos sexuais. Descobrindo-se culpado, deveria confessá-lo publicamente, pois a Palavra de Deus o admoesta: “Não te envergonhes de reconhecer a tua culpa” (Ecl. 4:26). Pois, como São Pedro, o primeiro Papa, escreveu: “chegou o tempo do juízo, a começar pela Casa (Igreja) de Deus” (1 Pedro 4:17).

† Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria em Astana

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 27 de agosto de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 8/2018