Começou ontem, dia 7 de novembro, e estender-se-á até ao dia 10, a 190ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima. O ponto seis da ordem de trabalhos é a “reflexão sobre a Exortação Apostólica pós-sinodal do Papa Francisco sobre a família Amoris Laetitia”.
Em 2015, a Igreja Portuguesa tremeu mas resistiu e disse “não” ao Papa Francisco relativamente à questão da abertura da Sagrada Comunhão às pessoas que vivem em situação de adultério, que na linguagem atual passou a designar-se “situação irregular”.

Desta vez, é previsível que o abalo sísmico seja mais violento porque, entretanto, o próprio Papa já assume abertamente o seu apoio à conciliação entre o adultério e a comunhão e, por outro lado, depois de três anos e meio de pressão mediática, é já notória uma certa habituação gradual perante a proposta de sacrilégio introduzida pelo Santo Padre.

No que se refere à Igreja Portuguesa, o semanário Sol informou que a luta foi renhida na assembleia plenária de abril de 2015, uma vez que os bispos estavam divididos, mas no fim prevaleceu a Verdade Cristã, graças à firmeza do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, apoiado pelo bispo do Porto e pelo arcebispo de Braga. A proposta neomisericordiosa, de acordo com o mesmo jornal, foi defendida por D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, com apoio dos bispos das dioceses de Aveiro, Guarda, Coimbra, Viseu e Portalegre-Castelo Branco.
Um ano depois, a nova doutrina do Papa Francisco de conciliação entre a Sagrada Comunhão e o adultério contará com dois novos apoiantes de peso na assembleia dos bispos portugueses:
- O novo bispo D. José Ornelas, indigitado pelo Papa Francisco para a diocese de Setúbal em 2015. Este novo bispo defende abertamente o acesso à Sagrada Comunhão para pessoas em situação objetiva de adultério e já pregou a “Alegria do Amor” no Santuário Fátima.
- A presença, a título de convidado, do cardeal Martínez Sistach, arcebispo emérito de Barcelona, cuja contribuição se prevê que seja no sentido de desvalorizar a doutrina católica a favor da nova misericórdia de Francisco. Sistach é o especialista em direito canónico que integrou o painel de apresentação do motu proprio do Papa Francisco que veio simplificar os processos de nulidade matrimonial. Era também tido como um dos proeminentes cardeais que, durante o processo sinodal, esperava que o Santo Padre abrisse a comunhão aos divorciados recasados pelo civil, portanto em situação de adultério à luz do infalível Magistério da Igreja.
Os bispos estão reunidos na Casa de Nossa Senhora das Dores, no Santuário de Fátima, e precisam das orações de todos os fieis portugueses. Muita gente que conhece a mensagem de Fátima por esse mundo fora está à espera de ver um sinal claro da Igreja Portuguesa na conservação do “dogma da Fé” que lhes possa servir de rumo neste tempo de “desorientação diabólica”.
O nome da casa onde estão reunidos não poderia ser mais inspirador, tendo em conta o tema tratado e o seu paralelismo com a mensagem de Fátima. Outro aspeto curioso é a calendarização desta assembleia, cuja sessão de abertura coincidiu precisamente com o 99º centenário da revolução comunista de outubro de 1917 (que teve início no dia 7 de novembro de 1917, no nosso calendário gregoriano).
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Basto 11/2016