No final do ano passado, o semanário italiano L’Espresso acusava D. Óscar Rodríguez Maradiaga, homem muito próximo do Santo Padre, de ter recebido uns escandalosos 35 000 euros mensais da Universidade Católica de Tegucigalpa, nas Honduras. A mesma publicação divulgaria, posteriormente, documentos que alegadamente comprovam os referidos pagamentos ao influente cardeal hondurenho.

Maradiaga classificou a notícia como “um ataque ao Santo Padre, lançado por quem não quer que a Cúria seja reformada“, justificando que aqueles valores eram destinados a “usos pastorais”. Consequentemente, a publicação italiana, que nunca havia referido que tais pagamentos se destinariam a usos pessoais do cardeal, estranhou a resposta do prelado hondurenho, voltando a questionar a razão pela qual “os pagamentos mensais dos primeiros nove meses do ano foram feitos diretamente em seu nome e não no da diocese de Tegucigalpa“.
A investigação do L’Espresso foi mais longe e constatou que os pagamentos em causa não se enquadravam no balanço financeiro da diocese de Tegucigalpa apresentado pelos bispos hondurenhos à Santa Sé, em setembro de 2017, durante a sua visita ad limina.
O interesse deste caso aumenta na medida em que D. Óscar Maradiaga fora escolhido pelo Papa Francisco para integrar e presidir ao Conselho de Cardeais, por si criado, para o coadjuvar na governo da Igreja e na reforma da Cúria Romana. Entre outras prioridades, este organismo propôs-se a “promover a transparência” na contabilidade financeira da Igreja Católica.
O Santo Padre terá já ordenado, entretanto, uma investigação às contas da diocese do cardeal hondurenho, que continua ainda como Coordenador do chamado “G9“. No entanto, a determinação do Santo Padre, neste caso, não parece tão evidente como, por exemplo, no caso caso dos Franciscanos da Imaculada, ou na vontade de agilizar os processos de nulidade matrimonial, ou ainda na urgência em fazer chegar a Sagrada Comunhão a quem mantém relações sexuais fora do matrimónio. Não parece tão evidente, o que não quer dizer que não seja…
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Bato 10/2018