O discurso foi proferido pelo Papa Francisco no Vaticano, no dia 5 de outubro, quando recebeu em audiência os participantes na Assembleia Geral dos Membros da Pontifícia Academia para a Vida.
É uma verdadeira revolução cultural que se vê no horizonte histórico atual.E a Igreja é a primeira que deve fazer a sua parte.Nessa perspetiva, primeiro tem de reconhecer honestamente atrasos e erros.As formas de subordinação que tristemente marcaram a história das mulheres devem ser definitivamente abandonadas. É preciso escrever um novo começo no modo de ser dos povos, e isso pode ser feito por uma renovada cultura da identidade e diferença.
(Papa Francisco in Rome Reports, 05/10/2017 – tradução livre)
Este fulano [o Santo Padre] está a ensinar que a Igreja existe por todo o lado, hã? E ele quer ver a Igreja, a comunidade cristã, a ver o mundo a partir dos excluídos, quer dizer, isto é radicalmente novo. […] Que visão mais revolucionária do que esta?
“Revolução” porque está a acontecer algo verdadeiramente novo e “imparável” porque esse algo de novo que está a acontecer tem uma dinâmica que nos parece difícil de parar.
Há muita gente que bate palmas a este Papa e não percebe bem o que ele está a dizer. Isso é fruto de um homem que é muito popular, (não é?) que tem simpatia global.
Sendo um livro sobre revolução, a sua apresentação foi feita precisamente na véspera do aniversário da Revolução dos Cravos, tendo como figura de cartaz Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa, normalmente visto como um dos políticos portugueses mais católicos – ou talvez, para alguns, menos maçónicos, dependendo do ponto de vista – sentou-se em frente do altar da igreja do Convento de São Domingos para fazer aquilo a que nos habitou desde há muito tempo: falar sobre tudo e mais alguma coisa.
Marcelo Rebelo de Sousa na apresentação do livro “Papa Francisco – A Revolução Imparável” – SIC Notícias, 24/04/2017
Faz falta mais Esquerda católica.
(Marcelo Rebelo de Sousa, inSIC Notícias, 24/04/2017)
Na verdade, se há coisa que não falta em Portugal é Direita socialista…
Esperemos, ao menos, que não tenham acabado a sessão a cantar a “Grândola, vila morena” na igreja do convento lisboeta.
Austen Ivereigh, o co-fundador do Catholic Voices, é um jornalista e escritor inglês que, entre outras coisas, escreveu um livro biográfico sobre o Papa Francisco intitulado “Francisco, o Grande Reformador”. Ele está convicto de que conhece bem o Santo Padre e os seus objetivos, e nós esperamos que ele tenha feito um grosseiro erro de análise, para o bem da própria Igreja.
Frase retirada do vídeo promocional do livro “Francisco, o Grande Reformador”
Logo à partida, o título do seu livro é pouco ingénuo e de mau gosto quando faz uma evidente analogia ao grande heresiarca revolucionário excomungado pelo Papa Leão X em 1521.
Depois percebemos, a partir das suas afirmações públicas, como este senhor concebe o Papa Francisco e a Igreja Católica e, com efeito, sabendo que ele não trabalha para os Monty Python, este livro já mete medo ainda sem ser lido. Esperemos que o autor esteja redondamente enganado relativamente ao Papa Francisco porque, caso contrário, o problema será muito maior.
Entre outras coisas, de acordo com a Agência Ecclesia, ele diz que a comunicação na Igreja deve primeiro defender a pessoa, “a vítima”, e depois a doutrina.Pois, mas – sabemos nós que – a doutrina foi-nos revelada precisamente para defender a pessoa, vítima do próprio pecado. Se a pessoa acreditar na doutrina, arrepende-se, reconcilia-se com Deus e salva-se. Portanto, nada melhor para defender a pessoa, no seu todo, do que a própria doutrina.
E continua:
Quando quiseres explicar a opinião da Igreja, quando quiseres responder a uma crítica à Igreja, não comeces com a doutrina, com o desejo de defender o ensinamento da Igreja porque vai sublinhar a marca do farisaísmo.
Nada poderia estar mais errado! A doutrina de Jesus Cristo foi revelada precisamente em oposição ao farisaísmo, primeiro pelo próprio Cristo e depois pelos seus apóstolos até hoje.
Isto é disparate atrás de disparate, pois o relativismo é exatamente aquilo que nos leva a duvidar da necessidade da verdadeira misericórdia de Deus, da necessidade do arrependimento e reconciliação com Ele. Uma necessidade que nos é afirmada na própria doutrina. Foi este relativismo que a Igreja combateu e derrotou durante o Sínodo da Família. Um relativismo introduzido pela seita minoritária, alinhada com o herético Cardeal Kasper, a qual se propunha a falsificar a infinita misericórdia de Deus e a Sua justiça.
As afirmações acima transcritas foram proferidas em Fátima, no âmbito de uma apresentação enquadrada nas II Jornadas Práticas sobre Comunicação Digital. Até podiam ser uma brincadeira do dia 1 de abril, mas não parece que sejam, infelizmente.