Neste período pós-escândalo da troca de correspondência entre o Papa Francisco e os bispos argentinos, outras situações anteriores do dossiê ‘papa-francisco-comunhões-sacrílegas’ merecem ser revisitadas e interpretadas à luz das novas revelações atuais.
Em 2014, Julio Sabetta, o treinador de futebol do Colón de San Lorenzo, na Argentina, divorciado, afirmou aos jornalistas que recebera uma chamada telefónica do Papa Francisco.
O telefonema papal seria uma resposta à carta enviada por Jaqueline Lisboa ao Santo Padre, a mulher com quem Sabetta partilhava uma relação adúltera e duas filhas. De acordo com várias versões da notícia, Jaqueline ter-se-ia queixado ao Papa da sua frustração por não ser autorizada pela Igreja a comungar, em virtude da situação irregular em que se encontrava. A resposta chegaria alguns meses depois, por telefone, pela voz do próprio Santo Padre, informando-a de que “podia comungar tranquilamente”.
O caso ganhou uma dimensão mediática de escala mundial, tendo levado o gabinete de imprensa da Santa Sé a emitir um desmentido que, não desmentindo o telefonema do Santo Padre, se limitou simplesmente a reafirmar a doutrina da Igreja, escusando-se a justificar o alegado teor do telefonema.
Estaria Julio Sabetta a contar a verdade sobre o conteúdo daquela conversa telefónica? Quem pode negá-lo?
Apesar dos constantes esforços do Pe. Lombardi em desmentir esta e outras situações, o Santo Padre insiste numa linha “pastoral” que diverge claramente dos seus desmentidos. Terá sido por isso que acabou sendo substituído no Gabinete de Imprensa da Santa Sé? Não sabemos.
Por exemplo, quando um jornalista questionou o Santo Padre, na sua viagem de regresso de Lesbos, se “existem ou não novas possibilidades concretas“ para os divorciados ‘recasados’ acederem aos sacramentos, subentendendo-se “Sagrada Comunhão”, Francisco respondeu de forma categórica assim (minuto 1′:42″):
“Posso dizer que sim, ponto final.”
(Papa Francisco, in Agência Ecclesia, 16/04/2016)
Uma resposta semelhante àquela que enviou por escrito aos bispos argentinos:
“Não há outras interpretações.”
(in Carta do Papa Francisco aos bispos de Buenos Aires, 05/09/2016)
Ambas as repostas estão em linha com a herética “teologia serena” kasperiana, abertamente apoiada e promovida por Francisco, apesar de ser completamente contrária ao Evangelho e ao estabelecido no Catecismo da Igreja Católica.
Entre outras citações bíblicas:
«Ora, é mais fácil que o céu e a terra passem do que cair um só acento da Lei. Todo aquele que se divorcia da sua mulher e casa com outra comete adultério; e quem casa com uma mulher divorciada comete adultério.» (Lc 16, 17-18)
31«Também foi dito: Aquele que se divorciar da sua mulher, dê-lhe documento de divórcio. 32Eu, porém, digo-vos: Aquele que se divorciar da sua mulher – exceto em caso de união ilegal – expõe-na a adultério, e quem casar com a divorciada comete adultério.» (Mt 5, 31-32)
Não venham com as tretas exóticas de diferenciar a “pastoral” da “doutrina” porque estas são indissociáveis, uma deriva diretamente da outra. Tentar anular a “doutrina” com uma suposta “nova pastoral” pseudomisericordiosa, para além de colocar em sério risco muitas almas que necessitam do auxílio da Igreja, constitui um grave pecado contra o Espírito Santo. E sabemos que este é o único pecado para o qual não haverá perdão.
A Santa Igreja de Cristo está a ser cobardemente minada na Sagrada Eucaristia e na Verdade sobre o matrimónio e a família. Isto são estruturas fundamentais que garantiram a solidez da nossa Igreja durante 20 séculos, não podemos simplesmente assistir a este triste espetáculo até ao seu colapso total. Não temos esse direito!
Se cair, cairá sobre nós!
–
Basto 9/2016