Arcebispo Viganò: Estamos a testemunhar a criação de uma “nova igreja”

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Por Claire Chretien

13 de setembro, 2019 (LifeSiteNews) – Tem havido uma campanha de “infiltração” na Igreja “que dura há séculos”, afirmou o arcebispo D. Carlo Maria Viganò numa nova entrevista ao Dr. Robert Moynihan para o Inside the Vatican.

Esta campanha remete-nos “em particular, para a criação da maçonaria na década de 1700”, explicou Viganò. “Mas é claro que este projeto foi muito enganoso e orientado, ou até incluindo de algum modo a ajuda de membros da Igreja.”

“Isso foi exposto no livro “Infiltration”, do Dr. Taylor Marshall, para que possamos aí encontrar alguma indicação desse processo”, acrescentou. “Mas esse processo tornou-se notavelmente evidente nos tempos modernos”.

Viganò explicou que, na abertura do Concílio Vaticano II, o cardeal jesuíta D. Augustin Bea estava empenhado em influenciar os bispos “a porem de lado os planos que haviam sido preparados pelos vários gabinetes da Cúria Romana, de modo a elaborar  um novo plano”.

Os novos planos foram “preparados por teólogos principalmente do norte da Europa, Hans Küng, Karl Rahner e outros”, disse Viganò, referindo-se a dois notáveis ​​teólogos de Esquerda.

“Este foi o início de uma abertura, a primeira quebra no muro do procedimento que havia sido estabelecido, no processo de criação de uma nova Igreja”, disse ele.

“Acho que seria muito oportuno relembrar aos leitores, relativamente a esse tema da nova Igreja, o que foi publicado em abril pelo Papa Emérito Bento XVI a respeito do projeto de fundação de uma nova igreja”, continuou o arcebispo. “Ele disse que isso seria uma catástrofe. Foi muito duro no que concerne a esse assunto. ”

Viganò discutiu depois a rutura que aconteceu na Igreja no final do Concílio Vaticano II, que ele sugeriu ter sido uma interpretação errónea do conselho pastoral. Isso foi “promovido por… [uma] enorme máquina de propaganda mediática”.

Concluiu:

E, de maneira semelhante, durante este presente pontificado, uma maquinaria mediática semelhante, que inclui fotos do Papa Francisco com o Papa Emérito Bento XVI, e muito mais, foi usada para argumentar que o “novo paradigma” do Papa Francisco está em continuidade com o ensinamento dos seus antecessores.

Mas não é o caso, trata-se uma “nova igreja[.]”…

Esta frase “novo paradigma” é uma estratégia para encobrir o verdadeiro objetivo, porque eles não querem dizer o que exatamente se esconde por detrás dessa palavra. Para muitos, essa palavra “paradigma” é algo exótico, algo sofisticado. Todos a usam. Mas é usada para iludir, enganar, sugerindo uma continuidade sem revelar que pretendem a descontinuidade[.]

Viganò é o anterior núncio papal nos Estados Unidos. Em agosto de 2018, divulgou um testemunho bombástico, detalhando como o conhecimento da predação homossexual do ex-cardeal D. Theodore McCarrick chegara aos mais altos níveis da Igreja. Viganò afirmou que o Papa Bento XVI sancionara McCarrick em privado e que o Papa Francisco, tendo conhecimento das inclinações do ex-prelado agora afastado, levantou essas sanções. Além disso, o atual pontífice fez de McCarrick um “selecionador” no processo de escolha de bispos, disse Viganò.

O arcebispo também acusou o cardeal D. Donald Wuerl de mentir “desavergonhadamente” ao afirmar que não sabia das acusações contra McCarrick, seu predecessor na Arquidiocese de Washington DC.

Numa entrevista anterior com Moynihan, Viganò explicou que a “figura de Cristo está ausente” do documento de trabalho do Sínodo da Amazónia. Desde o seu testemunho em agosto de 2018, Viganò continuou a destacar vários encobrimentos da Igreja, dizendo que o Papa Francisco ignorou um “dossiê aterrorizante” sobre abusos sexuais de um alto bispo do Vaticano; disse que o Vaticano encobriu alegações de abuso de adolescentes pré-seminaristas que serviam como acólitos do Papa; e disse ainda que o reitor da basílica em Washington DC faz parte da “máfia gay” do clero.

Viganò encontra-se atualmente escondido num local não revelado.

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 13 de setembro de 2019. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade da sua autora, salvo algum eventual erro de tradução. A presente edição destina-se exclusivamente à sua divulgação, sempre que possível deve ser lido na sua edição original.

Basto 09/2019

Conclusão dos jornalistas para as acusações de Viganò: “Um raio de luz ilumina o Papa Francisco”

No final do mês de agosto, durante a sua viajem de regresso de Dublin, depois da participação no Encontro Mundial [pró-LGBT] das Famílias, o Santo Padre escusou-se a responder à questão de um jornalista que o confrontou com as graves acusações publicadas na declaração de D. Carlo Maria Viganò.

Eu acho que a declaração fala por si e vocês têm a capacidade jornalística suficiente para elaborar uma conclusão.

(Papa Francisco, 26/08/2018, in CNS – tradução livre)

A objetividade jornalística, sempre presente quando dá jeito, levou imediatamente alguma comunicação social a elaborar esta mística conclusão: “um raio de luz ilumina o Papa Francisco enquanto ele [não] responde à questão de um jornalista”.

As acusações – ainda hoje sem resposta – são graves e fundamentadas. No seu detalhado “Testemunho”, D. Carlo Maria Viganò acusou Francisco de ter protegido o cardeal homossexual e pedófilo D. Theodore McCarrick e de promover clérigos homossexualistas para cargos na Igreja. Face às acusações, um momentâneo feixe de luz solar, que incidiu momentaneamente sobre a cruz peitoral de Francisco, serviu de sinal seráfico que dispensa qualquer resposta.

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In Catholic News Service, 26/08/2018 – tradução livre.

A publicação dos jesuítas chegou mesmo a publicar uma imagem de alta resolução, enfatizando, deste modo, a beatitude momento da não resposta do Santo Padre.

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In America (Publicação da Sociedade de Jesus nos EUA), 28/08/2018.

Uma foto de alta resolução que põe em evidência aquela coruja que ninguém quer ver…

POPE IRELAND
In America (Publicação da Sociedade de Jesus nos EUA), 28/08/2018.

Basto 12/2018

Combate aos abusos sexuais de clérigos nos EUA adiado por ordem do Vaticano

O Vaticano ordenou à Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos um adiamento na aprovação de novas medidas para combater o problema dos abusos sexuais de membros do clero. A última assembleia geral da conferência episcopal americana decorreu entre os dias 12 e 14 de novembro, em Baltimore, no Estado de Maryland.

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Revista America, 12/11/2018.

A incompreensível atitude do Vaticano não foi bem recebida por muitos católicos americanos, uma vez que o problema dos abusos sexuais por parte de elementos do clero atingiu nos EUA uma proporção escandalosa e preocupante, necessitando de uma intervenção urgente da hierarquia da Igreja.

Os bispos americanos deverão agora esperar até a conclusão do encontro especial do Papa Francisco com todos os presidentes das conferências episcopais do mundo, convocado para fevereiro de 2019, para tratar deste problema à escala global.

Basto 11/2018

Cardeal Burke sobre o testemunho de Viganò: a Lei de Deus está acima do segredo pontifício

Cardeal Raymond Burke

Por Lisa Bourne

9 de Novembro, 2018 (LifeSiteNews) – A lei de Deus está acima de tudo, afirmou recentemente o cardeal D. Raymond Burke referindo-se ao escândalo testemunhado pelo arcebispo D. Carlo Maria Viganò relativo ao modo incorreto como a Igreja, incluindo o Papa Francisco, tratou o problema dos abusos sexuais do clero. Foi por isso que o ex-núncio papal nos EUA foi obrigado a revelar o que sabia, disse o cardeal.

“Os males que ele denunciou são de natureza muitíssimo grave”, disse o Cardeal Burke, e se for verdade, então “ele estava obrigado em consciência” a divulgar a informação como fez.

“A lei de Deus nestes assuntos está acima, por exemplo, do segredo pontifício”, explicou Burke.

O testemunho de Viganò que implica o Papa Francisco e outros altos prelados no encobrimento do arcebispo D. Theodore McCarrick abanou a Igreja na sua crise de abusos, colocando em primeiro plano o problema do clero homossexual. O seu testemunho mostrou ainda que os abusos sexuais não ocorrerem apenas sobre menores, como muitos supõem, e que o encobrimento generalizado da hierarquia fomentou os abusos.

Por causa do seu testemunho, Viganò recebeu críticas de algumas pessoas próximas do Papa, em parte sob o pretexto de Viganò ter violado o código de confidencialidade aplicável ​​a assuntos importantes da Igreja.

Alguns tentaram desacreditar as alegações de Viganò e também afirmar que o ex-núncio apostólico nos EUA tinha razões pessoais para publicar as acusações contra o Papa, tais como, alegadamente, o facto de este não o ter criado cardeal.

Burke, numa entrevista ao The Wanderer, por ocasião do encerramento do Sínodo dos Jovens, garantiu a credibilidade do conteúdo do testemunho de Viganò e do motivo que o levara a divulgá-lo.

“Devemos levar muito a sério tudo o que ele disse”, afirmou o Cardeal Burke, uma vez que Viganò afirmou que tem provas que sustentam as suas acusações. “Fazer o contrário é ser negligente.”

“Eu não penso que exista alguma dúvida” de que o arcebispo fez isso pelo bem da Igreja, acrescentou.

O cardeal descreveu Viganò como “uma pessoa da maior integridade” e observou que vários bispos dos EUA emitiram declarações de apoio Viganò.

Burke disse ainda que os ataques ad hominem contra Viganò são “completamente inapropriados”.

O cardeal, ele próprio um homem que recebeu críticas por defender a Igreja e os seus ensinamentos, já tinha apelado anteriormente para que as acusações do testemunho de Viganò fossem levadas a sério e completamente investigadas.

“As declarações feitas por um prelado com a autoridade do arcebispo Carlo Maria Viganò devem ser levadas totalmente a sério pelos responsáveis ​​na Igreja”, afirmou o cardeal. “Cada declaração deve ser sujeita a investigação, de acordo com confiável direito processual da Igreja.”

“Uma vez confirmada a veracidade de cada declaração, de seguida, deverã ser aplicadas as sanções adequadas, tanto para curar as horríveis feridas infligidas na Igreja e nos seus membros como para a reparação do grave escândalo causado”, explicou Burke.

Burke tocou numa série de outros tópicos durante a sua entrevista ao The Wanderer, incluindo os dubia,  que já têm dois anos de idade e foram apresentados por ele e mais três cardeais (dois dos quais já faleceram) para solicitar esclarecimentos ao Papa sobre ambiguidades contidas no seu controverso documento Amoris Laetitia.

Burke confessou que não tinha esperança que o Papa venha a responder aos cinco dubia, ou dúvidas, sobre a sua exortação papal. No entanto, isso não as muda nem os refuta, acrescentou o cardeal.

“Neste ponto, é altamente improvável que ele venha a responder”, disse o cardeal, ainda que “os fiéis mereçam uma resposta a estas importantes questões.”

A falta de uma resposta papal “não muda o facto de serem verdadeiros dubia” que dizem respeito à “salvação das almas”, afirmou Burke acrescentando: “Os dubia permanecem.”

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 9 de novembro de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. A presente edição destina-se exclusivamente à sua divulgação, sempre que possível deve ser lido na sua edição original.

Basto 11/2018

Bispo de Leiria-Fátima teme cisma na Igreja Católica

D. António Marto acusa o ex-núncio apostólico nos EUA, D. Carlo Maria Viganò, de ter feito uma “montagem política sem fundamento real” contra o Papa Francisco, no entanto, na mesma declaração, declara todo o seu apoio àqueles que lutam “contra a hipocrisia e a indiferença na Igreja”…

A quem se destinaria o enigmático apoio do agora cardeal D. António Marto?

D. António Marto, depois de ter feito todos os esforços para ver aprovada em Portugal a nova doutrina do Papa Francisco que tolera o divórcio e o recasamento, mostra-se agora preocupado com “a corrupção” [da doutrina católica] “que é uma espécie de cancro que vai estendendo as suas ramificações por toda a sociedade”.

Basto 10/2018

Vídeo do Papa com as intenções para outubro

O Santo Padre propõe, neste mês, a recitação diária do terço e a invocação do Arcanjo São Miguel para “repelir os ataques do Diabo que quer dividir a Igreja”.

E quem é esse “Diabo que quer dividir a Igreja”?

Por estes dias, o Diabo, diz Santo Padre, é o “Grande Acusador“, numa aparente alusão ao arcebispo D. Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos EUA, depois de este o ter acusado de encobrir os abusos sexuais do cardeal D. Theodore Edgar McCarrick.

O vídeo com as intenções de oração do Santo Padre para o mês de outubro parece dirigir-se a um nicho religioso muito específico, nomeadamente àquelas pessoas que ainda mantém uma certa “tradição religiosa” – a Fé Cristã – cada vez mais “minoritária” em todo o mundo. Outros provavelmente preferirão, também neste mês, trocar o rosário por três varetas de incenso exótico ou por uma pagela dedicada ao Yin-yang, pelos quais o Santo Padre pediu que orássemos em janeiro.

Estamos a falar concretamente daqueles irmãos e irmãs que, como diz o Santo Padre, “procuram a Deus ou encontram Deus de muitos modos”, como se todos modos fossem verdadeiros.

A compreensão do fio condutor do argumento desta série, que, não sendo embora a Coronation Street, vai já no 10º episódio da 3ª temporada, exige algum acompanhamento da parte do telespectador.

Nós, portanto, que pertencemos a esse grupo que ainda acredita que Jesus Cristo é o único Deus encarnado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, aceitamos o apelo do Santo Padre à recitação diária do terço e invocaremos o líder da Milícia Celeste para “repelir os ataques do Diabo que quer dividir a Igreja” através da apostasia de muitos dos seus pastores.

Basto 10/2018

Diocese do Porto acusa D. Carlo Maria Viganò de apostasia por não aderir à nova doutrina do Papa Francisco

Num curto comunicado publicado recentemente na sua página oficial, a diocese do Porto acusa o arcebispo D. Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos EUA, de infidelidade e apostasia por não aceitar a novíssima doutrina sobre o casamento e a família introduzida pelo Papa Francisco através da sua controversa exortação Amoris Laetitia que admite o divórcio e o recasamento. O comunicado, sem data e sem assinatura, intitula-se “Com Pedro e sob Pedro” – um título forte para este tempo de dois Pedros.

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In sítio oficial da diocese do Porto, sem data (imagem capturada no dia 05/09/2018).

Falando de apostasia, recordemos que, ainda há pouco tempo, o novo bispo do Porto, D. Manuel Linda, um “fã do Papa Francisco a 200%“, foi notícia internacional depois de se manifestar publicamente a favor da prática sexual entre os recasados que desejam ser uma verdadeira família. Não admira, portanto, que a diocese sediada na urbe invicta venha agora “demonstrar a plena adesão ao magistério e à pessoa do Papa Francisco”.

Basto 9/2018

Athanasius Schneider: Não há razões para duvidar das revelações do Arcebispo Viganò sobre o Papa

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Por John-Henry Westen

27 de agosto, 2018 (LifeSiteNews) – O bispo D. Athanasius Schneider, de Astana, Cazaquistão, um dos bispos que mais fala abertamente sobre a crise de fé que vive a Igreja Católica com Papa Francisco, escreveu um documento em resposta ao testemunho do arcebispo D. Carlo Maria Viganò.

Schneider afirma que “não há motivo razoável e plausível para duvidar da veracidade do conteúdo do documento do arcebispo Carlo Maria Viganò”.

O arcebispo D. Carlo Viganò, que foi núncio apostólico em Washington DC de 2011 a 2016, na semana passada expôs detalhadamente numa carta de 11 páginas que o Papa Francisco encobriu os abusos do ex-cardeal McCarrick.

Schneider reconhece que é extremamente grave e raro que um bispo acuse publicamente um papa reinante, mas ressalta que “o arcebispo Viganò confirmou a sua declaração por meio de um juramento sacro invocando o nome de Deus.”.

O documento de D. Athanasius Schneider é abaixo publicado na íntegra.

***

Reflexão sobre o “Testemunho” do Arcebispo Carlo Maria Viganò, de 22 de agosto de 2018

É um facto raro e extremamente grave, na história da Igreja, que um bispo acuse pública e especificamente o Papa reinante. Num documento recentemente publicado (de 22 de Agosto de 2018), o Arcebispo Carlo Maria Viganò testemunha que, desde há cinco anos, o Papa Francisco tem conhecimento de dois factos: que o Cardeal Theodor McCarrick cometeu violações sexuais contra seminaristas e contra subordinados seus, e que havia sanções que o Papa Bento XVI lhe tinha imposto. Ademais, D. Viganò confirmou a sua declaração por meio de um juramento sacro invocando o nome de Deus. Não há, portanto, motivo razoável e plausível para duvidar da veracidade do conteúdo do documento do Arcebispo Carlo Maria Viganò.

Católicos por todo o mundo, simples fiéis, os “pequenos”, estão profundamente chocados e escandalizados com os graves casos recentemente divulgados, nos quais autoridades da Igreja encobriram e protegeram clérigos que cometeram abusos sexuais contra menores e contra seus próprios subordinados. Tal situação histórica, que a Igreja vive em nossos dias, requer absoluta transparência em todos os níveis da hierarquia da Igreja e, em primeiro lugar, evidentemente, do próprio Papa.

É completamente insuficiente e nada convincente que as autoridades da Igreja continuem a formular apelos genéricos de tolerância zero em casos de abusos sexuais por parte de clérigos e pelo fim do encobrimento desses casos. Igualmente insuficientes são os apelos estereotipados de perdão em nome das autoridades da Igreja. Esses apelos à tolerância zero e pedidos de perdão só se tornarão credíveis se as autoridades da Cúria Romana lançarem as cartas à mesa, dando o nome e sobrenome de todos aqueles na Cúria Romana – independentemente da sua posição e título – que encobriram os casos de abusos sexuais de menores e de subordinados.

A partir do documento de D. Carlo Viganò pode retirar-se as seguintes conclusões:

  1. Que a Santa Sé e o próprio Papa começarão a expurgar da Cúria Romana e do episcopado, sem compromissos,  os grupos e redes homossexuais.
  2. Que o Papa proclamará de maneira inequívoca a doutrina Divina sobre o caráter gravemente pecaminoso dos atos homossexuais.
  3. Que serão publicadas normas peremptórias e detalhadas que impedirão a ordenação de homens com tendência homossexual.
  4. Que o Papa restaurará a pureza e a inequivocidade de toda a doutrina Católica no ensinamento e na pregação.
  5. Que será restaurada na Igreja, pelo ensinamento pontifício e episcopal e por normas práticas, a sempre válida ascese Cristã: os exercícios do jejum, da penitência corporal, da abnegação.
  6. Que serão restaurados na Igreja o espírito e a praxe de reparação e expiação pelos pecados cometidos.
  7. Que haverá na Igreja um processo seletivo, garantido seguramente, de candidatos ao episcopado, que sejam comprovadamente homens de Deus; e que seria melhor deixar as dioceses vários anos sem um bispo do que nomear um candidato que não fosse um verdadeiro homem de Deus na oração, na doutrina e na vida moral.
  8. Que se iniciará na Igreja um movimento, especialmente entre cardeais, bispos e padres, de renúncia a qualquer compromisso e namorico com o mundo.

Não causaria surpresa se a oligarquia dos meios de comunicação social dominantes a nível internacional, que promove a homossexualidade e a depravação moral, começasse a denegrir a pessoa do Arcebispo Viganò e deixasse o núcleo do assunto do seu documento cair no esquecimento.

No meio da difusão da heresia de Lutero e da profunda crise moral de uma parte considerável do clero e especialmente da Cúria Romana, o Papa Adriano VI escreveu as seguintes surpreendentes e francas palavras, dirigidas à Dieta Imperial de Nuremberg, em 1522: “Sabemos que, por algum tempo, muitas abominações, abusos em assuntos eclesiais e violações de direitos ocorreram na Santa Sé; e que tudo foi corrompido para pior. A corrupção passou da cabeça para os membros, do Papa para os prelados: todos nós nos desviamos; não houve um que agisse bem, não, nem um”.

Firmeza e transparência em constatar e confessar os males na vida da Igreja ajudarão a iniciar um eficiente processo de purificação e renovação espiritual e moral. Antes de condenar os outros, todo o detentor de cargo eclesiástico na Igreja, independentemente da posição e título, deve questionar-se, na presença de Deus, se ele próprio encobriu de alguma forma abusos sexuais. Descobrindo-se culpado, deveria confessá-lo publicamente, pois a Palavra de Deus o admoesta: “Não te envergonhes de reconhecer a tua culpa” (Ecl. 4:26). Pois, como São Pedro, o primeiro Papa, escreveu: “chegou o tempo do juízo, a começar pela Casa (Igreja) de Deus” (1 Pedro 4:17).

† Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria em Astana

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 27 de agosto de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 8/2018

Arcebispo italiano acusa Francisco de encobrir casos de pedofilia e pede-lhe que renuncie

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Numa carta explosiva, o arcebispo D. Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos EUA, acusa o Papa Francisco de ter encoberto os casos de pedofilia que envolviam o cardeal americano D. Theodore McCarrick e, portanto, pede-lhe que resigne. McCarrick perdera há poucos dias o título cardinalício por causa das escandalosas acusações de que tem sido alvo nos EUA.

A carta chegou à comunicação social durante a visita do Santo Padre à Irlanda para participar no Encontro Mundial das Famílias 2018, em Dublin, onde o abuso de menores por parte de elementos do clero católico foi um dos temas mais sonantes. Durante a visita, Francisco invocou o “perdão do Senhor”, falou de “sofrimento”, “vergonha” e criticou o “fracasso das autoridades eclesiásticas” em lidar adequadamente com estes “crimes desprezíveis”.

A carta foi publicada em italiano pelo vaticanista Edward Pentin (o Life Site News disponibilizou entretanto a tradução em inglês).

Viganò afirma que o Santo Padre tinha conhecimento, pelo menos desde há cinco anos, de que o cardeal McCarrick “era um predador em série”. Segundo ele, muita gente dentro do Vaticano sabia perfeitamente das razões pelas quais Bento XVI tinha imposto sanções sobre McCarrick, nomeadamente em alguns dos círculos mais próximos de Francisco e normalmente associados ao lobby gay eclesiástico.

No que diz respeito à Cúria Romana, por enquanto vou parar por aqui, mesmo que os nomes de outros prelados no Vaticano sejam bem conhecidos, mesmo alguns muito próximos do Papa Francisco, como o Cardeal Francesco Coccopalmerio e o Arcebispo Vincenzo Paglia, que pertencem à corrente homossexual que favorece a subversão da doutrina católica sobre a homossexualidade… Os cardeais Edwin Frederick O’Brien e Renato Raffaele Martino também pertencem à mesma corrente, embora com uma ideologia diferente. Outros que pertencem a esta corrente residem até mesmo na Domus Sanctae Marthae.

(D. Carlo Maria Viganò, 22/08/2018 – tradução livre)

O arcebispo dá a entender que a preocupação do Papa era meramente o jogo político…

Comecei a conversa, perguntando ao Papa o que queria ele dizer com as palavras que me dirigira quando o cumprimentei na sexta-feira anterior. E o Papa, num tom muito diferente, amistoso, quase afetuoso, disse-me: “Sim, os Bispos nos Estados Unidos não devem ser ideologizados, não devem ser de direita como o Arcebispo de Filadélfia (o Papa não me referiu o nome do arcebispo), devem ser pastores; e não devem ser de esquerda – e acrescentou, levantando ambos os braços – e quando eu digo de esquerda quero dizer homossexuais.” Claro, a lógica da correlação entre ser de esquerda e ser homossexual escapou-me, mas eu não acrescentei mais nada.

Imediatamente depois, o Papa perguntou-me de um modo enganoso: “Como é o Cardeal McCarrick?” Respondi-lhe com toda a franqueza e, diria mesmo, com grande ingenuidade: “Santo Padre, não sei se conhece o Cardeal McCarrick, mas, se perguntar à Congregação para os Bispos, existe um pesado dossiê sobre ele. Ele corrompeu gerações de seminaristas e sacerdotes e o Papa Bento XVI ordenou que ele se retirasse para uma vida de oração e penitência.” O Papa não fez o menor comentário sobre aquelas gravíssimas palavras e não demonstrou qualquer expressão de surpresa no rosto, como se já soubesse do assunto há algum tempo, e mudou imediatamente de assunto. Mas então, qual era o propósito do Papa em fazer-me esta pergunta: “Como é o cardeal McCarrick?” Ele queria obviamente saber se eu era ou não um aliado de McCarrick.

(D. Carlo Maria Viganò, 22/08/2018 – tradução livre)

O arcebispo lança, deste modo, uma acusação formal grave sobre o Papa Francisco e convida-o a renunciar ao Papado.

Quero relembrar esta infalível verdade da santidade da Igreja a muitas pessoas que foram tão profundamente escandalizadas pelo comportamento abominável e sacrílego do ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick; pela grave, desconcertante e pecaminosa conduta do Papa Francisco e pela conspiração do silêncio de tantos pastores, e que são tentados a abandonar a Igreja, desfigurada por tantas ignomínias. No Angelus de domingo, 12 de agosto de 2018, o  Papa Francisco disse estas palavras: “Todos são culpados pelo bem que poderiam ter feito e não fizeram… Se não nos opomos ao mal, nós o alimentamos tacitamente. Temos de intervir onde o mal se está a espalhar; porque o mal espalha-se onde faltam cristãos ousados ​​que se opõem ao mal com o bem”. Se isto é corretamente considerado uma séria responsabilidade moral para todo crente, muito mais grave é para o supremo pastor da Igreja, que, no caso de McCarrick, não apenas não se opôs ao mal como também se envolveu pessoalmente ao fazer o mal com alguém que ele sabia ser profundamente corrupto. Seguiu o conselho de alguém que ele sabia bem que era um pervertido, multiplicando assim exponencialmente, com sua autoridade suprema, o mal feito por McCarrick. E quantos outros pastores maléficos continua Francisco que continua a manter na destruição ativa da Igreja!

Francisco está a abdicar do mandato que Cristo deu a Pedro para confirmar os irmãos. De facto, através da sua ação, ele dividiu-os, conduziu-os ao erro e encorajou os lobos a continuarem a afastar as ovelhas do rebanho de Cristo.

Neste momento extremamente dramático para a Igreja universal, deve reconhecer os seus erros e, seguindo o princípio proclamado de tolerância zero, o Papa Francisco deve ser o primeiro a dar um bom exemplo aos cardeais e bispos que encobriram os abusos de McCarrick e demitir-se juntamente com todos eles.

(D. Carlo Maria Viganò, 22/08/2018 – tradução livre)

Abordado sobre o assunto no voo de regresso da Irlanda, nas suas habituais entrevistas a bordo do avião papal, Francisco escusou-se a comentar o assunto.

O momento pelo qual atravessa a Santa Igreja de Cristo é de facto muito grave e só não vê quem não quer mesmo ver!

Basto 8/2018