
A reunião “pré-sinodal” de “jovens”, que incluiu não-crentes e vários tipos de críticos da Igreja, presidida pelo Papa e pela mesma equipa de manipuladores sinodais que manobrou os Sínodos de 2014-2015, é uma amostra prévia do avanço na subversão eclesial que terá lugar na sala sinodal no próximo mês de outubro.
No seu discurso aos presentes, o Papa Francisco declarou que “os jovens” são a voz de Deus a falar à Igreja de hoje, confundindo a generalidade da juventude de hoje com verdadeiros profetas bíblicos como David, Samuel e Daniel, os quais, segundo Francisco, guiaram um “povo desorientado” em tempos de confusão. Por outras palavras, de acordo com Francisco, a Igreja “desorientada” deve ser guiada pela sabedoria profética dos jovens, em vez de serem os jovens guiados pelo ensinamento constante da Igreja. De acordo com esta inversão absurda da realidade, prosseguiu Francisco, “toda agente tem o direito de ser escutada”, incluindo os não-crentes convidados a participar neste encontro e no próprio Sínodo que se aproxima.
Os procedimentos incluíam uma sessão de perguntas e respostas durante a qual uma mulher nigeriana indignada, que havia sido forçada à prostituição, teve direito ao pódio para ler um texto em italiano, que mal conseguia pronunciar, em que exigia ao Papa que explicasse como uma Igreja que é “ainda muito chauvinista” (maschilista, que também significa “sexista”) pode, com credibilidade, “propor aos jovens formas de relação entre homens e mulheres que sejam livres e libertadoras” – como se a Igreja estivesse de algum modo implicada no tráfico sexual ao qual ela tinha sido submetida.
A questão era, ainda por cima, bastante manhosa, uma vez que o Papa Francisco dera já luz verde para que a Sagrada Comunhão seja administrada a adúlteros públicos que estão divorciados e fingem estar “recasados”, consentindo assim o que o Papa Leão XIII havia denunciado como “concubinato legalizado em vez do casamento”. O divórcio é pouco mais do que um arranjo libertador para as mulheres, para aquelas que são abandonadas pelos maridos ou as que são exploradas por homens que se propõem a “casar “com elas em cerimónias civis prontamente revogáveis que resultam em nada para além de adultério público .
A questão seria melhor colocada desta forma: Como pode Francisco credivelmente propor relações livres e libertadoras entre homens e mulheres quando ele próprio subverteu o respeito pela indissolubilidade do Santo Matrimónio, no qual o casal vive a verdade sobre o casamento que os torna livres [?] – livres da escravidão do pecado que resulta de uma vida baseada no mal intrínseco das relações sexuais fora do casamento.
Depois de abraçar a mulher sobre o estrado, o Papa elogiou a sua provocação arrogante que considerandou “uma pergunta sem anestesia”, arrancando risos da plateia de jovens e confirmando assim a impressão de que a exploração das mulheres pelos homens é, de algum modo, culpa da Igreja “sexista”. Depois prosseguiu observando que parece que a maioria dos clientes de prostitutas em Itália são católicos – como se isso fosse culpa da Igreja e não culpa dos católicos que desobedecem ao seu ensinamento sobre a natureza mortalmente pecaminosa das relações sexuais exteriores ao casamento, ensinamento este que o próprio Papa Francisco está a subverter. Citando o infame ¶ 301 da Amoris Laetitia:
“Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão numa situação chamada «irregular» vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante. Os limites não dependem simplesmente dum eventual desconhecimento da norma. Uma pessoa, mesmo conhecendo bem a norma, pode ter grande dificuldade em compreender «os valores inerentes à norma» ou pode encontrar-se em condições concretas que não lhe permitem agir de maneira diferente e tomar outras decisões sem uma nova culpa.”
– como se alguém não tivesse escolha a não ser continuar a cometer o pecado do adultério para evitar algum outro pecado! Nunca na história da Igreja um Papa propôs tal absurdo moral.
Durante uma divagação, uma discussão informal sobre os males do tráfico sexual e da prostituição, Francisco, à sua maneira habitual, colocou uma questão a si próprio: “«Mas, padre, não se pode fazer amor?» Isso não é fazer amor, isso é torturar uma mulher. Não confundamos os termos. Isso é crime.” O que implica que relações sexuais fora do casamento sob o disfarce de “amor” possam ser consideradas positivas, em comparação com o recurso a prostitutas, quando se sabe que ambas as situações são mortalmente pecaminosas e absolutamente proibidas em qualquer circunstância.
Francisco concluiu afirmando: “Quero aproveitar este momento, uma vez que falou sobre os cristãos batizados, e pedir-lhe perdão pela sociedade e por todos os católicos que praticam este ato criminoso”. Mais uma sugestão de que a Igreja é de algum modo culpada pelos pecados daqueles que se recusam a seguir o que ela ensina a respeito do mal intrínseco das relações sexuais extraconjugais. E no entanto, é precisamente esse ensinamento que, incrivelmente, o próprio Papa Francisco descreve como uma mera “regra” nem sempre vinculante.
O Sínodo da “juventude” é mais uma iminente catástrofe para a Igreja e isso tornou-se bastante claro, durante este desastre, quando uma tal Angela Markas, da Autrália, que também teve direito ao pódio, “disse a Francisco que os jovens querem discussão na Igreja sobre sexualidade, atração homossexual e o papel das mulheres”.
Loucura é a única palavra que descreve o rumo, cada vez pior, deste pontificado. Com uma boa razão, o Pe. John Hunwicke questiona, aludindo à sugestão do conceituado teólogo Pe. Aidan Nichols, se existem “justificações para a situação em que o homem que foi anteriormente Papa promoveu heresia [referindo-se à anatematização póstuma de Honório I por promover a heresia monotelista], então, porque não para um Papa que, prima facie, está a propagar heresia?” A Igreja militante, diz o Padre, “precisa de seguir esse conselho. A sua sobrevivência está, na verdade, divinamente garantida, mas toda a economia da fé assenta no conceito de um Deus que trabalha com e através da sinergia humana”.
Quando uma proposta como esta é sugerida por sacerdotes tão lúcidos quanto o Pe. Hunwicke e o Pe. Nichols, isso deve ser sinal da incomparável gravidade da nossa situação.
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
A edição original deste texto foi publicada pelo Fatima Center a 21 de março de 2018. Tradução: odogmadafe.wordpress.com
Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.
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Basto 3/2018