O cardeal D. Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, que anteriormente terá ficado escandalizado com a atitude de defesa do matrimónio e da família tradicional tomada pelos quatro cardeais dos dubia, exorta-nos agora a mostrar abertura perante o caminho dos “novos tipos de família” sugerido pelo Santo Padre.
A sua declaração surgiu durante a conferência de imprensa realizada no Vaticano, na passada sexta-feira 12 de outubro, no âmbito do chamado Sínodo dos Jovens.
At #Synod2018 Presser; Cardinal Juan José Omella says "As old folks we should not be afraid to embark on this new path the Pope is pointing out to us. It is a path that is leading us to new kinds of families, new family relations, and we should not be afraid to open up to this" pic.twitter.com/t3g0uc0nrb
“Como pessoas maduras, não devemos ter medo de embarcar nesse novo caminho que o Papa nos indica.É um caminho que nos leva a novos tipos de famílias, novas relações familiares, e não devemos ter medo de nos abrir a isso.”
(D. Juan José Omella; in Catholic Sat, 13/10/2018 – tradução livre)
No passado sábado, dia 25 de fevereiro, o Santo Padre discursou para os sacerdotes paroquianos que frequentaram o curso sobre o “novo processo matrimonial” promovido pelo Tribunal da Rota Romana.
Enquanto oferecem este testemunho, seja vosso cuidado também sustentar aqueles que se deram conta do facto de que a sua união não é um verdadeiro matrimónio sacramental e querem sair desta situação. Nesta delicada e necessária obra, façam de modo que os vossos fiéis, vos reconheçam não tanto como especialistas de atos burocráticos ou de normas jurídicas, mas como irmãos que se colocam em atitude de escuta e de compreensão.
Ao mesmo tempo, fazei-vos próximos, com o estilo próprio do Evangelho, no encontro e na acolhida daqueles jovens que preferem conviver sem se casar. Eles, no plano espiritual e moral, estão entre os pobres e os pequenos, para os quais a Igreja, nas pegadas de seu Mestre e Senhor, quer ser mãe que não abandona, mas que se aproxima e cuida.
Também estas pessoas são amadas pelo coração de Cristo. Tenham por elas um olhar de ternura e de compaixão. Este cuidado pelos últimos, precisamente porque emana do Evangelho, é parte essencial da vossa obra de promoção e defesa do Sacramento do matrimónio.
[…]
(Papa Francisco aos Sacerdotes, 25 de fevereiro de 2017, inRadio Vaticano)
Entretanto, a peculiaridade acima destacada foi já tema de um artigo assinado pelo jesuíta Antonio Spadaro, colaborador próximo do Santo Padre, publicado no CyberTeologia e publicitado na sua conta de Twitter.
Convém lembrar que, já em 2016, o Santo Padre elogiava esta forma de convivência amantizada fora do matrimónio cristão:
Outra minha experiência em Buenos Aires: os párocos, quando faziam os cursos de preparação, havia sempre 12-13 casais, não mais, nunca chegavam a 30 pessoas. A primeira pergunta que eu fazia era: «Quantos de vós convivem?». A maioria levantava a mão. Preferem conviver, e este é um desafio, exige trabalho. Não dizer imediatamente: «Por que não te casas na igreja?». Não. Acompanhá-los: esperar e fazer maturar. E fazer maturar a fidelidade.
Contudo digo-vos que vi deveras tanta fidelidade nestas convivências, tanta fidelidade; e estou certo de que este é um matrimónio verdadeiro, têm a graça do matrimónio, precisamente pela sua fidelidade.