Presente de Natal do bispo Schneider: uma lista de “o que fazer” para salvar a fé

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Por John-Henry Westen

22 de dezembro, 2017 (LifeSiteNews) – O bispo do Cazaquistão D. Athanasius Schneider é um pensador muito prático, assim como um grande teólogo, um poliglota e um dos prelados mais corajosos da Igreja Católica. No ano passado, ele ofereceu 12 passos para sobrevivência da família católica numa terra de lixo herético. Agora, numa nova entrevista, ele oferece uma lista de “o que fazer” para os tempos em que vivemos hoje.

Na entrevista, à Polonia Christiana, da Polónia, o bispo Schneider faz uma fascinante comparação dos tempos da heresia ariana com a atual crise da Igreja.

“Durante a grande crise ariana do séc. IV, os defensores da Divindade do Filho de Deus foram rotulados como “intransigentes” e também como “tradicionalistas”, afirmou. “Santo Atanásio foi até excomungado pelo Papa Liberius, tendo o Pontífice justificado isso com o argumento de que Atanásio não estava em comunhão com os bispos orientais, os quais eram, na sua maioria, hereges ou semi-hereges”.

E agora, sem mais demoras:

A lista de tarefas do bispo Schneider para salvar hoje a fé

1. Temos de encorajar os católicos comuns a serem fiéis ao Catecismo que aprenderam, a serem fiéis às palavras claras de Cristo no Evangelho, para serem fiéis à fé que receberam de seus pais e antepassados.

2. Temos de organizar círculos de estudo e conferências sobre o ensino constante da Igreja em relação à questão do casamento e da castidade, convidando especialmente os jovens e os casados.

3. Temos que mostrar a beleza de uma vida em castidade, a beleza do casamento e da família cristã, o grande valor da cruz e do sacrifício nas nossas vidas.

4. Temos de apresentar cada vez mais os exemplos dos santos e de pessoas exemplares que demonstraram que, apesar de terem sofrido as mesmas tentações da carne e a mesma hostilidade e escárnio do mundo pagão, levaram, ainda assim, com a graça de Cristo, uma vida feliz em castidade, num casamento cristão e em família.

5. Temos de fundar e promover grupos de jovens de coração puro, grupos de famílias, grupos de casais católicos que se comprometam com a fidelidade dos seus votos matrimoniais.

6. Temos de organizar grupos para ajudar as famílias mortal e materialmente quebradas e as mães solteiras; grupos para assistir com oração e bons conselhos os casais separados;  grupos e pessoas para ajudar os “divorciados recasados” a iniciar um processo sério de conversão, isto é, reconhecendo com humildade a sua situação pecaminosa e abandonando, com a graça de Deus, os pecados que violam o mandamento de Deus e a santidade do sacramento do matrimónio.

7. Temos de criar grupos para ajudar cuidadosamente as pessoas com tendências homossexuais a entrar no caminho da conversão cristã, o caminho feliz e belo de uma vida casta, oferecendo-lhes eventualmente, de forma discreta, uma cura psicológica.

8. Temos de mostrar e pregar aos nossos contemporâneos do mundo neopagão a Boa Nova libertadora ensinada por Cristo, que os mandamentos de Deus – mesmo o sexto mandamento é sábio – são belos: “A lei do Senhor é perfeita, reconforta o espírito; as ordens do Senhor são firmes, dão sabedoria ao homem simples. Os mandamentos do Senhor são retos, alegram o coração; os preceitos do Senhor são claros, iluminam os olhos (Sl 19, [18]: 7-8).”

9. Cardeais, bispos, sacerdotes, famílias católicas e jovens católicos têm de dizer a si mesmos: recuso conformar-me com o espírito neopagão deste mundo, mesmo quando esse espírito é propagado por alguns bispos e cardeais; não aceito que façam uso falacioso e perverso da misericórdia, que é santa e divina, e do “novo Pentecostes”; recuso lançar incenso diante da estátua do ídolo da ideologia do género, do ídolo dos segundos casamentos e do concubinato, mesmo que o meu bispo o faça, eu não o farei; com a graça de Deus, eu prefiro sofrer do que trair toda a verdade de Cristo sobre a sexualidade humana e o casamento.

A entrevista completa com o bispo Schneider encontra-se aqui [em inglês].

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 22 de dezembro de 2017. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do artigo acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 12/2017

A 27ª pergunta, e a resposta…

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Faz hoje precisamente 100 anos que Nossa Senhora revelou o Segredo de Fátima a três crianças portuguesas, na Cova da Iria.

No manuscrito da sua IV Memória, concluído em Tuy, a 8 de dezembro de 1941, a Ir. Lúcia acabaria por acrescentar uma informação sobre Portugal a tudo o que já tinha dito e escrito anteriormente a respeito do Segredo ou da aparição de 13 de julho. Trata-se da famosa meia-frase que abre o Segredo de Fátima.

Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém.

(in IV Memória da Ir. Lúcia, 1941)

Então, faz também precisamente hoje 100 anos que Nossa Senhora disse que a Fé se conservaria em Portugal. Essa informação – assim como todas as outras contidas no famoso “etc” – destinava-se exclusivamente ao Bispo de Leiria ou ao Patriarca de Lisboa. Falta saber se era apenas uma simples profecia circunscrita a um espaço geográfico ou também uma ordem dirigida ao clero e ao povo português.

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Vista parcial do manuscrito da IV Memória da Ir. Lúcia, concluído 8 de dezembro de 1941

Mas terá Nossa Senhora mesmo afirmado que a Fé se conservará sempre em Portugal, ou isso foi entretanto “inventado” pela Ir. Lúcia? Perante esta ridícula questão, subtilmente sugerida ou respondida por alguns dos famosos especialistas em “fatimologia”, temos duas opções: damos crédito ao que a Ir. Lúcia escreveu ou, em alternativa, acreditamos naqueles que gostam de falar por ela – um grupo de eruditos em franco crescimento.

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Ir. Lúcia na sua visita à Capelinha das Aparições em 22 de maio de 1946

A Ir. Lúcia teve de responder, por escrito, a vários questionários em forma de carta, com o objetivo de aclarar informações e detalhes relativos às aparições – só no ano de 1946 resondeu a três, pelo menos – um deles, bastante exaustivo nas suas 65 perguntas, foi endereçado pelo advogado francês, residente em Marrocos, J. Goulven. As respostas a este questionário foram apresentadas pela Ir. Lúcia num documento que terá sido firmado com a data 30 de junho de 1946.

27ª pergunta e respetiva resposta:

27 – Foi de facto dito que a Rússia se há-de converter, e que Portugal conservará a Fé? Quais as palavras exactas pronunciadas por Nossa Senhora nessa aparição?

27ª pergunta – Sim; é verdade.

(in “Novos Documentos de Fátima”, 1984, p. 348, reportando para os manuscritos da Ir. Lúcia do Arq. Sebastião Martins dos Reis, PC, 69-86)

No livro “Novos Documentos de Fátima”, no final da reprodução da reposta que a Ir. Lúcia deu à 27ª pergunta, o editor acrescentou uma breve nota de rodapé nestes termos: “Como se vê, a Irmã Lúcia não respondeu à 2ª parte da pergunta”. Respondeu contudo à primeira, como podemos constatar, referindo-se claramente à conversão da Rússia e à conservação da Fé em Portugal de forma afirmativa.

Faz hoje também 100 anos que Nossa Senhora prometeu a conversão da Rússia. Sem entrarmos na fastidiosa discussão em torno da validade das consagrações realizadas pelos vários Papas durante o séc. XX, temos de questionar uma vez mais todos aqueles que festejam a conversão da Rússia: a Rússia converteu-se a quê? O verbo “converter” pertence à classe dos verbos transitivos, implica a existência de um complemento, ainda que possa não ser referido de forma explícita. E esta questão continua a fazer muito sentido…

Hoje, precisamente, as celebrações da peregrinação aniversária do 13 de julho, em Fátima, foram presididas pelo arcebispo de Moscovo, D. Paolo Pezzi, em representação de uma parca minoria de católicos atualmente existente na Rússia.

Basto 7/2017