Oito anos depois da anexação da Crimeia, a nostalgia do imperialismo soviético leva Vladimir Putin a reconhecer a independência de duas regiões controladas por rebeldes e mercenários putinistas no Leste da Ucrânia.
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Basto 02/2022
Oito anos depois da anexação da Crimeia, a nostalgia do imperialismo soviético leva Vladimir Putin a reconhecer a independência de duas regiões controladas por rebeldes e mercenários putinistas no Leste da Ucrânia.
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Basto 02/2022
Com a intensificação dos combates no leste da Ucrânia, o Arcebispo-mor da Igreja Católica Ucraniana advertiu contra as atitudes de “apaziguar o agressor” na guerra contra os separatistas apoiados pelos russos, que já dura há cinco anos.
“Por mais que tentemos curar as feridas da guerra, não disso terá um efeito definitivo até que o agressor pare de infligir essas feridas.”
Assim explicou o Arcebispo-mor Sviatoslav Shevchuk, de Kiev-Halic, acrescentando:
“Paz não pode significar capitulação e submissão – isso seria uma imitação de paz com consequências piores do que a própria guerra. […] Seria apenas uma mudança na maneira como as pessoas são feridas.”
O arcebispo prestou estas declarações à agência de notícias ucraniana Censor.net, no dia 14 de agosto, na mesma altura em que as agências internacionais davam conta de novas mobilizações e bombardeamentos de forças apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia, inclusive em torno do porto sitiado de Mariupol, no Mar de Azov.
Afirmou ainda que o conflito nas auto-proclamadas “repúblicas populares” de Donetsk e Luhansk “abriu uma cicatriz viva” na sua Igreja, deixando 11 paróquias sob controlo separatista e impossibilitando o bispo local de regressar à região ao longo dos últimos cinco anos.
Outras cinco paróquias católicas na Crimeia, anexadas à força pela Rússia em 2014, têm funcionando agora sob “o cuidado pessoal” do Vaticano, disse o arcebispo Shevchuk.
“Eu tentei dar voz àqueles que sofrem com esta guerra e transmitir o que deve ser uma verdadeira paz.”
O líder dos católicos ucranianos disse ainda:
“Nós sabemos, da história, que apaziguar o agressor apenas alimenta seu apetite. É muito importante falar sobre a dor que o nosso povo sofre e lembrar, quando negociamos com um agressor destes, os olhos de uma mãe que perdeu o seu filho na guerra. Nós devemos ser a voz dessas pessoas afetadas. Até que sejam honradas e compensadas pelo mal que lhes fizeram, que justiça poderão elas esperar?”
A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que pelo menos 13.000 soldados e civis foram mortos e 30.000 feridos durante o conflito no leste da Ucrânia, onde 60.000 tropas ucranianas se mantêm ao longo de uma linha de 400 quilómetros, frente a 35.000 separatistas, mercenários estrangeiros e militares russos.
Nos dias 14 e 15 de agosto, o Ministério da Defesa da Ucrânia denunciou 25 violações do cessar-fogo de 21 de julho.
Uma missão especial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) denunciou que desaparecera um drone de reconhecimento sobre Obozne, uma localidade ocupada pelos separatistas a norte de Luhansk, e que havia documentado a mobilização de tanques, obuses e armas antitanque para além das linhas de retirada estabelecidas, violando os acordos assinados em Minsk, Bielorrússia, em 2014 e 2015.
Na sua entrevista ao Censor.net, o arcebispo Shevchuk disse estar satisfeito por o presidente Volodymyr Zelenskiy, um ex-ator e humorista eleito em maio, encarar a guerra como “o seu desafio mais importante” e estar pronto para escutar a posição dos católicos ucranianos através de conversas e partilha.
“A Ucrânia está a sofrer porque um agressor deseja destruir nosso Estado – um Estado que é um bem comum, não apenas para os ucranianos na Ucrânia, mas para todas as pessoas, independentemente da pertença religiosa ou nacional.”
As igrejas católicas orientais e latinas da Ucrânia, juntamente com 50 associações religiosas e organizações de direitos humanos, subscreveram uma petição de 25 de julho dirigida à ONU, à União Europeia e a outras organizações internacionais, instando a Rússia a libertar os reféns e prisioneiros de guerra, a acabar com a “perseguição política” na Crimeia e no leste da Ucrânia e ainda a permitir a liberdade religiosa e o acesso irrestrito a observadores internacionais.
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Basto 08/2019