O assunto não é novo, já aqui tinha sido referido anteriormente, mas é impossível permanecermos indiferentes a tanto interesse pastoral. Por exemplo, o próprio Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Conferência Episcopal Portuguesa, tem dado um enorme destaque ao culto que ali se presta. A fama da capela é tal que todos ali querem ir prestar culto ao “espaço” e também à santinha do sr. Andresen!
Pois, “essa profanação”, de facto…
O local de culto tornou-se tão popular que até os mais ilustres peregrinos da nação portuguesa ali se deslocam para, devotamente, partilharem um banco com a santinha. Estaremos perante uma nova forma de romaria urbana?

Emocionado, François Nicolas [músico francês] terá perguntado a Asbjørn Andresen, autor da escultura, num misto de admiração e questionamento: «Como é possível isto estar a acontecer em Braga? Que está na raiz destes novos paradigmas para a Igreja?» A estas e outras perguntas Asbjørn Andresen, demorando-se, irrompeu do silêncio com uma outra questão: «Porque nasceu Jesus em Belém?».
(in Pastoral da Cultura, 28/11/2016)
O espanto do sr. François acaba por não espantar ninguém, uma vez que Braga é afinal a “Roma Portuguesa”. Remetendo-nos para o tempo dos Suevos e dos Visigodos, a sua arquidiocese é muito anterior à fundação do Reino de Portugal. Tem rito litúrgico próprio, embora desprezado pelos clérigos locais, e o seu arcebispo ostenta, até hoje, o título de Primaz das Espanhas.
A resposta do escultor, em forma de pergunta, também convida à reflexão.
Algumas das abordagens pastorais mais inovadoras visam, na opinião de alguns, evitar a “idolatria” na religião, no entanto, o significado deste conceito é também bastante discutível.
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Basto 6/2017