Papa Francisco: guardar a Verdade não significa tornar-se guardiões de um sistema de doutrinas e dogmas

Na pregação da Santa Missa para os fiéis de Mianmar, celebrada na Basílica de São Pedro, a 16 de maio de 2021, na Solenidade da Ascensão do Senhor, o Santo Padre ensina-nos que não precisamos de guardar a Verdade Cristã, expressa na doutrina e nos dogmas católicos, para permanecermos ligados a Cristo e ao seu Evangelho… Francisco só não explica que [anti]cristo e [anti]evangelho são esses que poderão existir para além da Verdade Cristã guardada no referido “sistema de doutrinas e dogmas” católicos.

Mais à frente, de um modo ainda mais paradoxal, o mesmo Santo Padre adverte-nos para não dobrarmos o Evangelho às lógicas humanas e mundanas…

Por fim, terceira coisa, guardar a verdade. Jesus pede ao Pai para consagrar na verdade os seus discípulos, que são enviados por todo o mundo a fim de continuar a sua missão. Guardar a verdade não significa defender ideias, tornar-se guardiões dum sistema de doutrinas e dogmas, mas permanecer ligados a Cristo e consagrados ao seu Evangelho. A verdade – no dizer do apóstolo João – é o próprio Cristo, revelação do amor do Pai. Jesus reza para que os discípulos, vivendo no mundo, não sigam os critérios deste mundo. Que não se deixem fascinar pelos ídolos, mas guardem a amizade com Ele; que não dobrem o Evangelho às lógicas humanas e mundanas, mas guardem íntegra a sua mensagem. Guardar a verdade significa ser profeta em todas as situações da vida, isto é, consagrar-se ao Evangelho e tornar-se sua testemunha mesmo quando o preço a pagar seja o de ir contra corrente. Às vezes nós, cristãos, procuramos transigir, mas o Evangelho pede-nos que estejamos na verdade e sejamos pela verdade, dando a vida pelos outros. 

In www.vatican.va

Mas não é precisamente essa ideologia da fraternidade universal vazia de verdade cristã, pregada pelo Santo Padre na mesma homilia, o tal dobrar do Evangelho a lógicas humanas e mundanas?

Basto 05/2021

Bergoglio aplaudiu o anúncio da vinda do Anticristo

Um ano antes do conclave que elegeu Francisco, o então cardeal D. Jorge Mario Bergoglio aplaudiu o discurso do Rabino Abraham Skorka quando este anunciou, em Buenos Aires, a futura vinda de um – falso – messias e a necessidade de preparar o seu caminho. Isto aconteceu em 2012 quando a Pontifícia Universidade Católica Argentina, para celebrar os 50 anos do Concílio Vaticano II, atribuiu o título de Professor Honoris Causa a um teólogo talmudista que, obviamente, não acredita que Jesus Cristo é o Messias de Deus.

O reitor dessa universidade católica era o arcebispo D. Víctor Manuel (“Tucho”) Fernández, tendo sido nomeado por Bergoglio para o cargo. “Tucho” era, já na altura, o autor do livro erótico “Cura-me com a tua boca” e, mais tarde, viria a ser o alegado “escritor fantasma” da controversa exortação papal que admite o divórcio e o recasamento civil.

Basto 11/2018

O Anticristo de Signorelli

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Este fascinante fresco foi pintado pelo artista renascentista Luca Signorelli, entre 1499 e 1502, na capela da Madona de San Brizio, Catedral italiana de Orvieto. O nome pelo qual esta obra é internacionalmente conhecida pode traduzir-se para qualquer coisa como: “sermão e façanhas do anticristo”. Muitos críticos de arte consideram que esta deve ter sido, na perspetiva do autor, a obra mais importante da sua carreira, pelo facto se ter incluído  também a ele próprio nesta pintura mural, retratando-se como observador.

No interior da capela de San Brizio, Luca Signorelli interpreta várias cenas interessantes do Apocalipse de São João, seguindo uma hermenêutica mais ou menos tradicional na tradição cristã. A riqueza artística desta obra é tal que precisaríamos de várias horas de observação, de cima de uma escada móvel, para tentarmos descodificar todos os seus pormenores aí representados. Por agora, centremo-nos apenas nas cenas principais.

 

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Mapa das principais cenas representadas.

 

1. O Anticristo

É um falso Cristo que, de cima de um pedestal, pregas as palavras ditadas pelo demónio. A sua falsa doutrina atraiu a maior parte da humanidade, homens e mulheres de várias raças, idades e classes sociais. No grande grupo de seguidores do anticristo, está também incluída a Igreja institucional, representada pela mulher (6) e pelo frade que se encontra junto dela, indiferentes aos cristãos que estão a ser martirizados mesmo junto de si (5B).

O Anticristo tem todo o ouro a seus pés, ele é dono das riquezas mundanas, o centro gravitação dos fluxos do tesouro.

A sua falsa doutrina disseminou-se por todo o lado, as pessoas da multidão que se encontram debaixo da sua influência não estão todas a olhar para o mesmo ponto, eles interagem virados em várias direções mas, ao mesmo tempo, mantêm-se ligados a uma matriz comum cujo núcleo é o Anticristo. Por outro lado, a presença física do Anticristo não se cinge apenas a um único lugar ou a instituição. Num primeiro plano do quadro, ele apresenta-se como o homem bondoso, aprazível, sedutor, a quem as pessoas seguem de livre vontade (1), mas depois aparece noutro plano, à frente do Templo para ser adorado, decretando a morte daqueles que recusaram segui-lo (5A).

 

2. O Falso Profeta

O Falso Profeta cai do alto sobre aqueles que o esperavam. Luca Signorelli representou-o como sendo o grande castigo lançado pela espada do Anjo de Deus sobre a humanidade, trazendo a desgraça e a morte consigo. Quando a humanidade, insatisfeita com a Verdade revelada, impenitente e orgulhosa, ousa pedir a Deus uma nova doutrina que vá ao encontro dos seus desejos e prazeres mundanos, que pior castigo poderia cair sobre eles senão pastores que predicam o que essas pessoas querem ouvir? É um castigo espiritual, acompanhado de violento sofrimento físico, visível nas expressões dos atormentados.

 

3. O Templo sitiado

O Templo foi invadido e tomado por homens aramados, num contexto de tumultos e violência, próprios de uma invasão ou revolução de larga escala com mais soldados a caminho.

É difícil impedir que esta imagem nos traga à memória a fachada principal e a balaustrada da Basílica de São Pedro, apesar de a sua construção ter sido concluída apenas em 1626, mais de um século depois da obra de Signorelli.

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Basílica de São Pedro, vista de Santo Ângelo

 

4. A Igreja verdadeira

O que resta da verdadeira Igreja de Cristo é um pequeno grupo coeso, que se mantém agarrado aos livros, às escrituras, à tradição. Rejeitaram os ensinamentos do Anticristo para se posicionarem junto de um pastor que predica a Verdade de sempre.

 

5. Martírio

Muitos cristãos verdadeiros, por não aderirem à falsa doutrina (5B) nem prestarem culto à besta (5A), são martirizados.

 

6. A mulher adultera

A Igreja institucional, representada pela mulher, que deveria ser a esposa fiel de Cristo, atraiçoa-O. O artista representou-a como alguém que se vende, que se prostitui, aceitando moedas de um mercador. Ela também aderiu ao sermão do Anticristo, encontrado-se debaixo do seu domínio.

 

7. Falsos milagres

As pessoas ficam maravilhadas com o milagre aparentemente realizado.

 

8. Luca Signorelli e Fra Angelico

Crê-se que estas duas figuras sejam Luca Signorelli e o monge dominicano Fra Angelico. O primeiro é o autor da obra, e o segundo é um dos artistas que o precederam nas pinturas murais da Capela da Madona de San Brizio. Fra Angelico, também conhecido por Beato Angelico, é considerado padroeiro dos artistas, tendo sido beatificado, em 1982, durante o pontificado de João Paulo II.

Esta obra de Signorelli insere-se num conjunto de vários frescos da capela da Madona de San Brizio que interpretam cenas do Apocalipse e do Juízo Final.

 

 

Basto 3/2016