Mons. Georg Gänswein: carta apostólica de Francisco partiu o coração de Bento XVI

Numa entrevista recente, conduzida por Guido Horst para o semanário católico alemão Die Tagespost, o arcebispo D. Georg Gänswein, secretário pessoal do Papa Bento XVI, afirma que a publicação do motu proprio “Traditionis custodes” pelo Papa Francisco deve ter partido o coração a Bento XVI.

Um dos grandes legados de Bento XVI foi ter harmonizado institucionalmente as duas formas do Rito Romano, com o seu motu proprio “Summorum Pontificum”, em 2007, através do qual restabeleceu o Usus Antiquior de celebração da Santa Missa, sem anular o Novus Ordo, generalizado na Igreja Católica Latina depois do Concílio Vaticano II. Dessa forma sábia e inspirada por Deus, o Santo Padre Bento XVI conseguiu reunir as ovelhas que, de uma forma ou de outra, se dispersaram após a introdução das alterações litúrgicas pós-conciliares.

O Papa Francisco, conhecido por participar em diversões e aberrações litúrgicas antes de chegar a Roma, resolveu destruir a harmonia estabelecida por Bento XVI, abolindo praticamente o Usus Antiquior de celebração da Santa Missa, através da publicação do seu motu proprio “Traditionis custodes”, em 2021.

Não terá sido isso um dos “tiros e setas” da visão do Terceiro Segredo de Fátima?

Discurso do Cardeal Ottaviani sobre o Segredo de Fátima, no cinquentenário das aparições

Cardeal Ottaviani ao lado do Papa João XXIII.

Discurso proferido pelo cardeal D. Alfredo Ottaviani, a 11 de fevereiro de 1967, na Pontifícia Academia Mariana Internacional (o sublinhado é nosso):

Se se trata de um segredo, como posso eu revelar o «segredo»?
De qualquer maneira tratarei de algumas questões circunstanciais acerca do «Segredo de Fátima», como disse muito bem o Rev. Pe. Balic.
A primeira vez que estive em Fátima foi em 1955. Enquanto ia na estrada que me conduzia à Cova da Iria já era edificado pela piedade, pelo espírito de sacrifício e de oração que tantos filhos do povo me davam, caminhando por aquela estrada, carregados com os mantimentos e os objectos indispensáveis para passar a santa noite comemorativa do acontecimento do dia 13 de Outubro de 1917.
E quando, subitamente, cheguei ao alto da Cova da Iria, pareceu-me ter posto os pés na casa da Mãe, pareceu-me sentir a palavra da Mãe que repetia: oração e penitência.
Toda aquela boa gente, milhares e milhares de pessoas que passavam a noite ao relento, em orações e cânticos, em cânticos e orações, enquanto as chamas de milhares de velas pareciam incendiar a grande praça diante da Basílica, toda aquela gente, digo, me deu a autêntica impressão de que compreendia bem o espírito da Mensagem de Fátima.       
A Santíssima Virgem, ao colocar o Seu pé virginal na terra da Cova da Iria e destarte santificando-a, na Sua conversa com a pequena Lúcia confiou-lhe três mensagens. Uma dizia respeito à própria Lúcia, aos seus mais íntimos sentimentos familiares, a predição de que o Francisco e a sua irmãzita Jacinta iriam em breve para o Céu. E a profecia verificou-se exactamente em pouco tempo. Ali, na Basílica agora construída na Cova da Iria, à direita e à esquerda do altar-mor, pode ver-se a pedra sepulcral do lugar onde os restos mortais da Jacinta e do Francisco esperam o dia da glória da ressurreição, enquanto as suas almas são felizes no Céu. Quando perguntei à Lúcia que desejava mandar dizer ao Santo Padre, teve um sentimento que me comoveu: pensou no Francisco e na sua irmãzinha – «diga ao Papa que faça andar depressa a causa da beatificação».
E espero que o voto da Lúcia seja ouvido o mais depressa possível.
Ali, dizia eu, na Cova da Iria, a gente sente-se como na casa da Mãe, quase que sente a voz da Mãe que repete: oração e penitência.
O Mundo prestou ouvidos à mensagem de Lúcia, aquela mensagem que além da parte privada, familiar e de outra parte que dizia respeito a todo o Mundo – a mensagem que convidava o Mundo inteiro à oração e penitência –, continha uma terceira parte das coisas que a Santíssima Senhora tinha confiado. E esta tinha-a confiado não para ela, Lúcia, não para o Mundo – pelo menos imediatamente – mas para o Vigário de Jesus Cristo.
E Lúcia conservou o segredo. Não falou, apesar de se ter tentado fazê-la falar. Se correm por aí «Segredos de Fátima», se se lhe atribuem, não o acrediteis. Lúcia não falou, Lúcia manteve o segredo.
Entretanto, que fez ela para obedecer pontualmente à Santíssima Virgem? Escreveu numa folha, em língua portuguesa, aquilo que a Senhora lhe dissera para dizer ao Santo Padre.
A Mensagem devia ser aberta não antes de 1960. Perguntei a Lúcia porquê – a razão daquela data. E ela respondeu-me: «porque então aparecerá mais claro». O que me fez pensar que aquela mensagem era de tom profético, porque precisamente na profecia, como é costume ler na Sagrada Escritura, existe um véu de mistério. As profecias não estão, geralmente, em linguagem aberta, clara, compreensível por todos. Os exegetas ainda hoje estão a interpretar profecias do Antigo Testamento. E que dizer, por exemplo, das profecias contidas no Apocalipse? Então, disse, em 1960 aparecerá mais claro.
O sobrescrito contendo o «Segredo de Fátima» foi entregue ao Bispo de Leiria fechado, e embora Lúcia tivesse dito que ele o poderia ler, não quis lê-lo. Quis respeitar o “Segredo, mesmo por reverência ao Sumo Pontífice. Enviou-o ao Núncio Apostólico, o então Mons. Cento e hoje Cardeal, aqui presente, o qual o remeteu fielmente à Congregação da Doutrina de Fé que o tinha pedido, para evitar que uma coisa tão delicada, destinada a não ser dada em pasto ao público, pudesse, por qualquer motivo, mesmo fortuito, chegar a mãos estranhas. Chegou «o segredo»; foi levado à Congregação da Doutrina de Fé, e, fechado como estava, foi entregue a João XXIII. O Papa abriu-o; abriu o sobrescrito; leu-o. E, embora em português, disse-me depois que tinha compreendido todo o texto. Depois, ele mesmo meteu o «segredo» noutro sobrescrito, lacrou-o e meteu-o num daqueles arquivos que são como um poço, no qual cai a carta até ao fundo negro, muito negro, e ninguém vê mais nada. Daqui que seja difícil dizer agora onde esteja «o segredo de Fátima».
Mas o que importa, o que deve importar ao Mundo é o conteúdo da Mensagem pública, tornado universal, divulgado por todo o Mundo e, graças a Deus, recolhido com atenção por todo o Mundo. Outra coisa é saber se todo o Mundo o pôs imediatamente em prática segundo os desejos da Santíssima Senhora que tinha exortado à oração e à penitência para evitar aquelas sanções que no livro divino da Providência estão previstas para um Mundo que corresponde tão mal à graça do Senhor.
Lúcia, para ser melhor defendida – porque podeis imaginar quantos jornalistas e até quantos bons sacerdotes que tinham vontade de escrever qualquer coisa sobre o «Segredo de Fátima» terão ido importuná-la – retirou-se para um convento: Lúcia foi, neste particular, verdadeiramente edificante: não falou.
Não acrediteis naqueles que dizem ter ouvido isto ou aquilo de Lúcia. Eu que tive a graça e o dom de ler aquilo que é texto do segredo – mas porque estou obrigado ao segredo mantenho secreto – eu é que posso dizer que tudo aquilo que por aí circula – há poucos dias ainda num jornal da província falava-se do texto e dava-se o texto do «Segredo de Fátima» – é fantasia. Podeis estar certos de que o verdadeiro segredo está de tal forma guardado que ninguém lhe pôs os olhos em cima. Portanto não resta outro remédio senão regular-se por aquilo que foi tornado público. A Mensagem pública de Fátima é a que interessa.
O «Segredo» interessa só ao Santo Padre a quem era destinado. Ele era o destinatário. E se o destinatário não se decide a dizer: «este é o momento de torná-lo conhecido ao Mundo», devemos deixar à sua sabedoria que isso continue em segredo.
Mas o que interessa, como dizia eu, é que nós saibamos conformar a nossa vida, as nossas acções, a nossa actividade ao que constitui o espírito da Mensagem pública, porque Lúcia foi encarregada não somente de enviar ao Papa a «Mensagem secreta» mas também de publicar e tornar conhecida de toda a gente a Mensagem pública, mensagem que se resume naquelas palavras: oração e penitência.
Era a repetição daquilo que a Senhora já tinha dito em Lourdes. Hoje, que nós estamos ainda a comemorar a festa das aparições de Santíssima Virgem em Lourdes, devemos ler estas duas manifestações da bondade de Maria que, descendo do Céu, pôs o Seu pé virginal sobre a terra para santificá-la e também para fazê-la caminhar pelo melhor caminho, assim devemos procurar fazer com as nossas acções, com a nossa oração, com o nosso exemplo, com todas as virtudes cristãs que devemos praticar, mas de modo especial com a oração e com a penitência, contribuindo assim para que a Mensagem de Fátima produza os efeitos para os quais foi enviada ao Mundo.
Também foi posta em evidência a relação existente entre a Mensagem de Fátima e a situação da Igreja em certas regiões, nas quais ela sente o peso das perseguições, onde se luta contra a religião.
Aí está a Mensagem – primeiramente na pública – a Mensagem também da esperança, da conversão e esta pode ser acelerada com as preces de todos os devotos de Nossa Senhora de Fátima.
Sim, neste dia em que celebramos precisamente uma solenidade mariana, a das aparições de Lourdes, devemos voltar-nos para a Imaculada, aparecida em Fátima como em Lourdes, para que Ela conceda ao Mundo a consolação de ver realizados os votos que estão no coração, na mente, na oração, na respiração e nos suspiros de todos os cristãos.
E embora existam ainda perseguições; países calcados pelos pés dos déspotas, dos perseguidores; regiões imensas semeadas de patíbulos, de cruzes, de cárceres, cárceres santificadores de tantos mártires, nós devemos ter esperança.
Já uns certos sinais, como auroras – permiti-me esta expressão – de novas situações se começam a desenhar. Talvez eu seja optimista, mas a Santíssima Virgem parece inspirar-me a ter confiança. Se Ela saiu do Céu, santificou com o seu pé virginal a terra de França e de Portugal e tantas outras terras nas quais apareceu, fê-lo para nos encorajar.
Esperemos que os sinais que se observam sejam conformes àquela esperança que se pode beber na Mensagem de Fátima, porque se a Senhora apareceu, apareceu certamente para nos dizer que devemos ainda sofrer – como de resto tinha predito os sofrimentos da guerra da qual todos nós fomos testemunhas e vítimas – mas veio também a este Mundo para nos dar esperança.
Ela é a Mãe da confiança. Todos A sabemos invocar como Mãe «tota ratio spei meae, fiducia mea» «razão da minha esperança, minha confiança». Ora bem, já que Ela nos dá esta esperança, oremos para que nos obtenha aquilo que está no coração, no desejo de todos e é que venha depressa o Reino de Cristo «Venha a nós o Vosso Reino»; o Reino de Cristo na paz de Cristo.
Os sinais reveladores que nos servem de indício da evolução em certos Países, são os sucessos daquele ecumenismo que torna mais fraternais os povos mesmo aqueles que não são católicos, mas se gloriam e muito justamente do nome de cristãos; os sinais do acolhimento de todos às acções do Santo Padre em favor da paz – ainda ontem me falava, naturalmente com as reservas que eu mesmo tenho de observar – de outros ulteriores passos recentissimamente dados nestes dias para facilitar a solução do conflito vietnamita.
Se, como digo, todos estes sinais nos são dados para esperar que a Santíssima Virgem neste Cinquentenário dos acontecimentos de Fátima, quererá dar qualquer nova esperança ao Mundo cristão, nós temos de dizer: acolhamos este auspício da Santíssima Senhora; apressemos a sua realização com a oração.
E poderemos então dizer o que Nossa Senhora nos diz desde Fátima: «Levantai a vossa cabeça porque se aproxima a vossa redenção».
E a nossa resposta é com este grito: «Fiat! Fiat!».

Fonte: Alonso, Joaquin Maria (1967). O Segredo de Fátima IV – O Conteúdo. Fátima 50, Ano I, N.º7, 13/Novembro/1967 (pp. 14-16) disponível em https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/Fatima50/Fatima50.htm

Rússia e a Ameaça de Aniquilação Nuclear

Por Eric Bermingham

Ameaças Sinistras

Durante a “Operação Militar Especial” em curso na Ucrânia, as autoridades russas fizeram algumas ameaças sinistras sobre o uso de armas nucleares. Oficiais dos países da NATO também mencionaram o uso de armas nucleares, relativamente ao conflito. Logo após a invasão da Ucrânia. em fevereiro deste ano, Vladimir Putin colocou as forças nucleares russas em estado de alerta máximo. [1] Em várias ocasiões, ele sinalizou a sua disposição de usar “todos os meios disponíveis” para proteger a Rússia.

Putin diz que não está a fazer bluff. Em 2018, referindo-se teoricamente sobre um eventual ataque nuclear à Rússia e à respetiva resposta, referiu: “Seríamos vítimas de uma agressão e chegaríamos ao Céu como mártires, enquanto eles morreriam e nem teriam tempo de se arrepender”. [2] No entanto, Putin afirmou recentemente que um primeiro ataque poderia ser ordenado se a integridade territorial da Rússia fosse ameaçada. O território da Rússia, aos olhos de Putin, foi agora expandido para incluir as regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. [3]

Em teoria, se as forças da Ucrânia, apoiadas pela NATO, tentarem retomar esses territórios e a Rússia determinar que sua integridade está ameaçada, poderão ser usadas armas nucleares. Os Estados Unidos alertaram para as “consequências catastróficas” do uso de armas nucleares contra a Ucrânia. [4] Parece que o mundo está a ser preparado para o que alguns chamam uma troca nuclear de “pequena escala”. Qualquer uso de armas nucleares seria devastador, pelo menos a nível local, e a possibilidade de escalada faz com que o seu uso pareça irresponsável, para não dizermos repreensível.

[Nota: A imagem acima é uma explosão nuclear com uma aparente imagem de crucificação.]

Um primeiro ataque nuclear?

Existe até a ameaça de uma troca nuclear em larga escala, se as coisas piorarem ligeiramente. A Rússia tem, aparentemente, um sistema operacional conhecido como “Mão Morta” ou “Perímetro”, que foi projetado para lançar automaticamente um segundo ataque se um primeiro ataque for detetado. [5] Várias condições teriam de ser cumpridas, como a ativação do sistema, a interrupção das comunicações com o comando militar (como pode acontecer com um “ataque de decapitação” que derrube a liderança do país) e a deteção de uma explosão nuclear em território russo. O lançamento do míssil de comando, que daria o sinal para lançar todos os mísseis nucleares restantes, precisaria, supostamente, de ser acionado por um humano. Um “inverno nuclear” pode ser o resultado. Só podemos esperar e rezar para que isso não aconteça!

A Rússia mostrou alguma vontade de negociar o fim da situação na Ucrânia, mas a sabotagem dos oleodutos Nord Stream e da ponte russa para a Crimeia praticamente eliminaram essa possibilidade. Tentativas anteriores de negociação parecem ter sido prejudicadas por oficiais da NATO. Além disso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, disse que recusa negociar com Putin, ao que a Rússia respondeu dizendo que pode esperar para negociar com o próximo presidente da Ucrânia. [6]

Nossa Senhora alertou em Fátima que “várias nações serão aniquiladas” se a Rússia não se converter a tempo. Embora tenha havido algum tipo de consagração em 25 de março de 2022, a sua eficácia é discutível. [7] Desde então, a situação na Ucrânia tornou-se rapidamente mais ameaçadora e as condições económicas no mundo deterioraram-se vertiginosamente. Esta não parece ter sido a consagração que procurávamos. Seria prudente cumprir exatamente os pedidos de Nossa Senhora para evitar a aniquilação nuclear.

Revelações Privadas

Existem várias profecias sobre forças militares varrendo do Oriente para o Ocidente, especialmente as da Beata Elena Aiello (1895-1961). [8]  Esta freira foi uma fundadora, estigmatizada e mística. [9] Ela chegou a enviar uma carta a Mussolini, em 1940, alertando-o para manter a Itália fora da Segunda Guerra Mundial. Uma profecia dada em 1959 dizia o seguinte: “A Rússia marchará sobre todas as nações da Europa, particularmente a Itália, e levantará a sua bandeira sobre a cúpula de São Pedro. A Itália será severamente provada por uma grande revolução e Roma será purificada através do sangue pelos seus muitos pecados, especialmente os de impureza! O rebanho está prestes a dispersar-se e o Papa terá de sofrer muito”. [10] Uma profecia dada em 22 de agosto de 1960 é semelhante: “Outra guerra terrível virá do Oriente para o Ocidente. A Rússia, com seus exércitos secretos, lutará contra a América, invadirá a Europa”.

A recente eleição na Itália, que deu maioria ao partido Irmãos de Itália, pode prenunciar o início de uma revolução. Existem outras profecias de uma revolução semelhante na França. Felizmente, essas profecias não parecem indicar uma guerra nuclear em grande escala, que efetivamente acabaria com a civilização, pelo menos no Hemisfério Norte. Infelizmente, incluem a ameaça de uma guerra terrível e a previsão de um flagelo global, que é conhecido, na profecia, como os Três Dias de Escuridão. A Beata Elena descreve as coisas deste modo:

(Dada na Sexta-feira Santa, 1950) “’Veja como a Rússia vai arder!’ Diante dos meus olhos estendia-se um imenso campo coberto de chamas e fumo, no qual as almas estavam submersas como num mar de fogo. E todo esse fogo não é aquele que cairá das mãos dos homens, mas será lançado diretamente dos anjos”. [Isso não nos lembra a visão do Terceiro Segredo de Fátima revelado em junho de 2000?]

(Dada na Sexta-feira Santa de 1954) “Clame até que os sacerdotes de Deus ouçam aminha voz, para avisar os homens que o tempo está próximo, e se os homens não retornarem a Deus, com orações e penitências, o mundo será destruído numa nova e mais terrível guerra. Armas mais mortíferas destruirão povos e nações! Os ditadores da Terra, espécimes infernais, demolirão as igrejas e profanarão a Sagrada Eucaristia e destruirão as coisas mais queridas. Nessa guerra ímpia, muito será destruído do que foi construído pelas mãos do homem.”

“Nuvens com relâmpagos de fogo no céu e uma tempestade de fogo cairão sobre o mundo. Este terrível flagelo, nunca antes visto na história da humanidade, durará setenta horas [cerca de três dias]. Os ímpios serão esmagados e exterminados. Muitos se perderão porque permanecerão na obstinação do pecado. Então será visto o poder da Luz sobre o poder das trevas”.

(Dada na Sexta-feira Santa de 1955) “Se os homens não corrigirem os seus caminhos, um terrível flagelo de fogo descerá do céu sobre todas as nações do mundo e os homens serão punidos de acordo com as dívidas contraídas com a Justiça Divina. Haverá momentos assustadores para todos porque o Céu se unirá à Terra e todas as pessoas ímpias serão destruídas, algumas nações serão purificadas, enquanto outras desaparecerão completamente”.

(Dada na Festa da Imaculada Conceição, 1956) “Os tempos são difíceis. O mundo inteiro está em tumulto, porque ficou pior do que na época do dilúvio! [Mensagem que foi repetida em Akita, Japão, em 1973.] Tudo está pendente, como um fio; quando este fio se romper, a justiça de Deus cairá como um raio e completará o seu terrível curso de purificação”.

Embora possa ocorrer uma chamada guerra nuclear ‘limitada’, com a destruição de várias nações, uma guerra nuclear global parece improvável. No entanto, mesmo uma troca nuclear limitada pode desencadear um colapso económico global e o Great Reset [Grande Reinicialização], que é promovido pelo elitista Fórum Económico Mundial. Isso inauguraria um governo mundial com um sistema global de dinheiro eletrónico, acoplado a uma pontuação de crédito social como a que eles têm agora na China comunista. Uma força de “manutenção da paz” das Nações Unidas sufocaria qualquer dissidência e todos teriam de juntar-se à religião da “fraternidade universal do homem” atualmente promovida pelo Vaticano. Tudo isso é um cenário direto do Apocalipse de São João.

Algumas boas notícias

Há, no entanto, algumas boas notícias misturadas com todas as ruins. O Triunfo do Imaculado Coração de Maria foi prometido. Sabemos que vai acontecer. A Beata Elena também recebeu uma oração de Nossa Senhora para ser dita durante estes tempos:

(Dada na Sexta-feira Santa de 1955) “Os sacerdotes devem unir-se por meio de orações e penitências. Eles devem apressar-se a espalhar a devoção aos Dois Corações. A hora do Meu triunfo está próxima. A vitória realizar-se-á pelo amor e misericórdia do Coração do Meu Filho e do Meu Imaculado Coração, a Medianeira entre os homens e Deus. Aceitando este convite e unindo as suas lágrimas às do Meu Doloroso Coração, os sacerdotes e os religiosos obterão grandes graças para a salvação dos pobres pecadores”.

A oração do “Refúgio Materno” (dada por Nossa Senhora para ser dita com os braços cruzados – ou talvez com os braços estendidos em forma de cruz): “Rainha do universo, Medianeira dos homens para Deus, refúgio de todas as nossas esperanças, misericórdia de nós”.

Cabe-nos a nós manter as orações, penitências, reparações e rosários, juntamente com a devoção mensal dos Primeiros Sábados, a fim de apressar o Triunfo do Imaculado Coração.

Notas finais:

[1] https://apnews.com/article/russia-ukraine-kyiv-business-europe-moscow-2e4e1cf784f22b6afbe5a2f936725550

[2] https://abcnews.go.com/International/wireStory/cornered-war-putin-makes-nuclear-threat-90289332

[3] https://www.washingtonpost.com/world/2022/09/29/kremlin-says-putin-will-sign-treaties-annex-ukrainian-territory/

[4] https://www.reuters.com/world/europe/us-warns-putin-catastrophic-consequences-if-nuclear-weapons-used-ukraine-2022-09-25/

[5] https://www.military.com/history/russias-dead-hand-soviet-built-nuclear-doomsday-device.html

[6] https://www.voanews.com/a/russian-lawmakers-approve-illegal-annexation-of-ukrainian-regions/6774920.html

[7] Nota do Editor: O autor do artigo considera a “eficácia discutível” e esta “não parece” ser a consagração da Rússia que Nossa Senhora pediu. O The Fatima Center sustenta que a proposição “A Rússia ainda não foi consagrada como Nossa Senhora pediu em Fátima” é moralmente certa e que está claro que a cerimónia de Francisco em 25 de março de 2022 NÃO foi a Consagração solicitada por Nossa Senhora.

[8] https://www.mysticsofthechurch.com/2011/09/blessed-elena-aiello-mystic-stigmatic.html

[9] A Beata Elena Aiello foi uma religiosa italiana e fundadora das Irmãs Mínimas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (1928). Doenças graves impediram-na de entrar na vida religiosa, mas foi milagrosamente curada pela intercessão de Santa Rita. A partir de 1923, ela começou a experimentar os estigmas todas as Sextas-feiras Santa. Nosso Senhor e Nossa Senhora apareceram-lhe, ela sofreu muito e morreu pouco antes do início do Concílio Vaticano II. Pio XII conheceu-a e aprovou a sua ordem em 1949. Foi beatificada em 14 de setembro de 2011.

[10] https://www.gloria.tv/post/EcnMd7Yvv9Hk1xCUT1S1coiDF

Fonte: fatima.org em 15 de outubro de 2022 (tradução nossa).

Arcebispo Viganò: o 3.º Segredo continua por publicar.

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Imagem que marca a Quaresma de 2020, no 7º ano do sinistro pontificado de Francisco. O Papa destacado e iluminado, acima de uma imagem ténue e sombria de Nosso Senhor Jesus Cristo crucificado. Fonte: Vatican News, 10/04/2020.

Numa entrevista publicada, no passado dia 21 de abril, no blogue Dies Irae, a qual merece ser lida na íntegra, o arcebispo D. Carlo Maria Viganò afirma que o 3º Segredo de Fátima continua até hoje por publicar. O ex-núncio apostólico nos EUA lembra que aqueles que tiveram a oportunidade de ler o manuscrito da Ir. Lúcia disseram que o segredo de Nossa Senhora referia-se à futura apostasia na Igreja.

“A terceira parte da mensagem que Nossa Senhora confiou aos pastorinhos de Fátima, para que eles a entregassem ao Santo Padre, permanece em segredo até hoje. Nossa Senhora pediu para ser revelada em 1960, mas João XXIII publicou, a 8 de Fevereiro daquele ano, um comunicado em que afirmava que a Igreja «não quer assumir a responsabilidade de garantir a veracidade das palavras que os três pastorinhos dizem que a Virgem Maria lhes dirigiu». Com este afastamento da mensagem da Rainha do Céu, deu-se início a uma operação de encobrimento, evidentemente porque o conteúdo da mensagem revelaria a terrível conspiração dos seus inimigos contra a Igreja de Cristo. Até há algumas décadas, pareceria inacreditável que pudéssemos ter chegado ao ponto de amordaçar também a Virgem Maria, mas nestes últimos anos temos também assistido a tentativas de censurar o próprio Evangelho, que é a Palavra do Seu divino Filho.

Em 2000, durante o Pontificado de João Paulo II, o Secretário de Estado, Cardeal Sodano, apresentou como Terceiro Segredo uma versão sua que, em relação a alguns elementos, apareceu claramente incompleta. Não admira que o novo Secretário de Estado, Cardeal Bertone, tenha procurado desviar a atenção sobre um evento do passado, a fim de fazer crer ao povo de Deus que as palavras da Virgem não tivessem nada que ver com a crise da Igreja e com o conluio entre modernistas e maçonaria realizado nos bastidores do Vaticano II. Antonio Socci, que investigou exaustivamente sobre o Terceiro Segredo, desmascarou este comportamento malicioso da parte do Cardeal Bertone. Por outro lado, foi o próprio Bertone a desacreditar fortemente e a censurar Nossa Senhora das Lágrimas de Civitavecchia, cuja mensagem concorda perfeitamente com o que Ela disse em Fátima.”

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“Quem leu o Terceiro Segredo disse claramente que o seu conteúdo diz respeito à apostasia da Igreja, iniciada precisamente no princípio dos anos sessenta e que, hoje, chegou a uma fase tão evidente que pode ser reconhecida por observadores seculares. Esta insistência quase obsessiva sobre questões que a Igreja condenou sempre, como o relativismo e a indiferença religiosa, um falso ecumenismo, o ecologismo malthusiano, a homoeresia e o imigracionismo, encontrou na Declaração de Abu Dhabi o cumprimento de um plano concebido pelas seitas secretas desde há mais de dois séculos.”

O texto do Segredo de Fátima devia ter sido conhecido “por ordem expressa de Nossa Senhora”, em 1960, no início da década em que, à boleia de interpretações erráticas do Concílio Vaticano II, uma grande parte da hierarquia católica iniciou um caminho de afastamento da Verdade Cristã. Essa deriva herética atingiu o seu apogeu no pontificado de Francisco, um papa que, não obstante o seu epíteto de “o humilde”, não aceita a Verdade Cristã conforme a recebeu, querendo, a todo o custo, aperfeiçoá-la de acordo com os seus gostos e inclinações pessoais.

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Momento em que o cardeal D. Tarcisio Bertone mostra um dos dois envelopes do 3º Segredo de Fátima, no programa “Porta a Porta” do canal italiano de televisão Rai Uno, em 2010.

D. Carlo Maria Viganò, cujo paradeiro, por razões de segurança pessoal, continua desconhecido, desde que denunciou o Vaticano pelo encobrimento dos abusos homossexuais do ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick, faz, nesta entrevista, um forte apelo dirigido ao povo português:

“Sois um povo com uma grande responsabilidade.”

Na verdade, as únicas palavras de Nossa Senhora no 3º Segredo até agora publicadas referem-se especificamente a Portugal. Não as ignoremos…

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Basto 04/2020

“O último Papa estará sob o controlo de Satanás” – Seria isto parte do Segredo?

Isto, em si, seria uma razão suficiente para nenhum Papa o querer publicar. De qualquer modo, o manuscrito não era dirigido aos Papas, pelo menos diretamente. Os envelopes do Segredo deveriam ser abertos em 1960, “por expressa ordem de Nossa Senhora“, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria.

Basto 11/2018

O significado profético extraordinário da mensagem de Fátima

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A atualidade de Fátima consiste em preparar a Igreja do nosso tempo para uma impávida confissão da Fé Católica e até mesmo um martírio, como podemos perceber na terceira parte do Segredo de Fátima. No entanto, Fátima permanece um verdadeiro sinal profético de esperança porque Nossa Senhora prometeu um tempo de paz e o triunfo do Seu Coração Imaculado.

(D. Athanasius Schneider, in “O Significado Profético Extraordinário da Mensagem de Fátima”, Fátima, 14/07/2017)

O vídeo acima reproduz o discurso proferido em português pelo bispo D. Athanasius Schneider em Fátima, no auditório do Hotel Santo Amaro, no dia 14 de julho de 2017, num encontro organizado pela publicação espanhola Adelante la Fe.

Fonte: Adelante la Fe, 27/01/2018.

Basto 6/2018

Athanasius Schneider: a interpretação do 3.º Segredo não é infalível

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No final da palestra proferida por D. Athanasius Schneider, há cerca de um mês, em Fátima, intitulada “O significado profético extraordinário da mensagem de Fátima”, proporcionou-se um pequeno momento de perguntas colocadas pela assistência. Alguém questionou o bispo auxiliar da arquidiocese de Santa Maria de Astana (Cazaquistão) sobre a sua opinião a respeito da interpretação dada pelo Vaticano ao “bispo vestido de branco”, figura central do 3º Segredo de Fátima divulgado no ano 2000.

D. Athanasius Schneider, com toda a clareza que o caracteriza, foi muito direto e pragmático na sua resposta: “não é uma interpretação ex cathedra“, então “não é infalível”. E esclareceu que o 3º Segredo diz que o Santo Padre foi assassinado, portanto não pode referir-se a João Paulo II, uma vez que este sobreviveu ao atentado.

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Fátima, 14 de julho de 2017

A referida palestra teve lugar no passado dia 14 de julho, em Fátima, no auditório do Hotel Santo Amaro, tendo sido organizada pelo Adelante la Fe. Para já, o texto do discurso de D. Athanasius Schneider está disponível apenas em castelhano no sítio da conhecida publicação católica espanhola.

Basto 8/2017

As “revelações surpreendentes” da Irmã Lúcia na reportagem da SIC

Muitos de nós ainda se lembram de, na década de noventa do século passado, a então recém-criada estação portuguesa de televisão privada SIC ter aberto um telejornal com a notícia de alegadas “revelações surpreendentes” da Ir. Lúcia a respeito da mensagem de Fátima. Desde então, várias gravações editadas dessa reportagem têm corrido o mundo para justificar diversas interpretações da mensagem de Fátima, umas mais otimistas do que outras.

Uma observação mais atenta da referida reportagem suscita alguma prudência na sua utilização como prova material de algumas das alegadas “revelações surpreendentes” da vidente de Fátima.

Todos nós desejamos que as “revelações” anunciadas na referida reportagem estejam completamente corretas e que as fontes aí citadas não tenham, de forma involuntária,  interpretado mal a vidente de Fátima, uma vez que elas são bem mais favoráveis do que a realidade parece evidenciar… Mas a verdade é que, se tais “revelações” eram de facto “surpreendentes” na altura da sua publicação, principalmente quando confrontadas com outras declarações da mesma vidente, elas tornam-se ainda mais surpreendentes à medida que o tempo passa e avaliamos, à luz da mensagem de Fátima, o estado a que chegou o mundo (Rússia incluída) e principalmente a Igreja. Não deve ser por acaso que esta reportagem é hoje utilizada para justificar a normalidade do momento insólito que a Igreja vive desde 2013 para cá…

Esperemos que, num futuro próximo, publiquem os vídeos integrais da entrevista e, de preferência, com algum tipo de correção técnica, dada a má qualidade das gravações apresentadas, para que não restem a mínima dúvida em relação à informação em causa.

Basto 8/2017

A prova final da Igreja segundo Fátima e o Catecismo

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Por Pedro Sinde

Vive-se, hoje, uma certa euforia na Igreja (curiosamente, talvez até mais fora do que dentro dela!); convém recordar, no entanto, para evitar cair em precipitação, que nada menos do que o próprio Catecismo nos ensina que a “Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes” (Catecismo, § 675). Veremos brevemente como os avisos que nos chegam de Fátima estão em espantosa consonância com a doutrina da Igreja.

Abalo da fé

São palavras tremendas, as que a Igreja diz de si mesma sobre os últimos tempos: a “Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua morte e ressurreição” (idem, § 677). Ora, seja qual for a natureza da prova final, ficámos a saber no Catecismo que ela abalará a fé de numerosos crentes; isto não espantará, naturalmente, nenhum católico que se lembre destas tremendas palavras de Cristo: “Quando porém o Filho do Homem voltar, encontrará porventura fé sobre a terra?” (Lc, 18, 8). Neste ponto, podemos recordar que a mensagem de Fátima avisa justamente para esta questão da perda de fé, ao dizer que “em Portugal se conservará sempre o dogma da fé”. Os melhores intérpretes têm apontado que esta referência parece pressupor a ideia de que noutros lugares o dogma da fé não se conservará. No entanto, temos de atender ao facto de que isto não significa nem que apenas em Portugal se mantenha, nem que fora de Portugal não se mantenha. No entanto, temos a promessa, em palavras da própria Virgem de que em Portugal se manterá. Já alguns têm afirmado que ser em Portugal não quer necessariamente dizer que seja com os portugueses… Portugal pode aparecer nas palavras da Virgem como um lugar, como uma arca de Noé que contivesse os elementos fundamentais da fé intactos para a transição neste processo de morte e ressurreição da Igreja; se não como semente, pelo menos como terreno fértil para a semente. Regressemos agora ao Catecismo no sentido de antever um pouco qual a natureza deste evento tremendo. No mesmo parágrafo citado acima (§ 675), referem-se alguns pontos essenciais, que nos podem ajudar a conhecer a natureza desta prova: “Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes. A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra, porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado.”

Podemos, assim, reconhecer os principais elementos da prova final:

– ocorrerá uma perseguição: e a quem poderia ser, senão a quantos se mantiverem fieis à Igreja?;

– esta perseguição “porá a descoberto o «mistério da iniquidade»: sob a forma de uma impostura religiosa”;

– esta impostura religiosa – que enganará os crentes (e de que modo, senão emergindo mesmo do interior do Catolicismo?) – caracterizar-se-á por apresentar “aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade”;

– o modo pelo qual se realizará esta impostura será o de um “pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado”.

Numa importante nota (nota 643), o Catecismo descreve especificamente um “falso misticismo” que é a “simulação da redenção dos humildes”. Esta questão dos humildes ou dos pobres aparece, pois, como uma ‘pedra de toque’ ou uma ‘pedra de tropeço’ e deve ser vista à luz meridional dos Evangelhos e não à luz de qualquer ideologia: – Judas, esse que O havia de trair, exclama, escandalizado por ver Maria a ungir os pés do Messias com um caro perfume: “Por que não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros, e não se deu aos pobres?” E a surpreendente resposta de Jesus é esta: “Pobres sempre os tereis entre vós, mas a Mim nem sempre me tereis” (Jo, 12, 8). – Mas talvez ainda mais importante é a seguinte afirmação: “É mais fácil passar um camelo no buraco da agulha do que um rico entrar no reino de Deus” (Mt, 19, 24; Lc, 18, 25). Desta perspectiva, que é a de Deus (!), não está o pobre em vantagem em relação ao rico? Diz a erudita Irmã Jeanne d’Arc que “buraco da agulha” era o nome de uma rua de Jerusalém muito estreita e praticamente impossível de passar com o camelo carregado. Isto nos mostra que ao rico não é impossível entrar no reino de Deus, mas apenas que é mais difícil (sobretudo se quiser passar carregado com as suas riquezas). A nobreza da pobreza evangélica opõe-se ao modo meramente materialista e bélico das ideologias de qualquer tipo.

Abalo cósmico

E o abalo da fé, referido acima, parece ter como consequência um abalo cósmico. No § 677, diz-se ainda que o “triunfo de Deus sobre a revolta do mal tomará a forma de Juízo Final, após o último abalo cósmico.” Fixemos esta impressionante expressão e recordemos a seguinte visão da Irmã Lúcia (tal como narrada em Um Caminho sob o Olhar de Maria, p. 267):

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Vista parcial do manuscrito da Ir. Lúcia publicado no livro “Um Caminho sob o Olhar de Maria: Biografia da Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado”, 2013

(Depois de dificultosamente escrever a terceira parte do segredo, anota): “E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N’Ele vi e ouvi, – A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece, montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultadas. – O mar, os rios e as nuvens, saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que se não pode contar, é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. – O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora!” (3-1-1944).

Impressionante descrição! Aquela “ponta da lança como chama que se desprende” e que “toca o eixo da terra”, fazendo-a estremecer, não será verdadeiramente aquele “abalo cósmico” a que se refere o próprio Catecismo? O abalo da fé, implícito na mensagem de Fátima, não será, como no Catecismo, a causa do abalo cósmico? E não diz a Irmã Lúcia, numa carta ao Cardeal Carlo Caffarra, que a coluna que sustenta a criação é a família e que, por isso, o último ataque de Satanás será sobre a família e a santidade do matrimónio? Se não devemos deixar-nos derrotar pelos eventos previstos, por muito difíceis que se nos afigurem os tempos, também não devemos deixar que as vagas das modas ideológicas deste mundo nos levem embalados e afastem da barca firme. Temos, de resto, a promessa da Virgem, ela mesma, em Fátima, e em palavras inequívocas: “por fim o meu Imaculado Coração triunfará”!

Este texto foi publicado no jornal Diário do Minho no dia 25 de maio de 2016.

Nota da edição: o artigo acima faz parte da série “Fulgores de Fátima”, uma rubrica assinada pelo filósofo português Pedro Sinde no jornal Diário do Minho, a presente edição visa apenas a sua divulgação. As imagens foram adicionadas na presente edição, não fazem parte da publicação original.

Basto 7/2017

A hora do testemunho público

padre gobbi

Fulda, Alemanha, 8 de setembro de 1985

(Festa da Natividade da Virgem Santa Maria)

314. A hora do testemunho público

[…]

O que é que ofusca hoje a beleza e o esplendor da Igreja?

É o fumo dos erros que Satanás fez entrar nela; estes são cada vez mais difundidos, levando muitíssimas almas à perda da Fé. A causa desta tão vasta difusão dos erros e desta grande apostasia são os pastores infiéis. Estes fazem silêncio, quando devem falar com coragem para condenar o erro e defender a Verdade. Não intervêm quando devem desmascarar os lobos vorazes que se introduziram no rebanho de Cristo, vestidos de cordeiros. São cães mudos que deixam devorar o seu rebanho.

Vós, ao contrário, deveis falar com força e coragem para condenar o erro e difundir só a Verdade. Chegou a hora do vosso testemunho público e corajoso.

[…]

Tudo o que o meu Papa disse neste lugar corresponde à verdade.

Estais próximos do maior castigo; então Eu digo-vos: entregai-vos a Mim e lembrai-vos que a arma que deveis usar nestes terríveis momentos é o santo Terço. Deste modo formareis o meu exército que conduzo, nestes tempos, à sua maior vitória.

(Excerto da locução Nº 314 do Pe. Srefano Gobbi in Aos Sacerdotes Filhos Prediletos de Nossa Senhora, Edição de 2006 atualizada, p. 557, 558)

O Padre Gobbi foi o fundador do Movimento Sacerdotal Mariano.

Basto 7/2017

ÚLTIMA HORA: Cardeal Burke apela à consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria

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Cardeal Burke discursa no Fórum da Vida, em Roma, a 19 de maio de 2017 – LifeSiteNews

Por John-Henry Westen

ROMA, 19 de maio, 2017 (LifeSiteNews) – O cardeal Raymond Burke fez, esta manhã, um apelo para que os fiéis católicos “trabalhem para a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria”.

O cardeal Burke, que é um dos quatro cardeais que pediram ao Papa Francisco um esclarecimento sobre a Amoris Laetitia, fez o seu apelo no Fórum da Vida, em Roma, no mês do centenário da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos.

Burke é o anterior prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica e o atual Patrono da Ordem Soberana Militar de Malta.

Num discurso abrangente sobre “O segredo de Fátima e uma Nova Evangelização”, o cardeal Burke, na presença do seu colega dos dubia cardeal Carlo Caffarra, o frontal bispo D. Athanasius Schneider do Cazaquistão e mais de 100 líderes pró-vida e pró-família de 20 nações, disse que o triunfo do Imaculado Coração significaria muito mais do que o fim das guerras mundiais e das calamidades físicas que Nossa Senhora de Fátima previra.

“Tão horríveis quanto os castigos físicos associados à rebelião desobediente do homem diante de Deus, infinitamente mais horríveis são os castigos espirituais porque estes estão relacionados com as consequências dos pecados graves: morte eterna”, disse ele.

Concordou com um dos maiores estudiosos de Fátima, Frère Michel de la Sainte Trinité, que dissera que o prometido triunfo do Imaculado Coração de Maria, indubitavelmente, refere-se, antes de tudo, à “vitória da Fé, que porá fim ao tempo da apostasia e das grandes falhas dos pastores da Igreja”.

Voltando à situação atual da Igreja à luz das revelações de Nossa Senhora de Fátima, Burke declarou:

O ensino da Fé, na sua integridade e com coragem, é o cerne do ofício dos pastores da Igreja: o romano pontífice, os bispos em comunhão com a Sé de Pedro e os seus principais colaboradores, os sacerdotes. Por essa razão, o Terceiro Segredo é dirigido, com uma força particular, aos que exercem o ofício pastoral na Igreja. As suas falhas no ensino da Fé, na fidelidade ao constante ensino e prática da Igreja, seja através de uma abordagem superficial, confusa ou mesmo mundana, e o seu silêncio, colocam mortalmente em perigo, no mais profundo sentido espiritual, as mesmas almas pelas quais foram consagrados para cuidar espiritualmente. Os frutos venenosos das falhas dos pastores da Igreja são visíveis num modo de culto, de ensino e de disciplina moral que não são de acordo com a Lei Divina.

O pedido de consagração da Rússia é tido como controverso, mas o Cardeal Burke expôs as razões do seu apelo, de forma simples e direta. “A pedida consagração é, por um lado, um reconhecimento da importância que a Rússia continua a ter no plano de Deus para a paz e, por outro, um sinal de amor profundo para com os nossos irmãos e irmãs da Rússia”, disse ele.

“É certo que o Papa São João Paulo II consagrou o mundo, incluindo a Rússia, ao Imaculado Coração de Maria, a 25 de março de 1984”, referiu o Cardeal Burke. “Mas hoje, uma vez mais, ouvimos o pedido de Nossa Senhora de Fátima para consagrar a Rússia ao Seu Imaculado Coração, de acordo com a Sua instrução explícita”.

A necessidade de uma menção “explícita” da Rússia na consagração, conforme solicitada por Nossa Senhora, foi desejada pelo Papa João Paulo II, mas não foi realizada devido à pressão dos seus assessores. Este facto foi confirmado, mais recentemente, pelo representante oficial do Papa Francisco na celebração do aniversário de Fátima, na semana passada, em Karaganda, no Cazaquistão.

No dia 13 de maio, o cardeal Paul Josef Cordes, antigo presidente do Conselho Pontifício Cor Unum, recordou a conversa que teve com o Papa João Paulo II depois da consagração de 1984, ocorrida a 25 de março, quando a estátua de Nossa Senhora de Fátima estava em Roma.

“Obviamente, [o Papa] lidou durante muito tempo com aquela missão significativa que a Mãe de Deus havia dado ali aos videntes”, disse Cordes. “No entanto, absteve-se de mencionar a Rússia de forma explícita por causa dos diplomatas do Vaticano que haviam desesperadamente solicitado que ele não mencionasse esse país porque, de outra forma, poderiam surgir conflitos políticos”.

Para aqueles que possam ainda opor-se ao pedido de consagração da Rússia, o Cardeal Burke lembrou as palavras do Papa João Paulo II que, em 1982, durante sua consagração do mundo ao Imaculado Coração, observou: “O apelo de Maria não é apenas para uma vez. O seu apelo deve ser retomado geração após geração, de acordo com os sempre novos “sinais dos tempos”. Deve ser incessantemente respondido. Deve ser sempre retomado de novo.

Instruindo os fiéis, o Cardeal Burke ensinou que Nossa Senhora de Fátima “fornece-nos os meios para irmos fielmente até a Seu Divino Filho e procurarmos Nele a sabedoria e força para trazer a Sua graça salvadora a um mundo profundamente perturbado”.

O Cardeal Burke realçou seis meios que Nossa Senhora ofereceu em Fátima para que os fiéis tomem parte na restauração da paz no mundo e na Igreja:

  1. rezar o terço todos os dias;
  2. usar o escapulário castanho;
  3. fazer sacrifícios pela salvação dos pecadores;
  4. fazer reparação pelas ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria através da devoção dos Cinco Primeiros Sábados; e
  5. converter as nossas vidas cada vez mais a Cristo.
  6. Por último, Ela pede ao pontífice romano para, em união com todos os bispos do mundo, consagrar a Rússia ao Seu Imaculado Coração.

“Por estes meios, ela promete que o Seu Imaculado Coração triunfará, trazendo almas para Cristo, seu Filho”, acrescentou o Cardeal Burke. “Voltando-se para Cristo, eles farão reparação pelos seus pecados. Cristo, pela intercessão de Sua Virgem Mãe, irá salvá-los do Inferno e trará paz ao mundo inteiro”.

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 19 de maio de 2017. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do artigo acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Junte-se ao cardeal Burke no apelo à consagração da Rússia – assine a petição.

Basto 5/2017

Francisco volta a assumir-se como o “Santo Padre” do Segredo

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Papa Francisco no Santuário de Fátima, 13/05/2017 – The Vatican

O Papa Francisco, na homilia proferida durante a Missa de Canonização dos Pastorinhos, no Santuário de Fátima, voltou a assumir-se como a figura central do Segredo de Fátima.

Nas suas Memórias (III, n. 6), a Irmã Lúcia dá a palavra à Jacinta que beneficiara duma visão: «Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não têm nada para comer? E o Santo Padre numa Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com ele?» Irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes!

(Excerto da homilia do Papa Francisco de 13/05/2017, in Acidigital)

O trecho das Memórias da Ir. Lúcia citado na homilia do Papa Francisco refere-se ao “Santo Padre” do Segredo de Fátima, conforme confirmam as linhas seguintes do diálogo de onde foi retirado.

Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não têm nada para comer? E o Santo Padre em uma Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com Ele?
Passados alguns dias, perguntou-me:
– Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?
– Não. Não vês que isso faz parte do segredo? Que por aí logo
se descobria?
– Está bem; então não digo nada.

Estes recentes desenvolvimentos, somados à celebração do Centenário das Aparições e à onda de apostasia que afeta neste momento a Igreja Católica, indicam que podemos estar realmente muito próximos do culminar das profecias de Fátima.

Basto 5/2017

Francisco diz que ele é o “Bispo Vestido de Branco”

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Por Christopher A. Ferrara

Amanhã, em Fátima, o Papa Francisco canonizará a Jacinta e o Francisco, valorizando ainda mais o evento de Fátima na vida da Igreja ao elevar dois dos três videntes aos altares. Sem embargo, em ainda mais uma volta contorcida para o mistério labiríntico do Terceiro Segredo, a oração que ele recitará no santuário de Fátima contém esta declaração surpreendente:

Salve Mãe de Misericórdia, Senhora da veste branca! Neste lugar onde há cem anos a todos mostraste os desígnios da misericórdia do nosso Deus, olho a tua veste de luz e, como bispo vestido de branco, lembro todos os que, vestidos da alvura batismal, querem viver em Deus e rezam os mistérios de Cristo para alcançar a paz.

A auto-descrição do Papa Bergoglio como um “bispo vestido de branco” evoca claramente a visão do Terceiro Segredo, publicada em 26 de junho de 2000, cuja descrição textual, registada pela Irmã Lúcia, inclui o seguinte: «E vimos numa luz imensa que é Deus “algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um bispo vestido de branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”.»

Certamente isto não é coincidência, mas antes uma alusão propositada. A referência do Papa Bergoglio às vestes brancas batismais não é particularmente relevante para a ocasião de amanhã. Pelo contrário, parece projetada para estabelecer uma referência a si mesmo como um bispo vestido de branco.

Isto levanta uma curiosa questão sobre o que a Irmã Lúcia registou. Porque terá escrito ela sobre o misterioso “bispo vestido de branco” que “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”? Porquê apenas um “pressentimento”? Não terá Nossa Senhora informado os videntes com exatidão sobre quem era o bispo vestido de branco? Afinal, Ela foi perfeitamente clara sobre todos os outros detalhes da Mensagem de Fátima, incluindo o próprio nome do Papa (Pio XI) que reinaria no início da II Guerra Mundial. Porque razão identificaria, Nossa Senhora, pelo nome o Papa que reinaria no início da II Guerra Mundial mas não identificou o bispo vestido de branco, executado por um grupo de soldados fora da cidade devastada, deixando os videntes apenas com um “pressentimento” de que é o Santo Padre?

Ou é o Santo Padre? O bispo branco e o Santo Padre são a mesma pessoa ou são duas pessoas diferentes? Convém não esquecer que, pela primeira vez na história da Igreja, existem de facto dois “bispos vestidos de branco” a viver no enclave do Vaticano, ambos conhecidos por nomes papais, um dos quais se refere a si mesmo, sendo também referido pelo Papa Bergoglio, como “Papa Emérito”.

Como devemos entender o facto de o Papa Bergoglio aparentemente se ter colocado no cenário pós-apocalíptico retratado na visão, não havendo nenhuma outra explicação plausível para o porquê de, precisamente em Fátima, ele se descrever com a frase exata utilizada na visão do Terceiro Segredo? Além disso, se o Papa Bergoglio se vê a si mesmo como o “bispo vestido de branco”, será que, contrariamente ao Papa Bento XVI, ele descarta a ridícula “interpretação” do Cardeal Sodano de que o bispo vestido de branco executado por soldados é João Paulo II a não ser executado por um assassino solitário? Será que ele tem razão para acreditar que é ele o bispo vestido de branco que encontra a morte numa das colinas fora da devastada cidade de Roma?

Mais uma vez vemos por que tem de haver um texto no qual a própria Virgem explica o sentido e o significado de cada detalhe da visão enigmática, tal como o fez com o resto da Mensagem de Fátima. Entre outras coisas, Ela teria naturalmente esclarecido o “pressentimento” de que o bispo executado na visão é o Papa.

No estado a que as coisas chegaram, o “Terceiro Segredo” que o Vaticano apresentou ao mundo – a visão por si só – não produziu mais do que interpretações contraditórias, em vez da orientação certa que a Mãe de Deus seguramente queria fornecer à Igreja e ao mundo. Não, alguma coisa falta. E mais cedo ou mais tarde será revelada.

A edição original deste texto foi publicada pelo Fatima Center no dia 12 de maio de 2017. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 5/2017

Papa Francisco assume em Fátima a personificação do “bispo vestido de branco”

E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um bispo vestido de branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”.

(Excerto do 3º Segredo de Fátima in Sítio Oficial do Vaticano)

Bispo vestido de branco
Cena do filme “O 13º Dia: Um Milagre em Fátima”, 2009

O Vaticano publicou antecipadamente um livreto com todas a orações das celebrações que serão presididas pelo Papa Francisco no Santuário de Fátima. Numa das orações do rito introdutório, o Papa assume-se, na primeira pessoa, como “bispo vestido de branco”, numa alusão clara à figura central do 3.º Segredo de Fátima.

Orações presididas pelo Papa Francisco
Orações do Papa Francisco para os dias 12 e 13 em Fátima – Sítio Oficial do Vaticano

Il Santo Padre:
Salve Mãe de Misericórdia,
Senhora da veste branca!
Neste lugar onde há cem anos
a todos mostraste
os desígnios da misericórdia do nosso Deus,
olho a tua veste de luz
e, como bispo vestido de branco,
lembro todos os que,
vestidos da alvura batismal,
querem viver em Deus
e rezam os mistérios de Cristo
para alcançar a paz.
(Orações do Papa Francisco para os dias 12 e 13 in Sítio Oficial do Vaticano)

Que “desígnios de misericórdia” eram esses? Estaria Nossa Senhora a referir-se a esta nova misericórdia do Papa Francisco que prescinde da contrição e nada condena, a não ser o catolicismo? Teria a Igreja demorado 100 anos para perceber finalmente a mensagem de conversão de Fátima? É difícil aceitar que os sacrifícios dos pastorinhos se destinassem à obtenção da “conversão” dos pastores de modo a aceitarem as relações adúlteras, práticas homossexuais e outras exclusões que impediam a acesso à Sagrada Comunhão. Isso não faz sentido!

Mas voltando ao “bispo vestido de branco” do 3.º Segredo, admitindo que ele seja mesmo o Papa Francisco, e dado que a profecia não se concretizou ainda nos papas anteriores, quem serão os outros personagens que, com ele, sobem a mesma “escabrosa montanha” da santidade e do martírio?

«Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz, de tronco tosco, como se fora de sobreiro como a casca.»

«Chegando ao cimo do monte, prostrado, de joelhos, aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas e assim mesmo foram morrendo uns após os outros, os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares. Cavalheiros e senhoras de várias classes e posições.»

(Excertos do 3.º Segredo de Fátima in Sítio Oficial do Vaticano)

Quem são essas pessoas que, tal como o Santo Padre, se encontram no difícil caminho da “grande cruz de tronco tosco”? Quem serão esses futuros santos?

Bispo vestido de branco2
Excerto do 3.º Segredo de Fátima publicado no ano 2000 Sítio Oficial do Vaticano

O tema da identidade do “bispo vestido de branco” do Segredo de Fátima é bastante pertinente e inconclusivo, foi bom que o Santo Padre o tivesse relançado. Os próprios pastorinhos não estavam completamente certos da sua identidade no momento inicial da visão que Nossa Senhora lhes proporcionou. Eles tiveram o “pressentimento” de que seria o Santo Padre, mas porquê apenas o “pressentimento”? Nenhum outro elemento da Igreja Católica ou da sociedade civil se veste de forma tão distinta e singular como o Vigário de Cristo na Terra. Ou será que o Segredo de Fátima profetiza um momento histórico de uma obscuridade tal que até a figura do Santo Padre se torna difícil de identificar?

Basto 5/2017

O Papa de Fátima ainda não morreu!

Essa foi a conclusão objetiva do jornalista João Céu e Silva quando tomou contacto com os documentos de Fátima na elaboração de mais uma monografia histórica para a Porto Editora. Uma conclusão óbvia que, apesar de tão evidente, passa normalmente ao lado de grande parte dos autores que escrevem sobre Fátima, sendo talvez o motivo pelo qual este livro tem obtido um grande destaque na imprensa nacional.

A profecia
capa do livro – Porto Editora

Se no ano 2000 os milhares de crentes frustrados com o teor da terceira parte do Segredo tivessem elaborado sobre o que realmente ouviram o cardeal Sodano afirmar em nome de João Paulo II, atitude questionadora sempre demasiado ausente no Santuário, poderiam ter-se perguntado: quem é realmente o papa visado pela profecia de Lúcia, uma tragédia que a vidente tão longamente guardou, primeiro na sua mente e depois num envelope selado e proibido de ser aberto antes de 1960?

(João Céu e Silva in Diário de Notícias, 26/03/2017)

Mal os papas deixaram de estar fechados no Vaticano, vieram a Portugal prestar vassalagem a Nossa Senhora. Não vêm por acaso. Vêm por causa do terceiro segredo, por terem algum receio de serem eles os visados. A primeira coisa que o Papa João Paulo II faz, logo que acorda na clínica Gemelli após o atentado, é mandar vir o segredo. Ratzinger faz o comentário, e Francisco consagra o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima, uma semana depois de ser eleito. E pede para a imagem de Nossa Senhora ir ao Vaticano.

(João Céu e Silva in Expresso, 16/04/2017)

O próprio Papa Bento XVI admite que as profecias de Fátima continuam em aberto, apesar de a interpretação oficial – ou pretendida – do Vaticano apontar para acontecimentos passados em que João Paulo II surge como protagonista.

Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída.

(Bento XVI em Fátima a 13/05/2010)

De facto, o 3.º Segredo publicado no ano 2000 não descreve uma tentativa de assassinato levada a cabo por um homicida, mas antes a consumação efetiva do assassinato de um Papa que “foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas”. Deste modo, a interpretação oficial do Vaticano, publicada juntamente com o segredo, não corresponde à descrição da Ir. Lúcia.

morto.segredo
Vista parcial da 4.ª página do “3.º Segredo de Fátima” – Sítio oficial do Vaticano

Se quisermos ser mais precisos, o texto da Ir. Lúcia não refere o termo “Papa” mas sim “Santo Padre”. É apenas mais um pormenor, mas não deixa de ser relevante.

Há outra profecia de Fátima sobre qual poucos gostam de falar: “várias nações serão aniquiladas”. Esta profecia também ainda não se concretizou, pelo menos no campo material.

Basto 4/2017