Abertura da Sagrada Comunhão aos luteranos: “Cristo crucificado de novo?”

Pe. Santiago Martín põe em causa a intenção de alguns bispos alemães de abertura da Sagrada Comunhão aos luteranos, sem deixar de mencionar a aprovação pessoal do Papa Francisco nesta questão. O famoso teólogo espanhol teme que este novo avanço pastoral produza um facilitismo semelhante ao que decorreu da aplicação da controversa exortação apostólica Amoris Laetitia.

Basto 7/2018

Igreja Luterana da Suécia normaliza as referências a Deus em função das regras da “ditadura do género”

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Arcebispa Antje Jackelén, Primaz da Igreja Luterana da Suécia (é casada com um padre aposentado com quem partilha duas filhas e vários netos; é bispa desde 2006; in Wikipedia).

A Igreja Luterana Sueca resolveu incentivar os seus pastores a evitarem palavras como “Ele” ou “Senhor” para se referirem a Deus. As suas cerimónias poderão agora ter início com a frase “Em nome de Deus e da Santíssima Trindade”, em vez da tradicional “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, de modo a tornar o culto religioso mais “inclusivo”. Esta é apenas uma entre várias outras sugestões de género neutro, ao dispor dos sacerdotes e sacerdotisas protestantes, que serão introduzidas no manual que orienta os serviços litúrgicos luteranos naquele país escandinavo.

A decisão da Igreja da Suécia reflete uma tendência internacional nas principais igrejas para a inclusão. No início deste mês, a Igreja Anglicana publicou diretrizes para ajudar as crianças a “explorar as possibilidades de quem elas poderiam ser”, incluindo sua identidade de género.

(in The Telegraph, 24/11/2017 – tradução livre)

É a ideologia de género levada ao extremo!

O radicalismo protestante da Igreja Luterana Sueca não é novidade. Entre outras heterodoxias, em 2009 aprovou em sínodo, por larga maioria, o casamento religioso entre homossexuais. Ordena de sacerdotisas desde 1960 e a partir de 1997 passou a ter também bispas.

E nós perguntamos: quem são os “luteranos mornos”?

Basto 12/2017

Católicos expulsos de igreja em Paris

Mais um grupo de fiéis foi forçado a sair de uma igreja católica. Desta vez foi em França, na Igreja de Nossa Senhora dos Mantos Brancos de Paris, no passado dia 31 de outubro. Os jovens interromperam um serviço dito ecuménico através da recitação de um rosário de reparação enquanto uma sacerdotisa protestante performizava ritos estranhos em frente ao altar principal.

Basto 11/2017

Vaticano emite selo comemorativo dos 500 anos da revolta protestante

Neste dia 31 de outubro, tão simbólico para as seitas protestantes, o departamento filatélico do Vaticano anunciou o lançamento de um selo postal comemorativo do 5º centenário da insurreição iniciada por Lutero.

selo.jpgNeste selo, Jesus Cristo aparece crucificado entre dois hereges junto à cidade de Wittenberg, na Alemanha.

De joelhos, à esquerda, Martinho Lutero com uma Bíblia, enquanto à direita está seu amigo Filippo Melantone – um dos maiores divulgadores da Reforma – tendo em mãos a Confissão de Augsburgo, o primeiro documento oficial dos princípios do protestantismo.

(in Radio Vaticano, 31/10/2017)

Basto 10/2017

Católicos expulsos de catedral em Bruxelas

No dia 28 de outubro último, a Catedral de São Miguel e Santa Gúdula, em Bruxelas (Bélgica), recebeu uma celebração “ecuménica” de comemoração da revolta protestante que há 500 anos dilacerou a Igreja. Um grupo de jovens católicos interrompeu a profanação da catedral recitando o rosário.

Foram arrastados para fora da igreja.

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Convém lembrar que, 500 anos depois da revolta lançada pelo herege Martinho Lutero, excomungado pelo Papa Leão X, as seitas protestantes mantêm as suas heresias, tendo até evoluído em divergência relativamente à doutrina e às práticas católicas. De facto, se existe hoje alguma aproximação entre a Igreja fundada por Cristo e as seitas inspiradas em Lutero, esse movimento verifica-se apenas do lado da Igreja Católica, uma vez que os protestantes continuam bastante fiéis às suas heresias e heterodoxias.

Basto 10/2017

Carta aberta ao Cardeal Müller sobre Martinho Lutero

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Carta Aberta ao Cardeal Müller sobre Martinho Lutero – PewSitter.com

7 de março de 2017

É indiscutível que nos últimos tempos a figura histórica de Martinho Lutero sofreu uma notável reabilitação. Anteriormente excomungado, Lutero tem sido agora recomendado aos fiéis como uma “testemunha do Evangelho”. A sua estátua foi fotografada no Vaticano, que também emitiu um selo comemorativo da Reforma, e o próprio Santo Padre elogiou o caminho pessoal de Martinho Lutero e a Reforma Protestante por ele iniciada

No entanto, a excomunhão de Lutero não foi levantada; ele continua considerado um herege formal e as suas opiniões teológicas estão em contradição com a verdade que a Igreja Católica defende. Lutero rejeitou a autoridade do Papado, o perdão dos pecados através da Confissão e a doutrina da transubstanciação, entre muitas outras coisas. Ele não recuou nessas opiniões, nem recuou a igreja por si fundada. Como é possível aos católicos receberem a Eucaristia em comunhão com os membros da Igreja de Lutero, quando Lutero repudiou a autoridade sacerdotal pela qual a Eucaristia é obtida?

Esta sondagem foi realizada no nosso portal, PewSitter.com. Fundado em 2006, PewSitter é um dos mais antigos e maiores portais agregadores de notícias católicas na Internet. Reunimos e analisamos semanalmente milhares de histórias provenientes de fontes católicas nacionais e internacionais, e publicamos centenas no nosso portal para manter os nossos leitores informados. O Santo Padre, como vimos na preparação para o próximo Sínodo de 2018, congratula-se com as perspetivas dos fiéis. Realizamos, portanto, uma consulta junto dos nossos leitores, perguntando se acreditam que é possível um herege excomungado ser um testemunho do Evangelho; recebemos quase 1000 respostas. Dos 949 questionados, 95% ou 910 não acreditam que seja possível. A nossa metodologia não permite que os indivíduos possam votar várias vezes e, portanto, os resultados podem ser considerados uma amostra justa. Os resultados seguem em anexo.

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PewSitter.com

Os resultados da nossa sondagem revelam claramente que uma grande percentagem de católicos estão confusos sobre a contradição entre a condição de Lutero como um herege excomungado e a sua reabilitação simultânea como uma “Testemunha de Esperança”. Dada esta situação, parece prudente, senão mesmo necessário, que uma explicação seja fornecida pela Santa Sé sobre como essas duas posições contraditórias podem coexistir em simultâneo. Além disso, é nosso entendimento que os pronunciamentos do Concílio de Trento são infalíveis no que diz respeito a estas questões relativas a Lutero. Neste sentido, a posição da Igreja não pode ser rescindida ou revertida.

As posições contraditórias da Igreja sobre Lutero – tememos – estão a afetar a sua autoridade moral: escandalizam os fiéis católicos e confundem outras pessoas de boa vontade. A claridade é necessária nesta questão. Solicitamos respeitosamente que a Congregação para a Doutrina da Fé forneça uma explicação que resolva esta aparente contradição.

Teremos o prazer de publicar a vossa resposta, na esperança de que ela promova a educação dos nossos leitores – e a sua compreensão nesta questão.

Saudações,

James Todd

Fundador do Pewsitter.com

A edição original deste texto foi publicada pelo PewSitter.com a 7 de março de 2017. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do texto acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 3/2017

Novas bíblias luterano-católicas

Católicos e luteranos da Alemanha comemoram os 500 anos da Reforma Protestante com o lançamento de novas traduções conjuntas da Sagrada Escritura.

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Premier, 10/02/2017

O trabalho de revisão de ambas as bíblias, católica e luterana, foi desenvolvido por um grupo de 200 pessoas pertencentes às duas Igrejas e foi apresentado numa cerimónia celebrada na catedral de Estugarda.

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Conta Twitter da página oficial do 5º Centenário da Reforma Protestante na Alemanha

 

Eu gosto muito dos bons luteranos, dos luteranos que seguem verdadeiramente a fé de Jesus Cristo. No entanto, não gosto dos católicos mornos e dos luteranos mornos.

(Papa Francisco a 13 de outubro de 2016)

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Santo Padre recebe solenemente as “95 Teses de Lutero” a 13 de 0utubro de 2016 – documento que marcou o início da revolta protestante culminando na excomunhão do heresiarca Martinho Lutero

 

Em 2017, os cristãos luteranos e católicos vão comemorar juntos o 500º aniversário do início da Reforma.

(in Introdução do “Do Conflito à Comunhão” – documento oficial da celebração dos 500 anos publicado na página do Vaticano)

Basto 2/2017

Vaticano: católicos reconhecem agora Martinho Lutero como uma “testemunha do evangelho”

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Papa Francisco junto a uma estátua de Marinho Lutero – LifeSiteNews

Por John-Henry Westen

ROMA, 5 de janeiro, 2017 (LifeSiteNews) – Um documento recentemente publicado da coautoria do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos promove a próxima Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, de 18 a 25 de janeiro, sob o tema “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos compele”. Incentivando as comemorações em todas as dioceses do mundo, o Pontifício Conselho observa que o tema tem origem no 500º aniversário da Reforma Protestante. Em 2017, diz: “os cristãos luteranos e católicos, pela primeira vez, vão comemorar juntos o início da Reforma”. O texto afirma ainda que “os católicos são agora capazes de ouvir o desafio de Lutero para a Igreja de hoje, reconhecendo-o como uma testemunha do evangelho“.

O anúncio segue-se à controversa viagem do Papa Francisco a Lund, na Suécia, onde se associou ao lançamento do 500º aniversário da mais devastadora separação de toda a história do cristianismo. A Igreja Luterana da Suécia, à qual o Papa Francisco se juntou para essa celebração, aceita a contraceção, o aborto, a homossexualidade e o clero feminino, os quais são estrita e imutavelmente proibidos na Igreja Católica.

Ainda assim, o Vaticano incentiva a celebração conjunta da Reforma, focando-se no elemento comum de “Jesus Cristo e na sua obra de reconciliação como o centro da fé cristã”.

O tema da semana da unidade dos cristãos leva observadores do Vaticano a questionar se o Papa poderá anunciar que, em certos casos limitados, a intercomunhão para os protestantes venha a ser possível. O Papa já sugeriu isso anteriormente, em conversa informal, numa paróquia luterana em Roma, em novembro de 2015, onde uma mulher luterana lhe perguntou se poderia receber a comunhão juntamente com o seu marido católico e ele lhe disse para “seguir em frente” guiada pela consciência individual.

Essa suspeita ganhou força no mês passado, quando o cardeal Walter Kasper, um dos assessores mais próximos do Papa, disse esperar que a “próxima declaração papal abra o caminho para a comunhão eucarística compartilhada em casos especiais”.

A intercomunhão eucarística é o principal desejo dos líderes luteranos e católicos ligados à participação papal na comemoração luterana. O professor sueco Clemens Cavallin, num ensaio sobre “a Suécia e o legado de 500 anos de reforma“, observa que, a respeito da visita papal, a página da internet da Igreja Sueca declara explicitamente: “O que mais desejamos é que a celebração comum da Eucaristia seja oficialmente possível. Isto é especialmente importante para as famílias onde os membros pertencem a denominações diferentes.”

A gravidade dessa mudança, caso seja implementada, foi explicada pelo Mons. Nicola Bux, antigo consultor do Vaticano na Congregação para a Doutrina da Fé. Se a Igreja mudasse as suas regras a respeito da comunhão eucarística compartilhada, “iria contra a Revelação e o Magistério”, levando os cristãos a “cometerem blasfémias e sacrilégios”, disse Bux a Edward Pentin, do National Catholic Register.

No que diz respeito à Eucaristia, os luteranos têm uma fé fundamentalmente diferente dos católicos, que acreditam que, durante a consagração na missa, o pão torna-se no corpo e no sangue de Jesus Cristo, ainda que mantenha aspeto de pão. Os luteranos acreditam numa presença efémera – em que Cristo está presente no pão durante o serviço religioso e, fora deste, volta a ser apenas pão normal.

Na opinião do ex-sacerdote anglicano, agora católico, Pe. Dwight Longenecker, a abordagem do Papa Francisco à uma comemoração conjunta da Reforma é parcialmente baseada numa compreensão “ingénua” do diálogo teológico entre luteranos e católicos. O Pe. Longenecker considera esta declaração do Papa Francisco sobre Martinho Lutero problemática: “Hoje, luteranos e católicos, protestantes e todos, estamos de acordo sobre a doutrina da justificação. Sobre este ponto tão importante ele não errou.”

O Papa Francisco obtém o seu entusiasmo para este acordo numa Declaração Conjunta entre Católicos e Luteranos sobre a Doutrina da Justificação. No entanto, o Pe. Longenecker relembra que o Vaticano emitiu um detalhado documento de esclarecimento oficial em que o Papa Bento XVI (quando era ainda o Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé) mostrou que não havia um consenso entre católicos e luteranos acerca do entendimento da doutrina sobre a justificação. “O nível de concordância é alto, mas ainda não nos permite afirmar que todas as diferenças que separam os católicos e os luteranos na doutrina sobre a justificação são simplesmente uma questão de ênfase ou linguagem”, estabelece o documento. “Algumas dessas diferenças dizem respeito a aspetos de substância e, portanto, não são mutuamente compatíveis”.

A edição original deste texto foi publicada pelo LifeSiteNews a 5 de janeiro de 2017. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do artigo acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 1/2017

A festa sueca dos católicos e luteranos

“Haverá uma celebração comum na catedral de Lund para comemorar o aniversário dos 500 anos da Reforma de 1517. São a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica quem convida para o evento, e o Papa Francisco será um dos presentes.”

[…]

Por que razão a Reforma é hoje importante?

“Começou a 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero publicou as suas 95 teses que criticaram a Igreja e a teologia do seu tempo, ele queria renovação. Isso causou divisão, mas também mudanças na sociedade que ainda hoje podemos ver. Teve um impacto na Europa e no mundo.”

(Arcebispa Antje Jackelén, 25/01/201, na antevisão das comemorações luterano-católicas da revolta protestante; in Svenska kyrkan/youtube – tradução livre)

E assim aconteceu a tal “celebração comum”, um momento memorável onde participaram, para além do Papa, vários sacerdotes e sacerdotisas, bispos e bispas e muita gente alegre.

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A festa de aniversário da revolta protestante iniciada há 500 anos pelo herege Martinho Lutero é celebrada em grande, passando por diversos locais de animação.

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Celebração conjunta da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial em 31/10/2016

 

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Celebração conjunta da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial em 31/10/2016

 

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Celebração conjunta da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial em 31/10/2016

 

As imagens da chegada do Papa Francisco ao estádio de futebol do Malmö, na Suécia, são impressionantes. Elas comprovam, mais uma vez, os elevados níveis de popularidade papal perante setores tradicionalmente hostis à Igreja Católica, como é caso dos luteranos que ainda hoje continuam a dar vida à revolta iniciada há 500 anos. A conclusão é óbvia: a mensagem do Papa agrada.

 

Ao fim de 500 anos, Martinho Lutero passa repentinamente de vilão a herói na história do cristianismo. Um herege excomungado pelo Papa Leão X é agora como que informalmente “beatificado” pelo Papa Francisco I. Exatamente o mesmo herege que se rebelou contra a Igreja, queimou santos e promoveu heresias que ainda hoje perduram. Precisamente aquele monge agostiniano rebelde que quebrou os seus votos para se casar com uma freira e liderar a revolta protestante…

Estamos realmente a viver um momento inédito e interessante na história do cristianismo.

Basto 11/2016

“São” Martinho Lutero aparece no Vaticano

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Por Christopher A. Ferrara

A Irmã Lúcia de Fátima não estava a ser melodramática quando falou de “desorientação diabólica” na Igreja, à luz do Terceiro Segredo. Se essa frase não descreve os quase quatro anos do atual pontificado até agora, então as palavras perderam o seu significado.

Na sua totalidade, o mundo católico sabe agora que no dia 13 de outubro de 2016, no aniversário do Milagre do Sol em Fátima, o Papa Francisco ignorou Nossa Senhora e, em alternativa, comemorou Martinho Lutero perante uma audiência de luteranos numa “peregrinação ecuménica” na Sala de Audiências Paulo VI.

O grupo luterano, oriundo da Alemanha, era liderado por falsos clérigos luteranos, incluindo uma mulher de luterana em vestes clericais que parecia pensar que era uma bispa. Francisco parece pensar assim também, ao cumprimenta-la calorosamente com os outros falsos bispos luteranos, a quem ele se referiu explicitamente como bispos. Durante o evento, uma estátua do arco-herege partilhou o palco com Francisco – acrescentando mais um escândalo sem precedentes aos anais da tumultuada época pós-conciliar.

A audiência com luteranos fazia parte da preparação para a espantosa viagem de Francisco à Suécia, de 30 a 31 de outubro, onde irá “comemorar” a “Reforma” que destruiu a unidade da cristandade. Francisco vai participar num “serviço de oração” ecuménico com alguns dos falsos clérigos luteranos que aparentemente presidem a “Igrejas Luteranas” dentro da Federação Luterana Mundial. Estes órgãos, como é claro, são as organizações meramente humanas que devem a sua origem a um maníaco inimigo da Igreja e do papado que violou os seus votos sacerdotais, casou-se com uma freira, era um bêbado insolente, e foi excomungado depois de despejar uma corrente de erros infalivelmente anatematizados pelo Concílio de Trento.

É inconcebível que um Pontífice Romano pudesse, de algum modo, honrar a memória e o “legado” ruinoso daquele que foi o maior herege na história da Igreja Católica. Pior ainda, no entanto, é a aparente indiferença de Francisco perante a condição espiritual dos luteranos, que se encontram sem sacerdócio válido e, portanto, sem o sacramento da confissão ou a Sagrada Eucaristia.

A esse respeito, a audiência de 13 de outubro, sobre a qual escrevi extensivamente noutro sítio, é notável por esta declaração de Francisco à sua audiência luterana, referindo-se à correta abordagem perante as pessoas que não professam qualquer religião:

O que devemos dizer para convencê-los? Ouçam! A última coisa que devemos fazer é dizer: Você deve viver como um cristão – escolhido, perdoado e crescendo em virtude [in cammino, fig.]. Não é correto [lecito] convencer alguém com a sua fé. Proselitismo é o grande veneno contra o caminho do ecumenismo [aplausos].

A denúncia do “proselitismo” que, no claro entendimento de Francisco, significa qualquer tentativa de persuadir os outros com as verdades do cristianismo, significaria, na prática, o abandono da atividade missionária da Igreja em favor de um vago “testemunho” sob a forma de boas obras. Se os Apóstolos, bem como os grandes santos e corajosos missionários que os seguiram geração após geração, tivessem adotado a visão de Francisco sobre a missão da Igreja, a Igreja nunca teria convertido o mundo e talvez tivesse morrido em Jerusalém.

Pois, como ensina São Paulo: “Portanto, a fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo (Rm 10:17).” Neste sentido, no seu Juramento contra o Modernismo – abandonado após o Concílio Vaticano II – o Papa São Pio X exigia a todos os clérigos católicos e teólogos que afirmassem que a fé é o verdadeiro assentimento do intelecto a uma verdade recebida de fora ex auditum [pela pregação], pelo qual, confiantes na sua autoridade supremamente verdadeira, nós cremos em tudo aquilo que, pessoalmente, Deus, criador e senhor nosso, disse, atestou e revelou.

É portanto um absurdo exigir aos católicos que se abstenham de qualquer esforço para convencer os outros na Fé. Mas deixando de lado esse disparate, como podemos compreender a noção de que os luteranos sentados diante de Francisco na sala de audiências, privados dos sacramentos da Confissão e da Santa Comunhão, são todavia “escolhidos, perdoados e crescendo em virtude”? Como podem eles ser escolhidos, perdoados e crescendo em virtude sobrenatural sem os sacramentos que Cristo instituiu para a salvação das almas? E se eles podem ser, então que utilidade terão os sacramentos para alguém? Eles seriam simplesmente supérfluos.

Como o Concílio de Trento declarou infalivelmente:

CÂNONE IV – Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não são necessários para a salvação, mas supérfluos; e que sem eles ou sem o desejo deles, só pela fé os homens alcançam de Deus a graça da justificação — ainda que nem todos [os sacramentos] sejam necessários para cada um — seja anátema.

Mas parece que, para Francisco, os sacramentos são supérfluos e que os luteranos estão corretos na sua crença herética “uma vez salvo, salvo para sempre” – apenas pela fé. Ou então Francisco pensa que os luteranos, de alguma forma, possuem os sacramentos da Confissão e da Sagrada Comunhão sem um sacerdócio válido para os ministrar.

Em qualquer dos casos, temos um Papa que parece pensar que a adesão à Santa Igreja Católica não é verdadeiramente importante para a salvação das almas e que os luteranos são salvos em “igrejas” que toleram, não só o divórcio, a contraceção e o aborto em casos “complicados”, mas também a “ordenação” de mulheres e o “casamento” de homossexuais.

O que se pode dizer de um Papa que homenageia Lutero em vez de Nossa Senhora precisamente no aniversário do Milagre do Sol, e que diz a uma audiência de luteranos que eles podem ser “escolhidos” e “perdoados” sem a ajuda da mesma Igreja da qual Lutero foi assumidamente um inimigo? Podemos dizer que testemunhamos agora aquela crise que Nossa Senhora profetizou no Terceiro Segredo de Fátima, aquela preciosa mensagem-advertência ao mundo, a qual foi por Ela autenticada, de forma inquestionável, através do Milagre do Sol. Agora é o tempo que Ela previu.

A edição original deste texto foi publicada pelo Fatima Center a 19 de outubro de 2016. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Nota da edição: o conteúdo do artigo acima é da inteira responsabilidade do seu autor, salvo algum eventual erro de tradução. Sempre que possível, deve ser lido na sua edição original.

Basto 10/2016

Unidos aos luteranos, fora da Verdade

Quem são os grandes reformadores da Igreja?

“Eu creio que os grandes reformadores da Igreja são os santos, os que escutam a palavra de Deus e a põem em obra.”

(Papa Francisco 13/10/2016 in Rome Reports)

Quem são então os santos? Martinho Lutero, o herege excomungado pelo Papa Leão X, responsável por uma rebelião de 500 anos que afastou nações inteiras da Fé verdadeira, não pode ser um santo.

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Altar improvisado na Sala Paulo VI, em Roma, para a estátua vermelha do herege Martinho Lutero

 

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Igreja Católica recebe com agrado as “95 Teses” pelas quais, cinco séculos antes, excomungara Lutero

 

O que gosta mais e o que não gosta nos luteranos?

Gosto muito dos bons luteranos, os luteranos que seguem verdadeiramente a fé de Jesus Cristo. Mas não gosto dos católicos mornos e dos luteranos mornos. Esses não me agradam.

Também quero fazer-vos uma pergunta. Quem são melhores, os luteranos ou os católicos? É melhor quando estão juntos.”

(Papa Francisco 13/10/2016 in Rome Reports)

Quando “estão juntos” onde? Se a Fé Católica é a única verdadeira e constatamos que não houve conversão daqueles que dela estão afastados, então o tal “encontro” só pode acontecer fora da Verdade.

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A Verdade não muda: se perdermos o dogma, perdemos a nossa alma.

(Pe. Nicholas Gruner in Cruzader Nº 74)

A porta é estreia, mas temos de mantê-la aberta.

Basto 10/2016

O bom Lutero, curador da Igreja

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Lutero no Inferno – Egbert van Heemskerck II, 1700-10

É difícil encontrar um verdadeiro católico que simpatiza com figuras infernais como o traidor Judas Iscariotes ou o herege Martinho Lutero. Simpatizar simultaneamente com ambos deve ser ainda mais raro e preocupante. Mas se esse católico for o nosso papa, isso só nos pode deixar completamente entorpecidos.

Creio que as intenções de Martinho Lutero não estivessem erradas: era um reformador, talvez alguns métodos não fossem certos, mas naquele tempo, se lermos a história do Pastor, por exemplo, – um alemão luterano que depois se converteu quando viu a realidade daquele tempo e se fez católico – vemos que a Igreja não era propriamente um modelo a imitar: havia corrupção na Igreja, havia mundanidade, havia apego ao dinheiro e ao poder. E por isso ele protestou. Depois era inteligente e fez um passo avante justificando o porquê fazia isso. E hoje luteranos e católicos, protestantes e todos, estamos de acordo sobre a doutrina da justificação: sobre este ponto tão importante ele não errou.

Ele proporcionou um remédio para a Igreja, depois este remédio se consolidou num estado de coisas, numa disciplina, num modo de acreditar, num modo de fazer, de modo litúrgico. Mas não era só ele: havia Zwingli, havia Calvino e quem estava atrás deles? Os princípios, “cuius regio eius religio”. Devemos nos inserir na história daquele tempo: é uma história difícil de entender. Não é fácil. Depois as coisas prosseguiram.

Hoje, o diálogo é muito bom e aquele documento sobre a justificação acredito que seja um dos documentos ecuménicos mais ricos, mais ricos e mais profundos, não? É de acordo. Existem divisões, mas dependem também das Igrejas. Em Buenos Aires, havia duas igrejas luteranas: uma pensava de um modo e a outra de outro modo, mesmo na própria Igreja luterana não há unidade. Respeitam-se, amam-se…

A diversidade é aquilo que talvez nos tenha feito tanto mal a todos e hoje buscamos retomar o caminho para nos encontrar depois de 500 anos. Eu acredito que devemos rezar juntos: rezar! Por isso a oração é importante. Segundo: trabalhar pelos pobres, pelos perseguidos, por tantas pessoas que sofrem, pelos refugiados. Trabalhar juntos e rezar juntos. E que os teólogos estudem juntos, buscando… Mas este é um caminho longo, longuíssimo.

Uma vez, disse brincando: “Eu sei quando será o dia da plena unidade” – “Qual?” – “Um dia depois da vinda do Filho do Homem! Porque não se sabe… O Espírito Santo fará esta graça. Mas enquanto isso rezar, nos amar e trabalhar juntos, sobretudo pelos pobres, pelas pessoas que sofrem, pela paz e tantas outras coisas, não? Contra a exploração das pessoas… Tantas coisas pelas quais se está trabalhando conjuntamente. 

(Papa Francisco, in Radio Vaticana, 27/06/2016)

Basto 06/2016

Guardar

Guardar

Guardar

Festejar 500 de revolta

Enquanto os católicos já acionaram o relógio da contagem decrescente para a celebração do aniversário dos 100 anos da primeira aparição da Mãe de Deus em Fátima, que veio pedir a conversão dos pecadores, um pouco por todo o mundo, as várias igrejas protestantes contam os dias que faltam para a celebração dos 500 anos do início da conversão da Igreja Católica às ideias revolucionárias de Martinho Lutero. Foi em 1517 que este clérigo herético e insubmisso iniciou a Reforma Protestante, acabando excomungado, pelo Papa Leão X, quatro anos mais tarde. A Reforma Protestante tornou-se num processo de destruição contínuo da Igreja Católica que se estendeu, por cinco séculos, até aos dias de hoje.

Quem terá mais razões para festejar em 2017?

  • Os que esperaram pela conversão dos pecadores pedida em Fátima em 1917?
  • Ou antes aqueles que lutaram, desde 1517, pela conversão da Igreja Católica ao ideal protestante?

A apenas alguns meses de ambas as celebrações, a resposta ainda parece bastante difícil, tão difícil que nem o próprio Papa Francisco sabe bem para onde se virar… Talvez confundido, o Papa acabou por anunciar a sua intenção paradoxal de participar na festa daqueles que celebram o fim da autoridade papal e a rejeição da única Fé verdadeira. Talvez  os protestantes aproveitem a solenidade do momento festivo para se converterem ao Catolicismo, mas para isso será necessário que o Santo Padre lhes diga que necessitam de conversão. Duas hipóteses nas quais pouca gente teria coragem de apostar…

O triunfo do vermelho

Bem no centro da cidade alemã de Winttenberg, onde o feroz ataque protestante à Igreja Católica começou, já foi implantado um triunfal monumento comemorativo para assinalar o 5º centenário da revolta. Tem a forma de um globo onde o vermelho cobre a totalidade das terras emersas. Provavelmente um desígnio para o futuro que – como nós sabemos – será travado pela Mãe de Deus.

lutero monumento
Luther 2017

Muitas pessoas não entendem mas, na sua essência, o espírito que motivou a revolta em Winttenberg, em 1517, foi o mesmo que criou a Teologia da Libertação na América Latina nos tempos modernos e o que infetou a Igreja Católica após o Concílio Vaticano II. O mesmo que possuiu o “pobre Judas” quando viu Maria de Betânia ungir o Senhor (Jo 12, 1-11). Foi o mesmo que inspirou a Revolução Francesa nos finais do séc. XVIII e a disseminação dos ideais maçónicos pelo mundo, ou a Revolução Bolchevique em 1917 e a internacionalização dos ideais socialistas e materialistas.

O objetivo é sempre o mesmo, os valores humanistas em oposição ao sagrado, o relativismo em oposição à doutrina dogmática, a razão contra a Fé, a moral subjetiva contra a cristã, o modernismo contra a tradição, e por aí adiante…

O reino do anticristo contra o Reino de Deus!

Basto 5/2016

Celebrar a desgraça

Autor desconhecido, 1524, destruição de estátuas de santos em Zurique (Alemanha)
Autor desconhecido, 1524 – Destruição de imagens de santos durante os tumultos da reforma protestante em Zurique, Suíça

Atenção, isto não é uma brincadeira de mau gosto, nem resultou de uma frase infeliz proferida involuntariamente a bordo de um avião. Isto é a sério, é oficial, e já está a ser preparado há bastante tempo. A Igreja Católica resolveu associar-se institucionalmente às Celebrações dos 500 anos da Reforma Protestante. Uma iniciativa paradoxal que deve surpreender até as mentes mais abertas do mundo protestante.

Muito poderia ser dito sobre o absurdo que esta festa, em si, representa, sendo única em 500 anos. Por agora, fiquemos apenas com a resposta do Cardeal Gerhard Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que, relativamente a este assunto, afirmou recentemente o seguinte:

“Objetivamente falando, nós, os Católicos não temos razões para celebrar o 31 de outubro de 1517, a data que é considerada o início da reforma que levaria à rutura da Cristandade Ocidental.”

Este comentário surgiu a respeito da notícia que informa que o Papa Francisco visitará a Suécia para a comemoração dos 500 Anos da Reforma Protestante adiantada, entre outros, pelo próprio “L’Osservatore Romano”.

reforma protestante
Agência noticiosa do Vaticano                          Sítio oficial da Santa Sé na Internet

O ano das celebrações conjuntas – de protestantes e católicos – dos cinco séculos da Reforma Protestante, coincide curiosamente com o da celebração dos 100 anos das aparições de Fátima. Com efeito, apesar do clima de festa que já se vive na Cova da Iria, em boa análise, o Santo Padre ainda não confirmou a sua presença para a celebração do 1º Centenário das Aparições. No entanto, o Vaticano tem vindo a preparar, com tempo, uma ambiciosa agenda celebrativa do 5º Centenário da Reforma Protestante. Esperemos que, até lá, não se lembrem de beatificar Martinho Lutero ou João Calvino porque – aqui entre nós – já pareceu mais impossível.

A Santa Sé vai, no fundo, participar na celebração do grande aniversário da maior revolta interna da Igreja Ocidental, que afastou nações inteiras da verdadeira Igreja fundada por Cristo, as quais ainda hoje continuam afastadas. Pior, as seitas protestantes estão hoje mais rebeldes, heterodoxas e heréticas do que nunca. Nós, os católicos romanos, estamos então oficialmente convidados a comemorar. Mas o que há então para comemorar? A nossa memória coletiva não transporta coisas propriamente dignas de comemoração, tais como:

  • a contestação ao Magistério da Igreja, à sua doutrina;
  • a rebelião contra a Autoridade Papal, contra a supremacia de Roma;
  • a descrença nos Sacramentos;
  • a abolição do sacrifício da Eucaristia e a descrença na transubstanciação;
  • a eliminação dos sacrários das igrejas;
  • a perseguição aos católicos;
  • a destruição da ordem hierárquica estabelecida;
  • o combate feroz à moral católica;
  • o combate aos dogmas católicos;
  • a abertura à interpretação subjetiva dos textos sagrados.
  • a desvalorização da Virgem Maria e a sua expulsão das igrejas;
  • a destruição de magníficos dos altares que honravam a realeza do nosso Deus;
  • a destruição das estátuas dos santos e mártires cristãos que foram queimadas;
  • a abolição do celibato sacerdotal;
  • o aparecimento de sacerdotisas e bispas;
  • a desvalorização da divindade de Jesus Cristo;
  • a aceitação da homossexualidade como uma virtude moral;
  • a legalização religiosa do divórcio;
  • o desaparecimento de ordens religiosas;
  • a secularização do clero;
  • a banalização do Sagrado;
  • a introdução da cultura Pop e Rock nas celebrações religiosas;
  • a revolução constante das práticas e crenças religiosas;
  • o modernismo contra a Tradição;
  • a aceitação da maçonaria;
  • revolta, revolução;
  • etc;
  • etc;
  • etc…

Mais do que uma desolação, isto parece loucura… É como se, de repente, um soldado, que tinha sido amputado em combate, se lembrasse de festejar, com os seus inimigos, a data em que lhe cortaram a perna, o braço e as orelhas. Está tudo doido!

 

Basto 4/2016