Bispos portugueses disseram “não” ao Papa

Esta notícia do semanário Sol não é nova, já é do verão do ano passado, mas convém relembrá-la agora, dado que a Igreja ainda não apagou o incêndio que teima em queimar a família. Se tudo correr bem, o incêndio ficará extinto com a exortação apostólica do Papa Francisco, que deverá ser publicada a 8 de abril, com o título de Amoris Laetitia. Esperemos que, com este documento, o Santo Padre, com uma linguagem clara e objetiva, apague definitivamente a fogueira que ele próprio acendeu ao apontar a spotlight sobre o herético Cardeal Kasper.

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Notícia de capa do Semanário Sol de 31 de julho de 2015

Relativamente a Portugal, apesar de não ter sido uma questão fácil, o problema estava resolvido já no ano passado. O Cardeal Patriarca de Lisboa levou ao Sínodo da Família a posição da Igreja Portuguesa favorável à defesa do tradicional conceito de matrimónio cristão e da necessidade de proteção à família. Esperemos que a cúria romana não reacenda o incêndio.

O jornal refere que os representantes da Igreja portuguesa estavam divididos, o que de resto não surpreende quando nem mesmo Roma tem mostrado muita certeza. Uma grande parte dos bispos, maioritariamente da Região Centro, liderados curiosamente pelo bispo de Leiria-Fátima, pretendiam introduzir as heréticas inovações kasperianas na pastoral familiar. Um solução inviável pois, com muitos teólogos têm explicado, a pastoral da Igreja não pode ser contrária à sua doutrina, mas antes o reflexo da mesma.

Na hora de decidir qual o parecer que a Igreja portuguesa ia enviar para o Vaticano sobre este assunto, o bispo António Marto apresentou um documento que subscrevia a polémica visão do cardeal Walter Kasper sobre o acesso dos divorciados recasados à comunhão. Segundo esta proposta, os recasados poderiam voltar a comungar na missa após um percurso penitencial. Haveria uma análise caso a caso e uma decisão final que caberia ao bispo da diocese.

O bispo de Leiria-Fátima, que é também o vice-presidente da CEP,apresentou esta proposta detalhadamente, recebendo olhares de entusiasmo de uns e sinais de reprovação de outros. “Demorámos muito tempo com este assunto. Havia muitos a abanar a cabeça”, contou ao SOL um dos bispos presentes na reunião.

[…]

Para o cardeal [Patriarca, D. Manuel Clemente], e ao contrário do colega de Leiria-Fátima, não deve alterar-se a doutrina católica, que defende queo casamento é indissolúvel e que os divorciados que voltam a casar vivem uma situação de adultério, estando por isso impedidos de comungar a hóstia na missa. Manuel Clemente defendeu então um caminho alternativo: o da simplificação dos processos de nulidade do matrimónio. Um procedimento que já está previsto na Igreja e consiste na avaliação das condições em que foi realizado o casamento. Se ele for considerado inválido, os casais ficam livres para uma segunda união, podendo nesse caso comungar.

(in Sol, 31/07/2015)

Felizmente, a Verdade acabaria por prevalecer naquela reunião da Conferência Episcopal do verão passado. O Cardeal Patriarca, D. Manuel Clemente, esteve à altura do cargo que desempenha, defendendo a santidade e a indissolubilidade do Matrimónio.

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Recorte da versão impressa do jornal Sol de 31 de julho de 2015 (D. Manuel Clemente na foto)

Quando saiu, no ano passado, esta notícia trouxe à memória de muita gente aquela meia frase enigmática que já fez correr muita tinta e não deixa que o Segredo de Fátima seja definitivamente enterrado, como muitos desejam.

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Meia frase adicionada pela Ir. Lúcia, na sua 4ª Memória, de 1941, à já então conhecida mensagem de Fátima (início do 3º Segredo)

Existe ainda uma outra informação recente que deve ser considerada. Numa entrevista concedida a La voce di Padre Pio em março de 2015, o cardeal Carlo Caffarra explicou que um dia escrevera uma carta à Ir. Lúcia para lhe pedir orações. O Papa João Paulo II tinha-lhe confiado a importante tarefa de fundar o Instituto Pontifício para os Estudos sobre Matrimónio e Família. Lúcia respondeu-lhe e, nessa carta, fez algumas revelações muito esclarecedoras e interessantes que ajudam a interpretar o momento que vivemos atualmente.

O confronto final entre Deus e Satanás será sobre a família e a vida.”

“Não tenha medo, acrescentava, porque quem trabalha pela santidade do casamento e da família será sempre combatido e odiado de todas as formas, porque este é o ponto decisivo.”

“Advertia-se também, falando com João Paulo II, que este era o ponto central, porque se tocava a coluna que sustenta a Criação, a verdade sobre a relação entre o homem e a mulher, e entre as gerações. Quando se toca a coluna central, todo o edifício cai, e é isso que estamos a ver agora, neste momento, e já sabemos.”

(Revelações da Ir. Lúcia ao Cardeal Caffarra in Aleteia, 18/06/2015)

Fazendo um triangulação destes três dados, nomeadamente, a recente posição do clero português, a meia frase enigmática de Fátima e a carta do Cardeal Caffarra, podemos deduzir parte do que poderá estar encerrado dentro do famoso “etc”. Mas há-de haver, com certeza, muito mais. Esperemos que o Santo Padre se tenha deixado também inspirar por estes três detalhes antes de redigir a importante exortação apostólica.

Basto 4/2016

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